O futuro dos videojogos está neste momento demasiadamente incerto, com muitas questões por responder. Mas uma coisa é certa, o Streaming e as subscrições associadas a ele irão trazer grandes alterações ao mercado, e o modelo clássico vai sofrer. E se há consola que pode sofrer com ele, mais do que qualquer outra, é a Switch, da Nintendo.
Os serviços de streaming estão à porta. E com eles a promessa de centenas de jogos, muitas vezes a custo baixo e, no caso da Xcloud com a oferta de jogos exclusivos disponibilizados no seu dia de lançamento.
Nesse sentido, o serviço da Microsoft é o que mais dúvidas coloca sobre a sua sustentabilidade, mas igualmente aquele que mais atenções chama. Ignorando todas as restantes questões, o factual é que ele é dos mais acessíveis e o único que oferece títulos recentes no dia de lançamento.
A promessa da Microsoft é também atractiva, pois apesar de tal ainda não ter sido visionado em todos os jogos disponíveis nas apresentações do serviço, a empresa refere que o resultado final será, para todos os casos, praticamente indistinguível do jogo local.
Como foi possível ver-mos na apresentação do serviço na E3, o primeiro mercado que a Microsoft pretende alcançar é o dos dispositivos móveis. Basicamente, com um controlador associado a um smartphone ou um tablet, o que teremos é uma consola portátil a correr jogos com uma qualidade bem acima daquilo que a maior parte do hardware suportado alguma vez poderia suportar executado localmente.
É esta situação que nos faz perceber que há um cenário bastante possível onde, uma consola, dentro das existentes, poderá sofrer mais do que as outras:
A Nintendo Switch.
Apesar de a consola ter um grande trunfo, que é o software exclusivo Nintendo, e de certamente, por esse factor, continuar a vender, a realidade é que a vantagem que essa consola traz, a da portabilidade, rapidamente desaparece, o que lhe poderá tirar público alvo, e consequentemente, vendas.
E o certo é que a portabilidade é um grande argumento de vendas. Trata-se de uma consola que executa os seus jogos na dock ligada á TV, mas que mantêm o jogo em modo portátil, reduzindo a qualidade. É um modelo único no mercado!
Mas com o streaming, essa virtude desaparece. E a qualidade oferecida aos aparelhos móveis que usem o serviço, para além de ser superior ao que a Switch alguma vez poderia oferecer, mantêm-se no modo portátil.
Um exemplo é o The Witcher 3… É um jogo que, um dia que fosse suportado em streaming, poderia ir aos 4K 60fps. Mas mesmo que inicialmente a limitação aos 1080p 30fps exista, tal bate claramente a qualidade cortada da consola a 720p, e muito mais a qualidade ainda mais cortada dos 540p em modo portátil.
As versões destes jogos na Switch ficariam subitamente com um aspecto pouco desejável, e não venderiam.
Que fique bem claro que estamos longe de uma situação onde a Nintendo ficaria em maus lençóis. A Switch tem muitos argumentos de venda e um suporte de exclusivos Nintendo. Mas é inegável que os serviços streaming podem afectar o fornecimento de jogos a correr localmente na consola, ou mesmo as vendas da consola.
Isto é uma realidade que se aplica a qualquer consola, mas com uma PS5 e uma Xbox Next a correrem localmente jogos de futura geração até 4K 60 fps, essas consolas estão em muito melhor posição para se manterem activas do que a Switch que foi lançada à apenas 2 anos.
Agora, quem deseja uma Nintendo Switch pela portabilidade terá de o fazer exclusivamente pelos seus exclusivos. Porque com o velhinho tablet lá de casa a subitamente permitir jogos com maior qualidade, num ecrã maior, e sem qualquer despesa na compra de uma consola, o streaming torna-se uma solução muito interessante,
E a Switch terá essa concorrência, mais do que qualquer outra consola. Porque mesmo suportando o serviço, as vendas físicas de jogos multiplataforma de thirds cairão por serem melhores por streaming. E nem todos sentirão a necessidade de adquirir a consola ao ganharem uma portátil potente em hardware que se calhar estava obsoleto e encostado lá por casa.
Note-se contudo, por muito lógico que tudo soe, este é apenas um cenário possível, e não uma realidade.