A afirmação é oficial da Microsoft. A Xbox série X não terá exclusivos num período que pode mediar até dois anos. A aposta na Microsoft para esse período são jogos Cross-Gen.
Numa entrevista dada por Matt Booty, chefe dos estúdios Microsoft, a nova consola da Microsoft, a Xbox séria X não terá jogos de nova geração exclusivos para o seu hardware no seu lançamento. Mais ainda, a consola não deverá receber qualquer jogo de nova geração exclusivo para o seu hardware no seu primeiro e até segundo ano de vida.
Eis as frases de Matt:
Durante o próximo ano, dois anos, todos os nossos jogos, ao estilo PC, serão jogáveis na nossa família de produtos. Queres garantir que quem investiu numa XBox no período que medeia entre agora e o lançamento da Série X, sente que fez um bom investimento, e que estamos comprometidos com eles a nível de conteúdo.
Acrescentou o seguinte, mais tarde, numa segunda entrevista:
Penso que queremos que as pessoas se sintam confortáveis a investir numa XBox. E isso quer dizer que compres agora uma Xbox One S ou na próxima primavera uma Scarlett, te vais sentir confortável de qualquer maneira. E que a livraria de conteúdo em que investes vai-se manter no futuro, pelo que não tens que sentir que estás a fazer uma escolha de gerações, certo? Penso que isso é importante para nós.
O que implica isto?
Bem, que a consola não terá nenhum jogo que explore a 100% o seu hardware, sendo um verdadeiro jogo de nova geração, e isto quer dizer que os jogos correrão tal e qual correm no PC, com diversos níveis de resolução, detalhe e efeitos, de acordo com as capacidades do hardware.
Isto tem três consequências!
A primeira é que a nova consola da Microsoft vai apenas ser uma Xbox One melhorada. Um modelo acima da série X (uma XX). Que vai correr os mesmos jogos, apenas com gráficos mais bonitos ou com mais resolução. Mas mesmo assim uma consola que corre jogos criados de raiz a pensados para 1.31 Tflops e um processador Jaguar completamente ultrapassado.
Isto é uma limitação à evolução tremenda. Continuaremos com os mesmos jogos scriptados, com os mesmos modelos de física e IA de sempre. Basicamente aquela evolução que o CPU pode trazer não existirá… porque não há forma de um jogo evoluído, com um mundo mais imersivo, mais inteligente, mais dinâmico, mais realista, se adaptar a um CPU completamente ultrapassado.
A segunda é que se a X já consegue levar os jogos da Xbox One a 4K, o que se pode esperar da Série X que não seja um aumento para 8K ou mais fps, ou grafismo melhorado?
A questão é:
- 8K não é algo de interesse. Não há TVs, é um desperdício de performance,!
- Uma oferta de níveis de qualidade gráfica e diferentes fps é algo típico do PC que nivela o seu jogo por baixo, melhorando o oferecido nesses campos para as máquinas superiores. Mas é algo que não existe nas consolas! O conceito de consola é oferecer o mesmo a todos os possuidores da mesma. Podemos variar a resolução, afinal temos Tvs com diferentes capacidades, mas o jogo em si deveria ser exactamente o mesmo. Mesmos fps, mesmos gráficos! Isso é o que define uma consola! Alterar isto é colocar um PC dentro de uma caixa de consolas, e fugir à definição de consola que tem como objectivo o mesmo jogo e a mesma qualidade de jogo para todos.
Finalmente a terceira é que isto não resolve o problema à Microsoft. Apenas o adia! A passagem para a nova geração vai acontecer! Vai acontecer com jogos de Thirds, e vai acontecer com jogos First Party. Ser agora, ou ser daqui a dois anos é apenas um adiar da situação! Numa altura onde o mercado, esperando uma geração nova, já se ressentiu nas vendas, este anuncio nesta fase não soa a lógico. As pessoas sabem que a mudança é inevitável, e que uma aposta nas consolas base não lhes garante todo o suporte (
A defesa da Microsoft é que isto não é uma coisa má… é uma coisa boa… E até há quem diga que quem se queixa disto é quem nunca compraria uma consola Xbox e não! Mas John Linneman da Digital Foundry (Eurogamer discorda).
I’m not fully onboard with this myself. The extremely underpowered CPUs in last-gen consoles can have ramifications on design. More importantly, games that did appear on 360 and XO required separate teams with their own budgets. Titanfall 360 was a huge undertaking, for instance
— John Linneman (@dark1x) January 12, 2020
John Linneman basicamente apresenta os mesmos argumentos que estamos aqui a referir. Ter jogos limitados por um CPU extremamente fraco implica decisões de design que são limitativas, e que impedem a entrada na nova geração.
E chama ainda a atenção que este tipo de coisa nunca acontece antes. No passado os jogos Cross Gen eram basicamente duas versões do jogo, cada uma optimizada para a sua versão da consola, e mesmo assim as versões da consola inferior eram sempre pouco atraentes. E refere TitanFall como um exemplo!
