Sony… o que andas a fazer? Uma reflexão sobre a comunicação de Horizon Zero Dawn no PC.

Após a Sony ter anunciado que um exclusivo seu, e da sua consola Playstation irá sair no PC, é altura de reflectirmos um pouco no que isso pode significar.

Antes do mais, quero clarificar a minha situação. Não defendo e nem nunca defendi que os exclusivos de consolas vão para o PC. Isso seria dar argumentos ao PC que beneficia do melhor de três mundos (PC, Xbox e PS), tornando-o na plataforma de eleição.

E nesse sentido não irei alterar a minha postura. Caso a Sony decida avançar com mais lançamentos de jogos no PC, irei mostrar a minha revolta e indignação. E poderei mesmo ponderar o suporte à consola que a marca tem tido da minha parte desde o seu primeiro produto.

Não quero e nem aceito, que a Playstation entre pelo mesmo caminho da Microsoft. Não é isso que quero! Gosto do actual modelo, e pretendo mantê-lo, sendo que nesse sentido lutarei por ele com todas as minhas forças, para o manter. Caso tal não aconteça, abandonarei a consola, voltando ao PC! Daí que, por uma medida de precaução a mim mesmo, pondero inclusive a hipótese de adiar a compra da PS5 até perceber realmente a posição da Sony.

E a realidade é que neste momento entendo que a Sony deveria vir a público esclarecer exactamente o que pretende fazer daqui para a frente. E vir dizer que estão 100% comprometidos com a consola não chega. Afinal tambem ouvimos isso da Microsoft, e os seus exclusivos estão todos no PC.



Apesar de tudo, ainda espero que o lançamento de Horizon Zero Dawn seja um caso único, e um caso que realmente se enquadre naquilo que foi explicado. Uma medida tomada, tal e qual como referido na entrevista de Hermen Hulst, no sentido de promover os jogos Playstation junto dos gamers Hardcore de PC, e uma forma de se tentar expandir a plataforma, melhorando-a no futuro.

Mas se isso implicar cada vez mais e mais jogos da consola a passarem para o PC, esqueçam… A playstation até poderá crescer, mas não à custa dos fans mais ávidos, aqueles que acompanham a consola desde sempre. Porque esses, tal como eu, não aceitarão que os jogos passem para o PC.

Aceito que o futuro das consolas e dos jogos AAA enfrente agora ameaças que não existiam antes. Os serviços de subscrição são uma ameaça aos grandes jogos AAA, e o streaming uma ameaça às consolas. E aceito tambem que, em maior ou menor percentagem, esses serviços vão roubar clientes às consolas. Daí que uma medida de promoção da consola junto daqueles a quem mais interessa o modelo clássico actualmente em vigor, me soe a lógico. Mas tal terá de ser contido! Terá de ser uma excepção e uma excepção rarissima! Porque criar mais excepções cria um padrão, uma norma. E isso não pode acontecer! É uma alteração à Playstation que sempre conhecemos que eu, pessoalmente, e sei que a maior parte dos leitores da PCManias pensam igual, não aceitarão.

Aceito ainda que esta medida seja eficaz. Horizon Zero Dawn é um grande jogo, mas um jogo que terá quase 4 anos quando sair para o PC. O seu efeito como exclusivo acabou, e caso Horizon Zero Dawn 2 seja, como se falou, um título de lançamento, quem gostar do jogo, vendo uma versão de nova geração que deixa a inicial que, na altura do seu lançamento vai parecer impressionante, num patamar de qualidade inferior, criarão aqui uma situação de atracção à nova consola da Sony. Uma consola que se acredita venha a ser capaz e potente o suficiente para atrair igualmente pelo preço e hardware.

E nesse sentido, esta medida pode efectivamente ter resultados.

Mas se os resultados são uma incerteza, o que já sucedeu é uma realidade.



Jogadores hardcore que acompanham a marca desde sempre destruíram as suas consolas. As queixas e ameaças a abandonarem a marca, temendo que a Sony se torne numa Microsoft (e a escala é irrelevante) são uma realidade, e há mesmo iniciativas, com as quais até concordo, de pedidos de devolução do dinheiro pago por Horizon Zero Dawn, que foi vendido como sendo exclusivo da consola.

