Como é que a PS5 irá ter tanta performance no seu SSD? Que Placa de som equipará a PS5? Como funcionará o seu 3D audio? Qual a solução para Ray Tracing usada? Que Ram possuirá a PS5? Que tipo de memória usará? Estas são perguntas que estão no ar, sendo que algumas poderão ter uma resposta bem evidente, e outras possuem rumores muito bem fundamentados sobre o que poderá existir.
No artigo que se segue, mais um exclusivo PCManias, vamos analisar algumas questões que ficaram no ar após a entrevista de Mark Cerny, tentando dar uma resposta às mesmas quer pela análise de potencial tecnologia que se enquadra naquilo que foi dado a conhecer, quer citando alguns rumores que possam responder às perguntas e que se enquadrem na lógica global das tecnologias aqui referidas.
Recomenda-se que antes da leitura das partes 1, 2 e 3, se leia a parte 0, introdutória.
Como é que a PS5 irá ter tanta performance no seu SSD?
Uma das situações que, segundo o artigo, Mark Cerny deu a conhecer que será uma realidade na PS5 é a presença de um SSD (ou algo equivalente, como referimos na parte 0 deste artigo). Apesar de tal não ser verdadeiramente surpreendente a nível de necessidade, uma vez que as taxas de transferência normais de um HDD tradicional se revelariam insuficientes para uma nova geração, o conteúdo deste artigo não se revela totalmente claro sobre se teremos mesmo um SSD ou apenas algo com performances equivalentes obtidas de outra forma (mais dados na parte 0).
Mas mais surpreendente ainda é o facto de Mark Cerny ter dado a conhecer que o SSD da PS5 bateria as performances dos SSDs usados no PC. Como é que isso é possível? Eis as palavras de Mark:
[…] but Cerny claims that it has a raw bandwidth higher than any SSD available for PCs. That’s not all. “The raw read speed is important,“ Cerny says, “but so are the details of the I/O [input-output] mechanisms and the software stack that we put on top of them.
Que segredos encerra afinal este SSD para Cerny afirmar que ele terá uma largura de banda superior à de qualquer SSD disponível para PC?
Para podermos aqui na PCManias dar uma das possíveis respostas a esta questão fomos pesquisar eventuais tecnologias que permitam que isso aconteça.
Mas que tecnologia poderia ser essa que o mundo PC não usa ainda?
Bem, a resposta a tal poderá ser bem mais simples do que se pensa. Porque ao acreditarmos que tecnologia da Sony até usa um SSD normal ou algo equivalente, algo mais terá de existir, e esse algo mais já terá sido apresentado anteriormente pela… AMD.
Esta tecnologia, apesar da base AMD, eventualmente estará alterada pela Sony com estas três patentes:
Uma para a forma como os dados são armazenados e distribuídos no SSD:
https://www.j-platpat.inpit.go.jp/web/PU/JPA_H29068804/C034C1D601A046A6B06A1242548518F1
Outra para um novo método de compressão e descompressão de dados:
https://www.j-platpat.inpit.go.jp/web/PU/JPA_H29068805/C034C1D601A046A621C026B0940513F2
E finalmente uma para reduzir o consumo de energia do SSD:
https://www.j-platpat.inpit.go.jp/web/PU/JPA_H29068806/C034C1D601A046A63F6B7EFE1B2E6174
De notar que as três patentes de cima estão em Japonês, pelo que terão de activar o tradutor e fazer algum esforço na compreensão das mesmas, caso as queiram visualizar com mais cuidado.
Estas três patentes são no entanto meras optimizações ao que a AMD já apresentou anteriormente, e não são elas que verdadeiramente elevam as performances do SSD para os tais valores que o PC não alcança.
O que poderá fazer isso será a tecnologia AMD. Uma tecnologia que apenas foi falada uma vez e que a empresa apresentou em 2016, na altura conhecida com o nome de código projecto Delta!
Talvez não estejam recordados, mas a AMD, na Siggraph 2016 apresentou um GPU novo, a Radeon Pro SSG. O que distinguia este GPU de todos os outros até hoje apresentados? O facto que ele vinha equipado com um SSD de 1 TB, tendo sido considerado o GPU com as transferências internas mais rápidas do mundo.
