Os Tflops dizem muita coisa… mas não dizem tudo.
A PCManias é uma página de tecnologia. E nesse sentido, a PS5 e a sua nova e excitante tecnologia SSD e outra como os Cache Scrubbers, Gestão de energias, etc, completamente novidade nas consolas, e alguma mesmo no mercado tem vindo a ser alvo de muitos artigos.
Acima de tudo é tecnologia nova, não compreendida, e mesmo mal abordada. Vemos isso pela dificuldade na compreensão de como a PS5 funcionará, comparando-se a situação com os boost clocks do PC, e acreditando-se assim que a consola irá fazer downclocks regulares, coisa que, como sempre dissemos, e agora se confirmou, não acontecerá.
Da mesma forma, as larguras de banda estão a se mal vistas. A divisão de memória da Xbox permite-lhe mais largura de banda, mas impõem sérios limites ao uso de mais de 10 GB, sob pena de quedas na largura de banda disponível, tornando a comparação directa de velocidades e capacidade de uso de ram em algo que não pode ser feito de forma tão simplista.
Mas o SSD tambem tem sido mal compreendido. Não se trata apenas de mais velocidade, mas sim de uma série de alterações no sistema de Input/Output e gestão de dados recebidos do SSD, na forma como os dados são geridos quando recebidos na memória, e como com este sistema a Sony elimina gargalos e poupa ciclos internos de processamento na gestão de dados, permitindo igualmente novos tipos de acesso à RAM e uma gestão mais avançada e eficaz da mesma.
Basicamente é esta falta de compreensão do que são as tecnologias, e especialmente da forma como as implementações da Sony podem abrir novas portas, quebrar limites na concepção de jogos, e permitir mesmo ganhos de performance que se tem abordado.
No entanto não há aqui intenção de se discutir ou querer pintar uma imagem de que uma consola será melhor que a outra. E daí, para que não surjam dúvidas disso, surge este artigo.
Basicamente a Xbox é uma consola construída no sentido mais tradicional. Ela possui inovações muito grandes, e face à geração anterior apresenta grandes passos para fazer mais e melhor. Será mesmo uma referência futura a nível tecnológico para os PCs que neste momento não possuem sequer hardware capaz de competir com ela caso os jogos fossem 100% optimizados para o seu hardware.
Mas a realidade é que analisando os que são ambas as consolas, o que vemos é que a aposta de ambas as empresas foi em sentidos diferentes. Elas partilham os conceitos básicos, mas não apostaram nos mesmos pontos fortes, e isso não torna uma consola melhor e uma pior. Acima de tudo, torna-as em ofertas diferentes.
Digamos que se a Microsoft, com a sua consola, oferece mais e melhores condições de performance pura e dura que a consola da Sony para que o que se faz tradicionalmente no domínio dos videojogos seja melhor do que nunca. Mas por seu lado a consola da Sony, cria novas condições para que nos novos jogos se possam criar novas condições que permitem fazer coisas que antes eram simplesmente impossíveis.
E é esta diferença, esta revolução na maneira de se conceber jogos, e as respectivas novas possibilidades que são abertas, a remoção de gargalos, a facilidade de obtenção de performances e de uso que tem tornando a PS5 alvo da atenção da industria. Não o facto de no seu global a consola ser considerada melhor ou pior que a Xbox série X.
A questão é que muitos dos potenciais ganhos de performance que possam surgir derivados da tecnologia presente na PS5, terão de ser alvo de suporte dedicado: Não são todos, mas são alguns, e é difícil de dizer e em que percentagem se reflectirão.
Já os ganhos da Xbox são mais evidentes por serem aquilo a que estamos habituados e algo que qualquer motor gráfico imediatamente tira partido. Basicamente a consola possui mais capacidades nas ALUs (Tflops), pelo que o seu GPU é mais capaz.
Isso quer dizer que no global a Xbox pode processar mais trabalho por ciclo do que a PS5, o que quer dizer que nos motores gráficos clássicos a vantagem estará claramente do seu lado, com a medição de Tflops a garantir-lhe uma diferença a seu favor que nunca será inferior a 17%.
Mas com as novidades da consola e acima de tudo a intervenção do SSD as coisas podem mudar, e esta diferença não só pode ser reduzida, como poderemos mesmo ter casos onde a geometria penda a favor da PS5. E aqui a maior capacidade do GPU da Xbox não poderá ajudar pois não se trata de uma questão de performance gráfica, mas sim da quantidade de dados que o SSD pode fornecer em tempo útil.
E a outra grande novidade é toda a gestão de memória criada pelos motores de coerência e pelos Cache Scrubbers que permitem manter mais memória dedicada à cena. Já abordamos todas estas tecnologias aqui no nosso site, pelo que se são nossos leitores regulares, estão a par de tudo isto.
Apesar destas diferenças, é difícil dizer quantos jogos multiplataforma optarão por distinguir os sistemas nesses campos.
Já nos campos clássicos, aqueles onde a Xbox tem vantagem, as coisas mudam de figura. Mais capacidade das ALU significa que se o mundo for gerado em tempo real usando geração processual, a XBox tem vantagens, no uso da Fisica, a Xbox tem vantagens, no uso do GPGPU a Xbox tem vantagem, nos shaders, a Xbox tem vantagem.
Mas aqui caímos na mesma situação de cima: Quantos jogos multiplataforma optarão por distinguir os sistemas?
Ora como se percebe, não é claro qual a consola que poderá levar vantagem. Acima de tudo o relevante que se perceba que nesta fase basicamente ninguém pode afirmar seja o que for com toda a certeza. Perante tanta diferença e inovação os Tflops deixam de ser a única medida relevante de medida e como tal, mesmo dizendo muita coisa, não dizem tudo.
Daí que se torna importante perceber-se que os nossos artigos são meramente criados no sentido de abordar tecnologias novas e a explica-las. E nesse aspecto temos abordado mais a PS5 por esta ser muito mais rica de informação inovadora do que a X que se baseia num esquema bem mais tradicional.
Mas quando a performances, não podemos dizer nada, e daí aquilo que temos vindo a dizer. Se na geração passada a diferença era só a performance, nesta há muito mais. Daí que as consolas são basicamente duas ofertas diferentes, e a questão do ser mais ou menos potente acaba por ficar para segundo plano, até porque com tudo isto, no plano global do que será o universo futuro dos jogos lançados para estas consolas, é muito difícil quantificar não a potência, mas a performance real de ambas, podendo a mesma pender para lados diferentes dependendo do jogo.
Não posso porém acabar este artigo sem relembrar que todas as considerações até agora feitas se baseiam naquilo que é publicamente conhecido, o que, diga-se, está longe de ser tudo. E nesse sentido tudo, mas absolutamente tudo pode mudar para um lado, ou para o outro. Nesse aspecto só quem estiver na posse de toda a informação pode dizer!