Após a PS4 Pro… eis a Scorpio. Nova geração ou não, é mais uma consola para o mercado, e este artigo tenta dar uma ideia do que ela poderá conter, e do preço que poderá custar.
Os últimos meses foram prodigos em consolas. Foi a Xbox One S em Agosto, a PS4 Slim e a PS4 Pro em Outubro e Novembro, a Switch será agora em Março, e já temos a Scorpio à porta para este ano. O mercado está seriamente a mostrar uma tendência muito elevada para a apresentação de novo hardware!
Mas no entanto, aqui as grandes novidades são a PS4 Pro e a Scorpio, as novas iterações das consolas mais representativas do mercado, e destinadas, acima de tudo ao mercado 4K, um mercado ainda em crescimento e uma aposta para ele que nesta fase ainda é pouco compreensível, mas que não deixam de ser uma realidade.
Mas colocando todas essas situações e considerações de parte, o assunto aqui vai ser a Scorpio. E o que poderemos esperar dela a nível de tecnologia e preço!
Ora os rumores apontam que a Scorpio usará as últimas tecnologias da AMD. Aliás já a PRO o fez ao fazer uso de situações da Polaris e mesmo algumas mais avançadas, e isto pouco depois da Polaris ser lançada. Uma situação que na realidade não quer dizer nada pois a PS4 vinha munida de muita tecnologia GCN 2.0 que na altura do seu lançamento ainda nem estava no mercado.
Estas situações mostram que há aqui uma grande liberdade de escolha dentro das tecnologias da AMD, podendo a escolha alcançar mesmo situações ainda por lançar, desde que se escolha pagar o seu custo.
Ora a Microsoft tem sido clara numa situação, a Xbox Scorpio terá 6 Tflops de performance. Um número que poderá oscilar ligeiramente, quer para cima, quer para baixo, mas que certamente terá menos possibilidades de ir para baixo do que para cima. É que se não veríamos qualquer reacção do mercado ao saber que a consola possui, por exemplo, 6.3 Tflops, certamente este reagiria se o número fosse, por exemplo, 5.8 Tflops. Ambos próximos de 6, mas que esbarram em barreiras diferentes de aceitação perante o anuncio de um valor de 6 Tflops.
Este número de 5.8 Tflops não foi escolhido por acaso. É que ele é a performance oferecida pela RX 480, a placa AMD mais avançada actualmente no mercado!
Ora sabendo-se que a atual RX 480 utiliza um total de 36 CUs (conjuntos de 64 shader processors), a uma velocidade de 1266 MHz, e isto implica uma potência de cálculo entre o GPU e o GPGPU de 5,8 Gflops.
1266*36*64*2=5 833 728
Ora com o alvo de 6 Tflops em mente, e desconhecendo-se que a arquitectura Polaris possa passar os 36 CUs, a Scorpio a usar esta tecnologia teria de apresentar velocidades de relógio mais elevadas, o que se revela pouco provável. As consolas são por norma bastante conservativas nas performances, e assim tal seria um contra senso muito grande.
Isto parece apontar para uma outra realidade. Ou a AMD possui uma variante da Polaris mais potente (o que parece duvidoso) ou a Scorpio virá equipada com uma placa já com a tecnologia Vega e já capaz de atingir um máximo de 64 CUs.
Desta forma, e caso o GPU usasse esses 64 CUs, o GPU da Scorpio precisaria apenas de 733 Mhz para atingir os 6 Tflops! A 800 Mhz, um valor igualmente possível, a consola atingiria os 6.5 Tflops, um valor que, apesar de perfeitamente possível nos parece pouco provável, até porque se assim fosse, a Microsoft publicitaria em alta voz essa realidade.
Parece-nos no entanto, até a nível de custos, que a melhor solução passaria por uma Vega com 52 CUs a 950 Mhz, capaz de atingir os 6.3 Tflops, sendo que essa seria a nossa aposta caso tivéssemos de a fazer.
Este GPU poderia descer a velocidade e trabalhar apenas com 12 CUs, emulando assim a Xbox One nos jogos existentes, sem qualquer necessidade de patch ou máquina virtual.
Mas e o CPU? Será que a consola mantêm o Jaguar com um aumento de relógio como a PS4 Pro?
A mudança de processador é mais problemática do que a do GPU. Os “timmings” internos de processamento do CPU mudam caso haja aumentos de velocidade ou de arquitectura, e estando eles ligados ao processamento mais crítico do jogo, tal cria problemas que só podem ser resolvidos com patches.
