Quando li um título de uma noticia que dizia “Os jogos exclusivos são maus para a industria. Vamos juntar a comunidade gamer”, estranhei tamanha falta de coêrencia. Curiosamente a o artigo é do website… TheXboxHub… Surpresa? Não!
Ao que as coisas chegam e como as coisas se subvertem.
Estavamos em 2013 e os fans Xbox não conseguiam ver a diferença entre 900p e 1080p. Sim, os mesmos fans que agora notam a diferença entre 1800p e 2160p.
Curiosamente a realidade é a contrária, e os 900p, pela baixa densidade de pixels por cm^2 que oferecem, e nada adequada às TVs de grandes formatos, são claramente muito mais visíveis face aos 1080p que a diferença entre 1800p e 2160p.
Mas assim vai a comunidade. E a conversa agora é outra. Apesar de ter sido sempre consensual que os exclusivos são aquilo que distingue uma consola e que promove as suas vendas, agora os fans Xbox querem fazer crer que os exclusivos não são importantes. Porque? Porque a Xbox é a marca que atualmente menos suporte de exclusivos possui, e neste momento os exclusivos que são conhecidos para serem lançados até finais de 2018 são exclusivos que estavam já conhecidos em 2016, para lançamento ou nesse ano ou em 2017 e que foram sendo adiados. Daí que há agora o interesse em desvirtuar os exclusivos.
Imaginemos então um mercado sem exclusivos. E com duas consolas, uma Xbox e uma PS4 a correrem todas os mesmos jogos… Qual escolher? Que parâmetros usar para escolher?
Naturalmente que as diferenças continuam a existir! Os exclusivos são apenas mais uma das coisas que distinguem dois produtos. Algo muito relevante e talvez mesmo o mais importante, mas mesmo assim, apenas mais um dos factores de distinção.
Daí que, tirar valor aos exclusivos é uma coisa. Mas escrever um artigo a dizer que os exclusivos são maus para a industria e que devemos unir a comunidade Gamer, acabando com eles… nem sei bem como avaliar! E quem diz isso? O TheXboxHub… um site Xbox! Só podia de ser!
Infelizmente há pessoas que vivem num mundo utópico, um mundo em que quando falam da Industria dos videojogos julgam existir algo palpável chamada “Industria”: Na realidade a Industria é apenas um todo que é a soma das partes. E cada uma das partes está sozinha, tendo de lutar para sobreviver, e fazer o seu produto sobressair face aos da concorrência.
O argumento deste website para esta argumentação é que o seu autor se “sente ridicularizado” por escolher uma plataforma. Citando-o:
Why in 2017 must we be in a situation that allows us to choose from thousands of games – a passion we all share – yet can see us ridiculed, hassled, and arguing just because of the platform which we choose to enjoy?
Penso que todos concordaremos que sentir-se ridicularizado é, curiosamente… algo ridículo. Mas ridicularizado porque? Se há motivos para se sentir ridicularizado então certamente escolheu mal a sua plataforma. E as pessoas devem escolher o que entendem ser o melhor para elas… e daí para a frente, o resto são balelas. Não há uma consola melhor que outra! Há isso sim, ofertas diferentes! A Xbox lá por não ter tantos exclusivos, continua a ter exclusivos, e a consola tem outros valores que são únicos ou superiores aos da concorrência. É tudo uma questão de se pesar caso a caso e de se pensar por si! Daí para a frente… ridículo é quem argumenta com a sua realidade para a realidade dos outros.
Mas acima de tudo este senhor certamente não sabe o que são consolas. Porque as guerras de plataformas são algo comum, e não só nas consolas! É AMD vs Nvidia, PS4 vs Xbox, iOS vs Android, PC vs MAC, enfim… situações normais de mercado!
E nestas guerras há incompatibilidades. Não entre as pessoas, mas entre o hardware ou sistemas operativos! Este senhor acha mesmo que se só houvesse multiplataformas as empresas iam programar para PC, para Xbox, para PS4, para Switch, tudo plataformas com exigências diferentes? Algumas com diferenças brutais de arquitectura, de sistema operativo, de ferramentas de desenvolvimento? Claro que não… escolhiam uma plataforma, quer pela facilidade de programação, quer pelo suporte, quer pelo preço de custo, e suportavam-na, ignorando as outras. A partir do momento que só houvesse suporte a uma das plataformas, só precisavam de programar para uma. O público não perdia nada… afinal qualquer que fosse a plataforma escolhida, os jogos seriam sempre os mesmos, e só teria de comprar era a plataforma suportada!
Basicamente não era o público que escolhia a plataforma… eram as empresas!
O que impede isso? Os exclusivos… que levam as pessoas a comprar A em vez de B! E as empresas vão atrás do público. Alterar isso não trazia nada de bom ao cliente!
Ah… mas poderiam dizer que esta situação não seria assim, e que ela implicaria uma uniformização no hardware. Pois… hardware uniformizado, diferentes fabricantes, mesmo jogos e compatibilidade… onde já ouvi isso? Ah sim: No PC!
Estamos agora a brincar? Estes senhores não querem outra coisa senão PCs baratos para brincar. Dado que não tem unhas para as placas topo de gama dos PCs querem agora trazer o PC para as consolas até 500 euros.
O que impede isso? Mais uma vez os exclusivos… que levam as pessoas a comprar A em vez de B! E como referido antes, as empresas vão atrás do público. Repete-se: Alterar isso não trazia nada de bom ao cliente!
A realidade é que a incompatibilidade de sistemas sempre existirá. O Android não corre jogos iOS, e vice versa, o Linux não corre jogos Windows, e vice versa. E depois?
Como a Microsoft refere, e de certa forma com razão, há mais jogos para jogar, do que tempo para os jogar. Isto não tira qualquer virtude ou vantagem aos exclusivos, que continuam a distinguir as consolas, mas não deixa ser uma realidade. Mesmo sem eles, a oferta de qualquer consola continua a ser grande.
Mas queres jogar os exclusivos PS4 na Xbox ou vice versa? É isso? Esquece! Compra a consola respectiva! As equipas First Party não existem para fazer jogos para os outros, existem para ajudar a vender o produto da marca que as detém! Foi para isso que elas foram criadas.
Os exclusivos são e serão sempre ferramentas criadas para distinguir as plataformas. Elas todas correm os multiplataforma, e é nos exclusivos que as plataformas se distinguem. É Halo, Gears, Forza que definem uma Xbox. É Uncharted, God of War, Gran Turismo que definem uma PS4. Tirem isto das consolas e elas não são nada… Se a PS4 ou a Xbox não tivessem exclusivos, apesar de diferenças e vantagens e desvantagens em diversos campo, não há nenhum outro argumento de peso que as distinga verdadeiramente.
Ahh… esperem… há sim senhor! A Xbox One X é a mais potente de todas! Daí que não era bom remover os exclusivos da equação? Tal como era bom remover o factor consola que o amigo tem e joga online e que a Microsoft tenta anular com a sua proposta do Cross-Play.
Sem dúvidas que o bem e união da comunidade Gamer tem costas largas…