A realidade é que a Sony fez aquilo que nunca esperaria ver. A Sony mentiu! E isso não augura nada de bom!

Mentiu também quando colocou um selo de “Exclusivo Playstation” no seu jogo, que agora vai para o PC, e mentiu quando alguém da Guerrilla veio dizer dar a entender que o jogo não sairia no PC. E que se saísse teria de comprar um desses PCs, ficando contente quando alguem disse que PC significava Playstation Console, e alegando que nesse caso já tinha uma e poderia jogar o Horizon Zero Dawn.

Naturalmente isto não é nenhum responsável, mas é alguém da Sony. E não podemos esquecer que estamos numa altura em que tudo o que cai nas redes sociais se espalha e é notícia. Se esta pessoa não é habilitada a falar, deveria ter instruções para estar calada.

As consolas movem paixões. E a Sony não parece ter tomado isso em consideração nesta situação! Apesar de a meu ver a entrevista ser relativamente clara nas intenções, ela não é preto no branco. E deveria ter sido. Acredito que neste momento esta revelação fez danos grandes na comunidade Playstation. Talvez mais do que a Sony esperaria. Pessoalmente posso dizer que nunca imaginei estar a escrever um dia um artigo destes e só o simples facto de o estar a fazer já me deixa tremendamente decepcionado com a Sony. Mas mais do que isso é uma decepção que pode vir a ser mais do que isso. Pode mesmo vir a ser uma separação. Tirar exclusivos da consola é uma quebra face às políticas que sempre nos apaixonaram. Um mudar daquilo que sempre definiu a consola, um mudar de políticas que eram aquilo que mais atraia na empresa. E se mais jogos passarem, ainda pior.



Ver o Cory Barlog a responder com um emoticon de reflexão quando questionado quando o seu jogo sairá para PC não agrada. Não agrada mesmo! Estamos a falar de um IP criado e consagrado como exclusivo na Playstation. Um jogo que, mais do Horizon Zero Dawn, terei dificuldades em digerir em vê-lo no PC.

E promessas de que não serão todos ou só serão alguns, valem o que valem. Podemos confiar nas pessoas, nas empresas, mas não quando isto acontece, e muito menos quando sabemos que a Microsoft também disse em tempos o mesmo. E a coisa é o que é!

Acima de tudo, nesta fase acho que a Sony deveria esclarecer a 100% a sua postura. Que o deve fazer rápido! Porque se a explicação pode ser coerente, e compreensível, para o bem da Playstation, também podemos estar perante uma postura pouco compreensível, onde o líder de mercado, por questões que teria dificuldade em entender, resolveu seguir as políticas do “lanterna vermelha”, ignorando que o mercado lhe estava a dizer de caras que o que estava a fazer era o correcto e o que as pessoas queriam.

Sinceramente, neste momento, acima de tudo quero mais explicações. E acho que a Sony as deve! E ignorar a situação, deixando-a correr, terá situações. Porque como disse, isto move paixões… mas também move ódios. E as marcas terem atitudes que desagradam aos fans é o pior que lhes pode acontecer.

 



NOTA: Acréscimo posterior

Após uma leitura do texto, percebo que não deixei suficientemente clara a minha posição sobre este assunto.

Eu não estou contra a postura da Sony, se realmente ela foi no intuito de publicitar a consola e a fazer vender mais, e desde que tal seja contido. Aliás nem sequer contra o levar alguns exclusivos com 3 anos de idade para o PC.

O que sou completamente contra é uma situação onde os jogos acabem ou por ir todos para o PC, ou, pior ainda, irem para o PC bastante antes de esgotarem o seu potencial como exclusivos da consola, sendo o caso pior, em saírem em simultâneo na consola e no PC.

Seria uma dessas situações que me desagradariam. De resto, um exclusivo pontual com 3 anos, pensando na promoção da plataforma… não me choca nada!



 

 



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