Ora caso o CPU seja Jaguar, uma descida das velocidades de relógio permite executar os jogos Xbox One sem problemas. Mas caso haja uma mudança para outro CPU, a Microsoft terá aqui problemas que requerem, no mínimo, uma solução software a correr na consola para emular os “timmings” do Jaguar.
Na realidade, apesar das queixas existentes quanto ao supostamente fraco Jaguar das consolas, o que vemos é que no mercado a variação entre um Jaguar e um atual topo de gama é de apenas 5x mais performance. Já nos GPUs esses valores atingem as 15x, o que mostra que o atual CPU é um elemento que, desde que devidamente programado e aproveitado, não necessita de ser trocado, apenas melhorado para aguentar as subidas de resolução.
Mas no entanto a Microsoft pode ter outros planos, e estar a pensar num CPU mais potente. Se a ideia for apenas a melhoria da experiência Xbox, não há necessidade de uma mudança de CPU, mas dado que a Microsoft pode ter outras aplicações exclusivas pensadas para a Scorpio, a melhoria do CPU poderá revelar-se uma necessidade.
Curiosamente, no CES, o stand da AMD possuia referências à Scorpio, dando a entender que havia pelo menos a possibilidade, de o CPU usado poder vir a ser um dos novos Ryzen, os novos CPUs AMD desenhados para competir com a Intel ao melhorar o IPC interno (até 40%) uma vez que os PCs, apesar de grandes melhorias, ainda não optimizam verdadeiramente bem para o multi núcleo (pelo menos não ao nível das consolas).
O único problema desta solução é o custo… A Microsoft anunciou já de forma oficial na apresentação na E3 da Scorpio que a consola usará um CPU de 8 núcleos, e um processador Ryzen com 8 núcleos, sendo tecnologia de ponta, não seria certamente barato. Aliás as tabelas da AMD referem que os seus Ryzen de 8 núcleos serão os competidores directos dos Intel 6950, processadores cujo custo é anda perto dos 2000 euros, e que de acordo com esta tabela que publicamos serão vendidos a 500 euros! Preços já de si muito bons face aos concorrenciais, pelo que não acreditamos que possam vir a ser mais baixos.
Torna-se por isso muito difícil conceber que a Scorpio possa usar CPUs Ryzen (anteriormente conhecidos como Zen), nem mesmo versões “light” do mesmo, apesar que eventualmente a Microsoft poderá tentar meter alguma da sua tecnologia num processador Jaguar, criando um híbrido de baixo custo e elevada performance.
Perante estas situações torna-se dificil apontar um preço para a Scorpio. Há ainda muitos parâmetros não definidos que só a Microsoft conhecerá. Mas a Scorpio sempre foi anunciada como uma consola Premium, pelo que o preço será certamente superior ao da Xbox One, e perante o seu hardware, será maior que o da PS4 Pro. Quanto mais dependerá de muita coisa, incluindo aquilo que a Microsoft acredita que serão as diferenças face à PS4 Pro.
Note-se que a maior parte das pessoas continuam com TVs 1080p, pelo que para essas a Scorpio poderá limitar-se a passar jogos de 900p para 1080p e a melhorar algumas melhorias aqui e ali, tal como a PS4 pro faz. Aliás um dos motivos pelos quais a PS4 Pro não está a vender por aí além é mesmo esse!
Daí que se a real diferença entre a Scorpio e a Pro for apenas os “4K reais”, poderá não haver muito interesse por parte dos compradores em despender ,muito mais dinheiro para uma Scorpio. E aqui, por muitas voltas que demos não estamos a conseguir ver a consola a ser lançada abaixo dos 500 euros, numa altura onde a PS4 Pro deverá estar perto dos 350 ou menos.
Naturalmente o preço dos componentes será fundamental. O Vega será o topo de gama da AMD para 2017, sendo que a AMD irá com esta arquitetura apresentar GPUs que a baixo preço se vão bater de frente com a Titan X. E como tal , mesmo a Vega 10 não será exactamente barata. A solução poderá ser um Vega 11, a solução mais económica do Vega, mas esse GPU está ainda atrasado e é pouco provável que venha a ser o usado. Mas no entanto, não nos surpreenderíamos muito se ele viesse a ser usado. Afinal consolas com hardware e características ainda por anunciar foi o que tivemos em 2013.