Seja vindo da Sony ou da Microsoft, o que foi conhecido como sendo uma realidade que se pretende apresentar na Xbox One é um atentado aos direitos dos consumidores.
Antes de se começar este artigo convêm referir que a presente revolta contra a Microsoft poderá revelar-se idêntica face à Sony caso esta opte por situações semelhantes na sua consola. Mas o facto é que actualmente somente a Microsoft referiu oficialmente como funcionará a sua consola, e o que foi dado a conhecer torna-se revoltante ao ponto de, apesar de ser um coleccionador de consolas, ter decidido que nesta fase a Xbox One não será uma consola que irei adquirir.
O que está aqui em causa passa já o “a minha consola é melhor que a tua”, ou guerras de hardware. Falamos de opções e atitudes que são lesivas do direito dos consumidores e que pretendem alterar-lhes a realidade que sempre que sempre conheceram. E tudo isso não porque haja vantagens na situação, mas apenas porque a Microsoft pretende criar um DRM que a proteja da pirataria, mesmo que tal signifique cortar direitos aos utilizadores.
Actualmente, e de acordo com as declaraçõses oficiais da MIcrosoft, optar por uma consola Xbox One é aceitar:
- O direito dos criadores de matarem a posse dos jogos por parte de quem os adquire! – Efectivamente os jogos deixam de ser nossos e apenas adquirimos o direito de os jogar. Talvez tal seja uma forma camuflada de a empresa não vir a ter problemas no dia que matar os servidores que a consola requer para funcionar e se verificar online a um mínimo de cada 24 horas, tornando assim a consola e os jogos para a mesma inúteis.
- O defender e aceitar que as empresas possuem o direito de decidir como e quando é que nos jogamos os nossos jogos! – A Consola é nossa, os jogos são nossos e devemos ter o direito de os jogar quando queremos e onde queremos, e não apenas quando há internet ou quando se cumprem determinados requisitos como o facto de a consola onde se vai correr o jogo ser nossa ou não!
- O defender o direito dos criadores de ditar os preços dos usados! O preço de um usado deverá ser livre. O mercado e a procura, e aqui conta o mercado local, deverá ser o factor decisivo no preço dos usados, sendo que os criadores não deverão ter o direito de ditar o preço do usado ou de receber uma comissão. Se isto não é uma realidade em nada na vida porque motivo o havia de ser nos jogos?
- Defender o direito de a cada geração termos produtos mais restritivos e proibitivos dos nossos direitos e liberdades! Porque motivo haveremos de ser nós consumidores a pagar pela ganância dos criadores e pela incompetência na protecção das consolas? Porque motivo teremos de abdicar de realidades que sempre conhecemos quando no fundo a situação nada de bom nos aporta?
- Aceitar a necessidade de produtos sempre online quando na realidade ligações pontuais são suficientes! Por muito que se refiram possíveis vantagens de um sistema sempre online a situação deveria ser opcional e nunca limitativa do uso da consola. Um utilizador não pode aceder à consola, não acede. Ou será que um militar no Iraque não tem direito a jogar? Ou aceita-se que alguém numa casa de campo tenha de adquirir um pacote de internet móvel para jogar consola nas férias? Pior ainda quando as verificações são de hora a hora quando a consola usada para jogar o jogo não é pertença do titular do jogo. Isto é tratar os clientes como possíveis burlões e colocar um vigia constantemente em cima deles. E mais ainda colocar a possibilidade de as pessoas jogarem ou não numa série de factores como qualidade do serviços, problemas do ISP, problemas do router, problemas de rede, etc.
- Aceitar que só posso vender jogos a amigos desde que ele esteja na minha lista de amigos à mais de 30 dias. Este é um caso do mais ridículo que há. Para a Microsoft amigo só é amigo se a amizade durar à mais de 30 dias. Sinceramente sem comentários. Esta é uma restrição ridícula que quase parece gozar com as pessoas.
- Aceitar que apenas 10 pessoas podem aceder ao meu conteúdo, independentemente da consola onde o mesmo é acedido! Mais uma situação ridícula onde a Microsoft é que decido quantos amigos no máximo é que posso ter e que podem aceder ao jogo que paguei.
Sinceramente em vários anos de informática nunca pensei em analisar um hardware por esta perspectiva, mas efectivamente o que aqui está em causa são direitos dos consumidores que a Microsoft quer anular. Cabe agora aos utilizadores aceitar ou não esta situação, mas dado que o que aqui está referido é confirmado oficialmente pela Microsoft cada um terá de pensar bem no que está a fazer.