Este GPU apresentava como novidade o facto de não requerer uma grande quantidade de RAM para funcionar. Apesar de poder possuir um máximo de 32 GB de RAM para trabalhos mais exigentes, a memória mínima teórica exigida para ele era de apenas 1 GB. O motivo para tal era que o SSD o alimentava de forma constante, fornecendo e recolhendo informação. O GPU apenas precisava por isso de uma quantidade de memória adequada para garantir que a tarefa desempenhada tinha os dados que ele precisava urgentemente, bem como para servir de cache a situações que fossem precisas no futuro e que o SSD ia fornecendo. A novidade do sistema era que o SSD era controlado pelo GPU que o activava à medida que precisava dos dados indo buscar directamente os mesmos para colocação na RAM.
A ligação do SSD ao GPU era realizado por dois canais PCIe 3.0 x4 com um chip PEX8747 PCIe a servir de bridge, e que dava ao GPU o controlo absoluto do SSD sem dependência do CPU ou sistema operativo, criando assim um acesso directo por intermédio de um canal privativo. Basicamente o CPU e o sistema operativo podiam aceder igualmente ao SSD, mas por intermédio de outro canal independente. O resultado, segundo a AMD; era uma redução em 10x da latência de acesso à memória, com consequente aumento de performances do GPU.
Mas como referido, o acesso ao SSD era igualmente partilhado com o CPU e o OS, sendo que a existência do canal privado existia para a criação de uma redução na contenção do BUS do SSD que por norma tem dificuldades em lidar com a colocação de dados vindos de vários periféricos em simultâneo.
O resultado prático desta tecnologia foi que com ela a AMD conseguiu uma largura de banda no BUS do SSD de 4.6 GBps, algo bem superior aos clássicos 3 GBps que os SSD usados suportavam. Exactamente algo que, adaptado à realidade atual permitiria que se alcançasse a tal largura de banda superior à dos PCs que Mark Cerny refere.
Da mesma forma, isto implica uma alteração ao sistema de I/O e software, tal como Cerny refere.
O único senão desta tecnologia pode parecer o seu preço. A Radeon SSG custava 10 mil dólares ao público na altura do seu lançamento em 2016, estando ainda a ser vendida perto dos 5 mil dólares numa versão com um SSD de 2 TB e 16 GB de RAM HBM2.
Daí que não nos admiraria que leitores da PCManias colocassem questões como: “Mas alguém acredita que a Sony vai usar tecnologia equivalente a outra que custa de 5 mil dólares, numa PS5, e a preços acessíveis”?
Quanto a essa questão refere-se apenas que a Sony não terá na sua PS5 uma Radeon SSG, e que a usar algo deste género seria apenas o conceito do seu canal de comunicação com o SSD. Mas mais do que isso, tal não será uma adaptação a um design de GPU que não foi pensado para tal, como aconteceu em 2016 na SSG, mas sim um design criado de raiz a pensar em adoptar esta tecnologia, e adaptado e simplificado para se ajustar aos custos.
Para os mais cépticos lembremos o que aconteceu com os RT Core da Nvidia que apareceram nos seus GPUs, e que igualam o que foi apresentado uns meros meses antes a ser processado numa estação DGX no valor de 60 mil dólares.
A grande diferença… é que com algo deste género o que a Sony necessitaria seria acaba bem mais barato do que uma solução RT por hardware.
Seja como for esta á apenas uma possibilidade, sendo que não pode ser tomada como certa. Uma possibilidade que foi obtida usando os critérios definidos na parte zero. Ou seja, tecnologia AMD, e que fosse conhecida de todos, estando disponivel para quem a quisesse usar, pois como foi referido na parte anterior, só dessa forma compreendemos esta revelação fora de uma apresentação oficial da marca.
Aqui a tecnologia, a ser a usada, fascinaria acima de outras pelos benefícios que traria igualmente ao GPU, não sendo apenas uma mera aceleração de leituras, e não obrigando a um SSD topo de gama dispendioso.
Continua