Como diz o ditado: “Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele”. E neste caso a Microsoft está bem disfarçada de lobo, motivo pelo qual poucas dúvidas restam que a intenção da empresa com a Xbox One é a de espiar os utilizadores.
Correndo o risco de repetir o mesmo pela enésima vez, a apresentação da Xbox One levantou sérias questões relativas à privacidade dos seus utilizadores ao apresentar um sistema sempre ligado e sempre online que é capaz de filmar e escutar a tempo inteiro, bem como reconhecer sob quaisquer condições de luz as pessoas que se encontram à sua frente, analisar o seu número, e mesmo captar as suas emoções e ritmo cardíaco.
Quer isto dizer que a Xbox One é a ferramenta ideal para o início de um Big Brother Global. Uma peça que sob o pretexto de uma máquina de videojogos e diversão estaria colocada em todas as casas escutando e analisando tudo o que se passa e diz no seu interior.
Isto claro é a teoria da conspiração. A máquina é efectivamente capaz de tudo isto, mas esse é um cenário negro e que teria uma única consequência: O deitar das consolas ao lixo e o fim da Microsoft como empresa. Acredita-se assim nas palavras da Microsoft de que a consola apenas manterá o microfone activo escutando pela frase “Xbox On”.
Não haja dúvidas então que uma espionagem ao estilo Big Brother não foi nunca a intenção da Microsoft, e isto apesar de a ferramenta em causa possuir essa potencialidade que poderá sempre ser explorado sob a forma de hack por terceiros mal intencionados ou mesmo forças da lei.
No entanto a realidade é que a Microsoft criou o sistema com a intenção de recolher dados dos utilizadores e ganhar dinheiro com esse facto. E disso não haja dúvidas.
Voltando ao ditado “Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele”, e o facto é que a Microsoft tem a pele completamente vestida, e a comprova-lo estão duas patentes que a empresa registou e possui.
A primeira patente passa pela análise constante do número de pessoas numa sala. E de acordo com a mesma um sistema com as capacidades da actual Xbox One poderá verificar quantas pessoas estão presentes para visualizar um determinado conteúdo, e cobrar de acordo com o volume de assistência. Ainda segundo a patente o sistema poderia mesmo parar uma reprodução no caso de alguém mais entrar na sala, forçando a pagamentos adicionais caso se pretendesse retomar a visualização com a outra pessoa presente no local.
Quer isso dizer que reuniões de amigos para ver um filme sem pagamentos adicionais passariam a ser uma memória do passado.
Esta situação implicaria forçosamente uma violação da privacidade das nossas salas. E apesar da Microsoft não associar a patente à Xbox One, há que questionar então porque motivo a patente existe? Não será que uma situação destas é uma violação de privacidade seja com a Xbox One ou com a Xbox Two? Estamos a falar de análises com fins comerciais ao que se passa na privacidade do nosso lar!
Se a Microsoft patenteou a situação é apenas porque a pretende usar. E o simples facto de algo deste estilo, e que se passa exclusivamente no interior das nossas casas, poder ser controlado, é inaceitável, seja aplicado pela Xbox One ou não. E com a Xbox One a possuir o hardware para tal a Microsoft sendo detentora desta patente veste claramente a pele de lobo face à opinião pública. Quer queira, quer não!.
Mas pior do que esta patente é uma outra mais recente e denominada de “Awards and Achievements Across TV Ecosystem‘”, e que pretende premiar o utilizador mediante acções específicas como a visualização de publicidades. Tudo isto com pontuações virtuais ou prémios como cupões de desconto. No fundo uma espécie de controlo onde à base de prémios a Microsoft tentará levar as pessoas a assistir os programas onde os patrocinadores mais pagam, tudo isto disfarçado sob a forma de uma consola e de um tipo de jogo com Achievements.
E naturalmente este não será o tipo de situações que a maior parte das pessoas consciente do facto deseje ter em casa, até porque só se poderiam considerar verdadeiramente seguros na sua privacidade com a ficha da consola bem desligada da corrente.
A questão é que nada disto pode vir a ser implementado, mas não haja dúvidas as patentes estão aqui para provar a intenção. A Microsoft pretende espiar os seus clientes e ganhar dinheiro à custa disso. E se tal não é verdade, então porque vestiram a pele de lobo ao patentear as situações e ao criar o hardware para implementar o sistema?
Ninguem duvide. A Microsoft planeia espiar. Se o fará ou não é outra história, mas toda a Xbox One foi criada com esse objectivo em mente. Diga-se aliás que o passado da Microsoft não abona nada a seu favor, e ainda recentemente a empresa foi acusada de escutar ilegalmente diversas conversas no Skype, sendo que testes confirmam que as ligações Skype são efectivamente passiveis de serem interceptadas e escutadas.
Toda esta situação se deve a uma patente introduzida e aprovada em 2011, denominada de Legal Intercept, e que permite à Microsoft secretamente interceptar, monitorizar e gravar chamadas Skype. A verdade é que por muita privacidade que a Microsoft alegue, esta patente está a ser usada na china para censurar e controlar o Skype, tudo isso com autorização da Microsoft.
Estamos então, claramente, perante uma empresa que no que toca à privacidade pode dizer o que quiser. Mas se não quer ser lobo, não lhe vista a pele, e nós temos o direito de querer o lobo bem longe.