Aqui nem isso teremos. Teremos o mesmo jogo a correr em todas as consolas! E isso quer dizer que as limitações da consola de baixo… vão passar para todas as de cima!
Eis um exemplo do que a nova geração pode apresentar, e que os exclusivos Xbox ao terem como base a Xbox One não irão apresentar:
Ignorando tudo isto, há o argumento que a Microsoft e outros criadores desenvolvem jogos para o PC e para vários níveis de hardware, pelo que tal não deverá ser um problema. Ao que John Linneman responde:
No PC is using an AMD Jaguar – we’ve tried. It’s unusable. That’s the real heart of the issue for me. Requirements shouldn’t stagnate on the PC either. For me, targeting an original Xbox One just isn’t interesting at this point.
— John Linneman (@dark1x) January 12, 2020
O seu argumento é convincente. A realidade é que mesmo isso sendo verdade, algo que acrescentamos, não deveria existir nas consolas, os jogos PC não apontam como requisitos mínimos nenhum processador ao nível de um Jaguar. John Linneman refere mesmo que o Jaguar nesta fase é um CPU completamente inútil, e que ter como limitação de desenvolvimento o ter de se correr o jogo numa XBox One, nesta fase não é algo minimamente interessante.
O pior neste sentido é que a Sony não vai optar pela mesma política. A sua PS5 vai ter jogos exclusivos. Será um salto para a frente! Um corte com o passado! Tal não implica que a PS4 deixará de ter jogos, mas terá os jogos que a sua capacidade permite. Eventualmente terá o suporte cross gen vindo de alguns criadores de software terceiros. Mas os jogos internos darão o salto!
Termos jogos de corridas com 60 carros em pista, com fisica de motor, aderencia, danos, travões, etc, de nova geração, será algo que se destacará. Ter um mundo onde os animais andam em manadas, em vez de apenas 2 ou 3, onde se movem livremente no mundo geridos por uma IA, em vez de terem percursos pré definidos e repetitivos, ter acções e reacções de NPCs que variam de acordo com as nossas acções, em vez de cenas scriptadas e liberdades limitadas, serão situações que vão definir o salto geracional do CPU das novas consolas com design de níveis, design de mundos, IA, física, interacção, coordenação, liberdade, realismo, velocidade de viagem pelo streaming do disco, animações, etc, tudo num patamar superior, será o que vai definir a nova geração!
GTA V – Todos os níveis gráficos…
mas o mesmo jogo que saiu na geração Xbox 360/PS3
e preso às capacidades dessa geração.
Não podemos olhar para um salto destes de uma forma tão limitativa, onde só vemos mais efeitos gráficos, mas uma estagnação na evolução dos motores, da física, da IA, e outros. A atual geração nesse aspecto já foi um passo atrás ao não apresentar verdadeiros ganhos a nível de CPU face à geração anterior, e estar agora a reter a geração mais uma vez, é um erro.
Cross-gen games were always developed as separate releases often from different teams and they were almost always horrible. Even still, it wasn’t the case that all first party games were cross-gen either! That’s what’s new here.
— John Linneman (@dark1x) January 12, 2020
Como John Linneman refere, até agora sempre tivemos duas equipas diferentes a tratar de jogos Cross Gen, com ambas a optimizar o jogo para as respectivas consolas. E os resultados eram horríveis. Mesmo assim, isso acontecia pontualmente e não com todos os jogos First Party, como vai acontecer aqui.
Torna-se por isso questionável se vale a pena alguem investir nesta fase numa série X quando o que vai jogar são os mesmos jogos que vão estar disponíveis na S e na X, apenas com mais floreados gráficos. E esta decisão´, caso não seja alterada, parece ser um valente tiro no pé da Microsoft.
Pessoalmente não estou interessado em comprar uma XBox One XX, que é o que terei. Estou interessado em ver todo o potencial de uma série X… e aplicado em jogos de nova geração que nem sequer podem ser executados na geração anterior! E perante esta afirmação oficial da Microsoft da ausência desses jogos por dois anos, uma coisa eu sei… que não me vale a pena ir a correr comprar uma consola nova. Continuarei a jogar os jogos Xbox no meu PC que actualmente tão bem me corre todos os jogos Xbox a 4K 60 fps, e que até tem a capacidade de ir mais longe. Daqui a 2 anos… quando os verdadeiros jogos de nova geração entrarem… logo veremos!
A realidade é só uma, e confirmado pela Microsoft: Para jogos verdadeiramente de próxima geração já em 2020, a única oferta é a PS5! E isso sem negligenciar possíveis títulos Cross-Gen de suporte à PS4. Mas a Série X, essa vai perder dois anos da sua vida, com um suporte da Microsoft onde se vai limitar a correr meros jogos de Xbox One com melhor grafismo! Será penoso e mostra apenas que a Microsoft com o seu conceito de fim de gerações, está a limitar a sua nova consola, roubando-lhe a possibilidade de mostrar todo o seu potencial pelo menos durante dois anos!