Este é um artigo que surge devido ao interesse no mesmo demonstrado pelos leitores.
Não hajam dúvidas que a Steam Deck é um produto que está a levantar muito burburinho. Mas sejamos honestos, isso acontece por um único motivo, o facto de o seu formato ser aproximado ao de uma consola portátil.
Porque de resto, as suas especificações, se anunciadas num Portátil, seriam algo que passaria ao lado de toda a gente.
A consola conta com um APU AMD, que inclui um CPU Zen 2 com 4 núcleos e capaz de processar simultaneamente 8 Threads, com uma velocidade de relógio variável entre 2.4 Ghz e 3.5 Ghz, e capaz de 448 GFlops em virgula flutuante 32 bits.
O seu GPU possui 8 unidades de computação (CU), correndo entre 1 a 1.6 Ghz, e capaz de gerar até 1.6 Tflops a 32 bits.
A nível de Ram a consola conta com 16 GB de RAM LPDDR5 integrada num BUS de 4 canais capaz de gerar até 88 GB/s de largura de banda.
Conta ainda com a possibilidade de ter ou um cartão eMMC de 64 GB ou um SSD de 256 ou 512 GB.
O APU consome entre 4 a 15W.
Basicamente há duas perspetivas de encarar estas especificações.
Na perspetiva de PC, que é o que a Steam Deck é, estas especificações são claramente de um PC entrada de gama. Um PC para o qual nem vale realmente a pena olhar duas vezes.
Mas comparativamente a uma consola, género a uma PS4, a Steam Deck até se revela interessante, apesar de ter ainda severas limitações face a ela. Vamos comparar.
O seu CPU é 4 vezes mais potente que o de uma PS4, apesar de a PS4 contar com dois processadores Jaguar dual core.
O seu GPU é inferior, mas no entanto a PS4 trabalha a 1080p, e a Steam Deack é destinada a trabalhar a 720p.
A RAM é o dobro, mas a largura de banda é menos de metade da da PS4.
O disco SSD, apesar de mais rápido que o HDD da PS4, traz a sua real vantagem nos menores consumos energéticos.
Basicamente há aqui compromissos, mas convém sempre ter em conta que as comparações com uma PS4 são irrelevantes pois este jogo não vai correr jogos PS4, mas sim jogos PC, e nesse sentido, o seu hardware é bastante fraco, sendo que o que o salva é a resolução a que a Steam Deck se propõem trabalhar.
E se é certo que 720p é adequado ao ecrã de 7 polegadas da consola, a realidade é que a consola, tal como a Switch, pode nem sequer atingir essas resoluções. Mas já abordaremos isso!
A consola pesa 680 gramas, o que não é exatamente algo leve, mas diga-se que o seu design em forma de Micro-consola está muito bem conseguido, a qualidade de construção é sólida, e tudo funciona muito bem. Pena o ecrã ser LCD e não ser particularmente brilhante.
Os joysticks analógicos funcionam muito bem… mas infelizmente se um avariar, não há como o substituir de forma simplificada. Os gatilhos traseiros estão muito bem colocados!
Um dos grandes problemas da consola é que esta aquece… e a refrigeração cria um ruido extremamente alto… 49 decibéis! Ora numa consola onde o GPU está quase sempre nos 99-100% de utilização e o CPU entre os 70 e os 80%, a temperatura facilmente atinge os 70 graus, o que implica que a refrigeração e o seu ruido sejam uma quase constante.
A consola vem com o Steam OS, uma versão do Linux, o que implica emulação para correr jogos Windows. A alternativa é a instalação nativa do Windows, mas isso implica a perda de garantia.
O seu ponto forte é que depois, apesar de o nível de detalhe ter de ir para o mínimo, a consola consegue correr uma enorme panóplia de grandes jogos, de uma forma portátil e no formato de consola. E este é o ponto que a tem tornado um sucesso!
Mas convém perceber-se que para isto acontecer há sacrifícios. O nível de detalhe corta para o mínimo, os fps não são exatamente folgados, e em alguns casos até são baixos. O Fortnite, com o motor Unreal Engine 5, requer FSR em modo performance a re-escalar de quase 640×240 para 1280×768 para conseguir os 30 fps. E apesar de os resultados finais parecerem aceitáveis, mostram o quão esganado este produto está com os jogos atuais e mais leves, e pouco preparada para os jogos que estão para sair em breve.
Mesmo o SSD não é uma mais valia por aí além. O Deathloop demora 2m e meio a carregar!
E depois temos a livraria. Apesar de muitos jogos correrem bem, particularmente jogos antigos e jogos que permitem ajustes para cortar os níveis de detalhe, há muitos problemas com os restantes. Aliás a consola tem previsto indicar os jogos com problemas ao mostrar no ícone do jogo um ponto e afirmação amarelo a indicar que há problemas conhecidos.
Mas fora isso, desde que adaptados a nível de detalhe há muitos jogos que correm bem. O GOD OF WAR por exemplo corre a 50 fps com detalhe mínimo a 720p, Dark Sould, Sekiro e Elden Ring também correm de forma aceitável, apesar que não será anormal uma ou outra cena onde os FPS caem drasticamente.
No fundo este é um produto que a nível gráfico fica bem atrás de uma GTX 1650 da Nvidia, que se entendo como o mínimo atualmente aceitável. E isto com a 1650 a ser testada a 1080p e a Steam Deck a 720p. Em exemplos:
3D Mark Time Spy
Steam Deck 720p
1715 pontos
GTX 1650 1080p
3764 pontos
3D Mark Fire Strike
Steam Deck 720p
4322 pontos
GTX 1650 1080p
8798 pontos
3D Mark Night Raid
Steam Deck 720p
15347 pontos
GTX 1650 1080p
26004 pontos
Total War Three Kingdoms
Steam Deck 720p
25 fps
GTX 1650 1080p
39 fps
Metro Exodus
Steam Deck 720p
14 fps
GTX 1650 1080p
27 fps
Total War Three Kingdoms
Steam Deck 720p
25 fps
GTX 1650 1080p
39 fps
Diga-se no entanto que face a uma Intel Iris XE, a Steam Deck porta-se melhor!
