A resposta já nós a sabemos, pois o resultado de tal já é uma realidade entre nós. São as remasterizações e as versões HD!
Neo e Scorpio prometem ser consolas que se limitarão a fazer melhor o que PS4 e Xbox One já fazem, limitando-se a aumentar resoluções e/ou a aumentar fps ou alguns efeitos.
E tal situação parece um total e completo mau uso da performance adicional que estas consolas podem oferecer!
Apesar de compreendermos que, pelo menos numa fase inicial, as políticas quanto ao uso das performances adicionais destas consolas sejam grandes, de forma a não mexer muito com os sentimentos da base existente, a realidade é que o pretendido parece ser um péssimo uso das performances adicionais que estas consolas podem oferecer.
A título de exemplos de produtos com performances diferentes, é certo que uma Playstation 3 pode correr com melhores fotogramas e resolução um jogo da PS2 – aqui é necessário retrabalhar o jogo pois a compatibilidade entre os sistemas não existe. Tal e qual a Neo ou a Scorpio podem fazer isso com jogos da PS4 ou da One – desta vez por compatibilidade.
Mas o que obtemos com essa versão PS3? Nada mais do que uma versão melhorada do mesmo jogo! Mas mesmo assim um jogo da PS2!
E o mesmo se passa com jogos da PS3 na PS4 ou da 360 na One. Eles podem correr com mais resolução e com mais fps caso sejam retrabalhados! Aliás, no caso da One, mesmo emulados, os jogos normalmente apresentam melhores performances a níveis de FPS do que na consola original.
Mas continuam a ser os mesmos jogos da PS3 ou da 360!
Certas situações, como os limites impostos à fisica, à destruição, à IA, e a todos os mecanismos de jogo são ditados pela plataforma base de desenvolvimento. Um Beyond Good and Evil na PS3 pode ter mais resolução e FPS. Até pode ter texturas e efeitos melhorados. Mas não pode ter esses componentes nucleares alterados… porque se o fizesse! Não seria o mesmo jogo!
Nota: PS2 em cima, PS3 em baixo
Vemos igualmente isso nas remasterizações dos jogos Uncharted para a PS4. Mais resolução, 60 fps, texturas e efeitos melhorados! Mas o jogo é igual!
No entanto não é possível que Uncharted 3 possa na PS4 permitir derrubar edifícios com uma bazuca, ou que a IA seja diferente, se o jogo na PS3 não foi pensado para tal por limitação de performances. Logo, o jogo está preso à base, e não pode evoluir. E se o fizesse, não seria o mesmo jogo!
Nota: PS3 em cima, PS4 em baixo
Resumidamente, por muito trabalhado que fosse, Uncharted 3 na PS4 nunca poderia chegar a ambicionar a ser algo perto de Uncharted 4. Isso porque a PS3 nem sequer poderia sonhar em fazer aquilo que é feito na PS4! Nem a nível gráfico, nem a nível de computação genérica.
Neste aspecto de melhorias apresentadas face ao jogo base, Neo e Scorpio estão por um lado melhor e por outro lado pior face ao que tivemos até hoje. Se na passagem da PS2/Xbox para a PS3/Xbox 360 e PS3 para PS4/One tinhamos perda de compatibilidade que obrigavam a remasterizações ou a emulações, agora temos uma compatibilidade que permitirá correr os mesmos jogos sem as perdas de performance associadas às conversões. Ou seja, teremos um melhor uso da performance das consolas superiores.
Mas por outro lado, isso traz desvantagens. Há uma perda da unicidade do hardware que permitia optimização específica e que pode prejudicar o sistema inferior. Mas há tambem uma ausência de aumento de RAM! Se até agora nas remasterizações podiamos sem problemas acrescentar efeitos e texturas melhoradas pelo aumento de memória que tivemos a cada geração, a Neo e Scorpio deverão apresentar os mesmos 8 GB da PS4 e One. E isso quer dizer que ficarão limitadas face ao que podem acrescentar! Mas mais do que isso, texturas melhoradas e adequadas ao aumento de resolução proposto, não poderão ser usadas.
Há assim um limite forte às melhorias aplicáveis que paira sobre estas consolas.
Parece assim claro que o ideal seria mesmo a utilização das performances adicionais, quer gráficas, quer de CPU, na criação de algo que utilizasse como base essa performance. Mas no entanto isso teria como consequência a existência de jogos exclusivos que não poderiam ser executados na PS4/One, algo que, pelo menos na fase inicial, parece fora de hipotese.
Mas com estas restrições, Neo e Scorpio parecem ser consolas destinadas a executar “remasterizaçoes” automáticas dos jogos PS4 e Xbox One, sem trazer verdadeiramente algo de novo que não seja eventual resolução, fps e/ou eventuais melhorias na qualidade de efeitos.
E isso parece ser pouco demais para justificar de forma clara a necessidade de atualização. Porque se dessem a escolher uma PS4/One com exclusivos ou as mesmas consolas a correr os jogos da PS3/Xbox 360 melhorados, certamente a segunda hipótese seria escolha de poucos.