Aderir às redes sociais é uma coisa. Mas quando as mesmas começam a destruir completamente a nossa privacidade, há que repensar o seu uso.
Sinceramente é bastante provável que a PCManias deixe de vir a estar presente no Google+, pelo menos da forma que está actualmente, ou seja, por intermédio da minha conta. E o motivo é que estou seriamente a pensar cancelar a minha conta do Google Plus devido a me ter apercebido que as políticas da Google acabam totalmente com a minha privacidade.
Tudo começou quando vídeos publicados no Youtube começaram imediatamente e automaticamente a serem anunciados e comentados no Google+. Apesar de se tratarem de dois serviços Google, eu nunca coloquei qualquer vídeo no Google+, mas sim no YouTube, pelo que fique admirado quando várias pessoas amigas se queixaram do assunto. Eu pessoalmente ainda não me queixei dessa situação.
Mas apercebi-me da quebra da minha privacidade tal quando recentemente um amigo adquiriu um Nexus 5 e me acrescentou à sua lista de contactos. Imediatamente o telefone forneceu-lhe a minha foto de perfil no Google+.
Ora sinceramente não me agrada saber que agora pelo simples facto de fornecer um e-mail de contacto a alguém, essa pessoa passe a ter acesso a uma foto minha. A decisão dessa cedência deveria ser minha e exclusivamente minha e não da Google. Foi algo que me chocou e sinceramente, não gostei. Tenho um telemóvel com câmara e possibilidade de foto nos contactos e não é meu hábito andar a tirar fotos às pessoas para anexar à lista. Acho que as fotos são algo privado e que só devem ser cedidas mediante vontade expressa do próprio. Mas claro, nos termos de serviço de 500 páginas do Google+ está lá a alínea que permite à Google fazer o que quiser e lhes apetecer com as nossas fotos.
Diga-se aliás que existem já artigos na internet a alertar que a partir da próxima semana a Google poderá usar as nossas fotos do Google+ para publicidade. Isso quer dizer que nos arriscamos a ver o nosso nome e uma foto nossa na Tv ou numa revista ou mesmo usadas em aplicações ou publicidades online ou em jogos, à rede Plus, seja de forma benéfica ou depreciativa, e não só não podemos fazer nada contra isso, como nem sequer podemos pedir qualquer tipo de indemnização ou pagamento. Afinal aceitamos implicitamente esse uso ao mantermos-nos na rede após as alterações às regras de serviço aplicadas em Novembro e que, claro, ninguém leu.
No entanto, o certo é que, seguindo a legislação de muitos países, a Google precisa da nossa autorização para tal, e nesse sentido protegeu-se activando essa autorização por defeito. Ou seja se te queres proteger contra esse uso abusivo tens de dizer que não autorizas e não o contrário. É uma subversão completa da legislação no sentido que, ao contrário da lei geral que todos somos obrigados a conhecer, ninguém é obrigado a saber se as regras de um programazeco qualquer subvertem as regras ou não.
Assim se te queres proteger contra este tipo de abuso terás de entrar na tua conta do Google+ e nas definições desactivar a autorização.
Curiosamente esta opção que se sabe já estar activa, não aparece ainda em todos os países, mas como a PCManias possui leitores um pouco por todo o mundo, a situação pode variar. Mas mais ainda, como o ecrã que aparece, quando editamos a opção, deixa claro, a Google baseia-se na nossa actividade para nos escolher. Ora isto não só mostra que a Google analisa tudo o que é feito e publicado na rede, como poderá indicar que existência desta opção não é dependente das zonas, mas sim das actividades individuais de cada um dentro da rede, havendo assim perfis mais desejáveis do que outros.
Já agora, se pretendem parar com a linkagem do Youtube ao Google Plus, eis como o fazer:
Na conta de youtube necessitam de ir às definições, o que conseguem carregando sobre o vosso nome no canto superior direito.
E irão obter isto:
Uma vez escolhida a opção indicada na imagem (Definições do Youtube, em Português). Agora em Overview (Descrição Geral), deverão encontrar o seguinte texto:
Em Português a indicação é ” Voltar a usar o nome VOSSONOME e anular a associação ao perfil do Google+”.
A demonstrar o abuso a que estas redes chegam, as mesmas costumam enviar convites automáticos a pessoas com grandes associações junto dos circulos de amigos. E isso foi o que aconteceu a Thomas Gagnon de Massachusetts quando o Google+ enviou de forma automatizada um convite para o seu perfil à sua mulher.
O que o Google+ não sabia é que a sua mulher era agora ex-mulher e que Thomas estava proibido de a contactar por ordem do tribunal. Daí que quando a mulher recebeu o convite, telefonou à polícia.
O resultado? Uma noite na prisão e 500 dólares de multa. E tudo por culpa de um convite automatizado. Essa notícia pode ser lida aqui.
Mas para mim aquilo que encheu o meu copo e o está prestes a transbordar foi o tomar consciência que qualquer pessoa que me adicione no Google+ passa automaticamente a poder enviar-me e-mails. Mesmo que este nunca lhes tenha sido fornecido!
Efectivamente há uma função no Google+, e que mais uma vez fica activa por defeito, obrigando quem quiser a altera-la, e que permite a qualquer um que nos adicione num circulo, o envio de e-mails. E o mais engraçado é que se quem está a ser abusado pode não saber que isso está a acontecer, o abusador rapidamente toma consciência da possibilidade de envio, uma vez que basta começar a escrever um nome no destinatário de um e-mail para ele se aperceber que na sua lista de opções estão todas as pessoas pertencentes aos círculos do Google+.
Assim, mais uma vez, a Google obriga a que todas as pessoas tenham de ir manualmente alterar este parâmetro.
Ele pode ser encontrado no Gmail, mas definições da conta e possui o aspecto da imagem de baixo:
Naturalmente a opção recomendada é a ultima… Ninguem! Apenas dessa forma poderão garantir que as pessoas que vos mandam e-mails são (à partida) aquelas a quem forneceram o e-mail.
O certo é que com tudo isto estou a ficar saturado de uma rede que apenas mantenho devido à PCManias. Mas quem sabe não me saturo de vez e a mando dar uma volta?