Mas diga-se que em jogos mais antigos, a Steam Deck até se porta bem. E há algumas surpresas com jogos mais recentes. O Borderlands 3 corre a 40-50 fps com o nível de detalhe em medio, e o Elden Ring 3 corre a 45 fps sem mexer no detalhe standard.
Mas o alcance das variações de fps é grande. E isso convém ter-se em conta!
A bateria anuncia uma duração de 2 horas, mas testes com o GOD OF WAR mostram que a mesma se aguenta apenas 90 minutos. Mas claro, isto depende do jogo!
Conclusões
Acima de tudo, quem pensa numa Steam Deck deve ter em conta que ela não é uma consola, e não tem software dedicado e otimizado. É isso sim, um PC, pelo que terá de descer detalhe e adaptar-se.
O longevidade do produto não será grande, pois a complexidade dos jogos irá dar um salto nos próximos tempos, com o abandono do suporte à PS4/Xbox One, e o que existe atualmente corre em média de forma apenas mediana.
Nesse sentido, apesar de a Steam Deck se mostrar um produto interessante pela portabilidade de facilidade de uso, há que se ter em conta tudo isto.
Pessoalmente, apesar de perceber o interesse em ter a portabilidade de inúmeros jogos, e de reconhecer valias a este produto, pelos seus inconvenientes e acima de tudo por uma longevidade que não se consegue garantir, este não é um produto que possa recomendar.
Isso aí é uma verdadeira bomba! É jogar dinheiro no lixo apenas pela portabilidade.
[Opinião] Minha visão é de que é um produto para entusiastas e pra quem curte e tem vontade de ter um “PC” de bolso pra jogos, estando disposto a abrir mão de performance e visuais (aceita jogar de qualquer jeito pra ter portabilidade).
O lado realmente positivo, se o dispositivo ganhar uma popularidade razoável, ou grande, é o de quebrar o monopólio do Windows no PC pra jogos, e isso é muito positivo, levando mais desenvolvedoras a lançar versões nativas GNU/Linux sem layers intermediárias de abstração, mostrando todo o potencial de um SO que é basicamente desprezado pela indústria.
No mais, penso ser melhor usar jogos nativos de android ou até emuladores em smartphones se for pra matar um pouco de tempo com uma experiência em jogos, a menos que o SteamDeck seja o que a pessoa realmente quer.
Hoje, eu não compraria mais um portátil pra jogo, pois além de emuladores, os Smartphones tem a possibilidade do Gamepass e outros serviços de Streamig que eventualmente surjam e mesmo a Biblioteca Steam é possível acessar pagando o serviço da Nvidia (mesmo que não integralmente). Penso mais valer comprar um desses adaptadores JoyPads para Smartphone. O PS Vita pra mim foi uma decepção, apesar de ter alguns poucos bons jogos, não me deu o retorno mínimo esperado.
Desde o lançamento me questionou porque não comprar um notebook. Não vai gastar muito mais e terá um produto melhor em tudo.
Acredito que tenha seu publico, mas não meu caso, prefiro o conforto e graficos dos consoles/PC, se fosse para gastar em um portatil pegaria o switch pelos exclusivos da nintendo.
Eu me surpreendi com o sucesso que esse portátil fez…
As especificações são boas para o tamanho e comparando com o Switch é outro mundo, mas isso é um PC com linux rodando jogos Windows em uma camada de abstração que certamente rouba potência do hardware. O Proton não é milagroso já que não é possível mapear perfeitamente DX12 para Vulkan, e nenhum trabalho tem sido feito para criar jogos específicos pro Steam OS. O sistema também não vai ter suporte para o Direct Storage, que vai se tornar o padrão para jogos no PC a medida que a geração avance.
É uma pena por que o hardware é muito bom para o portátil que é. A comparação de desempenho com uma GPU que em uso normal no PC, é pelo menos 2x mais poderosa, tem mais largura de banda e maior orçamento de energia, mostra que o hardware é muito competente.
A comparação com o PS4 não vale a pena, o Steam Deck é RDNA2, tem até 50% mais IPC que a arquitetura GCN no PS4. Cada unidade computacional na GCN demora quatro ciclos para executar uma instrução, na RDNA 2 isso é feito em dois ciclos para wave64, igual o que a GCN suporta, e em um ciclo para wave32, que a GCN não suporta.
Realmente a Steam Deck não parece ter nem vai muita longevidade nos jogos AAA. Aguenta-se certamente muito mais tempo com jogos Indie e 3Party e esses também tem publico.
No entanto o preço da consola é bem em conta… por exemplo a quem gaste bem mais que isso só a trocar placas grafias anualmente. São opções…
Exacto… Mas fazer uma review e não concluir, dizendo que são opções é basicamente limitar-me a dar os specs.
Uma review tem de analisar e ser conclusiva, e não se pode dizer às pessoas que comprem uma coisa que não aparenta longevidade e que a nível de especificações é completamente obsoleta e que as pessoas apenas olham para ela porque tem… Formato de consola.
Isso seria o mesmo que dizer que um chocolate que ninguem tocaria é super interessante porque é vendido com uma caixa bonita.
E especialmente porque não é uma consola. É um PC normal que ainda por cima corre jogos usando uma layer de compatibilidade.