Devido à polémica guerra comercial com os EUA, a Huawei sofreu com o corte dos serviços da Google. Mas agora a empresa veio dizer que, mesmo com o embargo levantado, nunca mais os usará. Uma situação dessas certamente não agradará ao mercado de massas (a mim não agrada), o que significa que a escolha de produtos Huawei deixará de ser uma hipótese para mim e para muitos. E com muita tristeza, uma vez que a experiencial passada foi excelente.
Quando resolvi trocar de smartphone, abandonando a gama S da Samsung para entrar numa experiência Huawei com o Mate 20 Pro, confesso que estava algo relutante.
Mas o certo é que agora, quase 2 anos depois, só tenho coisas boas a dizer do Mate 20. Foi sem dúvida o melhor smartphone que possuí, e uma excelente experiência. O smartphone superou todas as minhas expectativas, revelando-se uma experiência que nada ficou a dever aos topos de gama da Samsung, e acima de tudo com uma câmara fotográfica invejável, e de uma qualidade absolutamente assombrosa.
Aliás, a satisfação era tal que nem sequer me passava pala cabeça não aderir a um novo Huawei.
Infelizmente a Huawei viu-se envolvida na polémica guerra comercial entre a China e os EUA, sofrendo com o corte do suporte Google, uma situação que deixou os possuidores de smartphones Huawei preocupados com o suporte, uma situação que, felizmente, não se revelou um problema.
Já os novos smartphones… isso seria outra história. Eles estariam impedidos de usar os serviços da Google, isto apesar de o Android, por ser Open Source, não poder ser negado à Huawei.
Mas a realidade é esta. Atualmente os novos smartphones da Huawei estão bloqueados a situações básicas como acesso aos programas da Google, como o Gmail, Google Maps, Youtube, Google Home, Google Assistant, Play Store, Duo, Play games, Play Filmes, Play Musica, Google Drive, etc.
E isto inclui igualmente a maioria das notificações do smartphone, como por exemplo, tokens de verificação de códigos de segurança, e outros.
Outras aplicações, como o Messenger, WhatsApp, and Skype, e mais estão igualmente negadas, e o acesso a smartwatchs ou bandas que se apoiam nos serviços Google ou Google Wear, estão igualmente fora de hipótese.
Há formas de se superar tudo isto? Há! Mas até que ponto isso pode ser problemático com atualizações e mesmo funcionamento é algo que é uma incógnita.
Curiosamente propusemos à Huawei o fornecimento de um Mate 30 Pro para testarmos isso mesmo, mas a empresa referiu de momento não ter nenhum disponível, uma vez que apenas importou os smartphones para satisfazer os pedidos de pré reservas. E a realidade é que, até hoje, e apesar de o smartphone estar oficialmente lançado, nunca o vi à venda em nenhum loja.
Estas situações, sem correcção, são tremendamente impactantes no uso do smartphone. Não é para isto que uma pessoa investe num topo de gama! Por muito bom que o smartphone seja, que a câmara seja, se o software tem graves lacunas que obrigam a ginástica por parte dos utilizadores para se tirar partido do smartphone, o mesmo apresenta um handicap enorme.
E nesse sentido, os novos smartphones Huawei estão arredados do mercado.
Daí que se o utilizador espera ansiosamente que a situação entre os EUA e a China se resolva, podendo voltar a ver a Huawei a competir, foi com enorme surpresa que li a notícia de que a Huawei não planeia voltar aos serviços da Google, mesmo com o fim das sanções.
Compreendo que a empresa se tenha sentido fragilizada no meio de tudo isto, e que não pretenda voltar a ficar dependente da Google. Aliás esta é uma situação que deveria ser preocupante para qualquer empresa, Chinesa ou não, e que mostra o poder de monopólio da Google no mercado.
Mas a realidade é que com poder ou não, os serviços da Google são extremamente populares e é neles que se apoia basicamente toda a estrutura moderna e mais popular dos smartphones Android. A Huawei querer prescindir disto não é exactamente uma boa notícia. Cria uma fragmentação de mercado, com exclusão dos seus clientes, algo que não será do agrado de quem compra um smartphone de topo. E mais ainda, alternativas chinesas para redes sociais e outras que lidem com dados sensíveis e pessoais não são algo que, mesmo não sendo defensor das teorias de espionagem, me agradem.
Basicamente o que nos quer parecer é que, caso a Huawei avance por aí (algo que, por muito que o afirmem, não acredito), ela terá uma longa batalha pela frente, e mesmo que venha a ser bem sucedida no futuro, ele não será imediato, o que cria um hiato temporal onde os seus produtos não serão os mais desejados. E pagar por topos de gama para isso, não! Mas quem sabe a empresa se possa dar bem com uma aposta forte nos entrada de gama?