Serão as especificações das novas consolas o factor determinante no sucesso das mesmas?

Xbox 720 ou PS4? Qual a consola que dominará a próxima geração? Será que as especificações do seu hardware ditarão a vencedora?

Numa altura em que as especificações das consolas eram desconhecidas já referimos aqui que o futuro poderá alterar radicalmente a realidade das consolas tal como a conhecemos. E tal deve-se à existência de serviços de streaming de jogos que poderão tornar quase irrelevante o hardware que possuímos.

Mas a verdade é que esse tipo de serviços ainda estará longe, obrigando a grande investimento em servidores e numa infra-estrutura de internet que ainda não é uma realidade em todos os locais. Será um dia uma realidade, mas não nos próximos anos.

Seja como for, com uma esperança de vida relativamente grande as próximas consolas poderão efectivamente ser as últimas que necessitaremos de adquirir, e quem sabe não serão essas mesmo que no futuro alimentarão em nossas casas esses serviços de Streaming, e para os quais um hardware de topo é desnecessário.



Mas esquecendo essas situações, centremos-nos naquilo que será a realidade. Para os próximos tempos as performances serão aquilo que o hardware deixar. E será então que com isso vamos ver a consola mais potente a fazer esquecer a outra?

Curiosamente não é fácil responder-se a isso. Poderíamos argumentar de três formas: 1 – Um produto vale pela sua combinação de software e hardware, 2 – São os jogos que fazem as consolas, e 3 – O hardware mais potente é que vencerá.

Mas a realidade é que nenhuma delas é assim tão linear como isso.

O primeiro argumento poderá, pela primeira vez na história das consolas, vir a ser bastante relevante. Se até hoje as consolas eram meras máquinas para se jogar, as futuras consolas, um pouco à semelhança das actuais, são já centros de entretenimento bastante completos. Daí que nos próximos anos este factor poderá vir a ter mais peso do que actualmente.

No entanto, a realidade é que a procura das próximas consolas será ainda por aquilo que elas são, consolas, e não pelo facto de serem centros de entretenimento. Ou seja, esse factor poderá tornar-se relevante e ser um facto adicional a tomar em conta na escolha. Mas não o será numa primeira fase, assim como não ganhará nunca a relevância total: Estaremos sempre a olhar para consolas com capacidades multimédia e não para centros multimédia que também jogam jogos.

Ora se a primeira argumentação se demonstra adequada apenas até um certo ponto, a segunda ganha mais força. É que efectivamente são os jogos que vendem consolas, e são eles que decidem o grande futuro das mesmas. No entanto, justificar o sucesso das consolas apenas por esse factor é algo redutor. E já explicaremos a seguir.



Quanto ao terceiro argumento, esse é o que mais facilmente cai por terra. E vamos já justifica-lo.

Para vermos a realidade das consolas vamos retroceder um bocado no tempo

Se analisarmos a historia das consolas desde o seu início verificamos que o terceiro argumento é o menos válido de todos. NUNCA ATÉ HOJE A CONSOLA MAIS POTENTE FOI A QUE TEVE MAIS SUCESSO.

8 bits

Por exemplo a Sega Master System era mais rápida que a NES. E o que vimos? 6,25 milhões de consolas da Sega vendidas contra 61,91 milhões de NES mostrando que a qualidade e quantidade do software foi decisiva.

16 bits

Na geração seguinte a consola melhor era a NEO GEO. Mas devido ao seu preço elevadíssimo para a altura perdeu de forma esmagadora vendendo menos de 1 milhão de unidades. A Vencedora foi a SNES com 49,1 milhões de consolas vendidas e a Sega Mega Drive a ficar em segundo com 41,9 Milhões. A SNES não deixou de manter qualidade no software, mas foi a base de utilizadores que possuía vinda da NES que a levou a esta posição. A Nível hardware e qualidade do software nenhuma se igualava à NEO GEO.



32 bits

Na geração seguinte a consola mais potente era a Sega Saturn, seguida da Nintendo 64 e com a nova Playstation a aparecer em último. No entanto, a Saturn foi logo eliminada da corrida ao apresentar uma novidade que nunca nenhum programador soube utilizar: 2 processadores. E só com um, a consola ficava a perder para as restantes. Já no que toca à Nintendo 64 vs Playstation a derrota da Nintendo foi abismal com a Playstation a vender 102,49 milhões de consolas contra 32,9 milhões da Nintendo 64. O segredo do sucesso? Mais uma vez o software e o suporte dado à consola.

128 bits

Mais uma geração e temos uma Xbox em tudo superior à Playstation 2. Mais CPU, Melhor GPU, o dobro da RAM. Vencedora: Playstation 2 com 155 milhões de consolas vendidas contra 24 milhões da Xbox. Motivo: Melhor suporte, mais exclusivos e títulos de qualidade.

Vimos portanto até agora que a qualidade dos títulos tem sido o factor decisivo. Não o foi sempre como comprova o caso da Neo Geo, mas no entanto tem-se revelado um factor  a ter em conta.

Mas vamos ver as consolas portáteis. Nintendo DS vs PSP e 3DS vs PS Vita.

Portáteis

Em ambas as gerações as consolas mais potentes perderam ou estão a perder. E ambas as derrotas se explicam pelas diferenças de preço das consolas. Mais uma vez o preço é decisivo, e a comprova-lo temos o facto que a PS Vita que sempre ficara abaixo das vendas da 3DS, mal recebeu uma baixa de preços no Japão, imediatamente superou as vendas da concorrente.



Aqui não é a potência do hardware, nem a qualidade do software o factor decisivo. O preço e a quantidade de software disponível revelam-se os factores mais relevantes.

Vamos finalmente ver a actual geração:

A consola mais potente, apesar de não ser fácil de extrair a sua performance e como tal não o demonstrar claramente, é a Playstation 3. A claramente menos potente é a Wii.

A qualidade do software está distribuída pela Xbox 360 e PS3, com vantagem  para a PS3 pelos seus exclusivos. Os jogos Wii são igualmente excelentes, particularmente os exclusivos Nintendo, mas de resto estão longe do oferecido pela Xbox e PS3.

Mas quem domina esta guerra é a Wii com 99,38 milhões de consolas vendidas contra 75 milhões da Xbox e 70 Milhões da PS3. E aqui, o facto de a Xbox ter um ano mais do que a concorrência nem se revela um factor decisivo.



Motivo da vitória: Inovação!

Como vemos, a potência do hardware está longe de ser decisiva e a qualidade do software revela-se importante, mas igualmente não decisiva.

Curiosamente no que toca às capacidades da consola (a combinação hardware/software) verificamos que elas não são igualmente decisivas. A PS3 é a consola mais completa do mercado ao ser simultâneamente um media tanq com cliente DLNA,  possuir web browser, e ser o melhor leitor de Blu ray do mercado. No entanto quantas pessoas a compraram por esse factor?

Quer isto dizer que a Sony ao apresentar uma PS4 que deverá ser a consola mais potente da próxima geração não garantiu necessariamente a vitória. Há uma série de factores aqui referidos que como vimos são decisivos, bem com outros que serão certamente importantes: Preço, suporte, exclusivos, potência, características, inovação e capacidades multimédia serão os mais relevantes, e será a consola que melhor conjugar tudo isto que sairá vencedora.



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