PS4 – This is for the Players ou This is for the Payers?

Entre players e Payers só se retira uma letra. E face a uma postura de lucros ou de interesse pelos jogadores a diferença tambem é pequena. Infelizmente a Sony parece estar a confundir os dois termos e, graças a uma posição de confiança pela sua posição de mercado, parece querer entrar em políticas abusivas.

Nos últimos dias vi uma série de situações que rodeiam a PS4 a acontecerem que me levam a acreditar que, aquilo que ninguém deseja, poderá estar, infelizmente, a acontecer.

A Sony anunciou 30,2 milhões de consolas vendidas e, sabe-se agora oficialmente, bateu a Xbox One em território Norte Americano na Black Friday, e no mês de Novembro, obtendo valores recordes de vendas com 1.5 milhões de consolas vendidas (só nos EUA), isto apesar de a consola da Microsoft jogar em casa, ter acompanhado os descontos, anunciado a retrocompatibilidade com a 360, e a nível de jogos ter apresentado neste Natal argumentos de peso com uma oferta de qualidade e variedade que a consola da Sony não tinha verdadeiramente como combater.

Mas, perante todo este sucesso, o que fez então a Sony que causou este desagrado? Basicamente tomou, quase em sequência e no período de pouco mais de um mês, mesmo antes de se saberem estes resultados, uma série de atitudes que, na nossa perspectiva, demonstram uma postura diferente do normal e até um pouco já arrogante face ao mercado!

A PSN+



Certas coisas já vem de trás! A PSN+ na PS4 conta já com dois anos de vida, e até hoje o seu valor pelo dinheiro revelou-se muito pouco interessante face ao que a PS3 oferecia. Se na PS3 tínhamos (e ainda temos) ofertas de jogos AAA regulares, a PSN+ na PS4 limitou-se até hoje a oferecer jogos de segundo plano. A única oferta diferente e dentro do âmbito dos AAA foi Driveclub, mas essa oferta era em uma versão limitada no conteúdo.

Esperava-se por isso que em Dezembro, especialmente por a Sony não apresentar um “line up” ao nível do da concorrência para este Natal, , a PSN+ tivesse uma oferta de maior nível. Mas o que tivemos foi Gauntlet e o primeiro episódio da saga Kings Quest.

Ora Gauntlet até é agradável, se bem que longe de ser uma oferta AAA, mas já o primeiro episódio de Kings Quest… Esse dá o que pensar!

Sabendo-se que se trata de uma série vendida em episódios, ou a Sony planeia oferecer a série toda aos poucos ou então o que temos aqui é mais uma publicidade e uma forma de se promover para futura venda os restantes episódios. E isso nem sequer é uma oferta. Aliás, na forma de um mero episódio, este jogo bem poderia ser considerado uma DEMO alargada, do que uma verdadeira oferta de um jogo. E o que vejo aqui, bem ou mal, é uma jogada de Marketing promocional destinada a fazer futuras vendas.

Está na altura da PSN+ começar a valer na PS4 algo perto do que vale na PS3. Afinal já lá vão dois anos e já há muitos jogos AAA com valor comercial baixo que podem ser ofertados.

A Playstation Experience



A conferência da Sony foi aquilo que se pode chamar um barrete! Basicamente nada de verdadeiramente interessante foi mostrado ali, e a Sony nem sequer se dignou a mostrar um pouquinho mais de alguns dos jogos AAA previstos para 2016 e já anunciados. Na realidade a Sony resolveu usar a sua Keynote para publicitar jogos menores em vez de mostrar algo mais sobre os títulos de peso que para aí vem.

A conferência foi, com as devidas excepções (poucas), basicamente usada para se mostrar o VR que a Sony espera vender (e muito), mas para o qual não auguramos grande futuro, e joguinhos e mais joguinhos, pouco ou nada dignos do sistema e que poderíamos perfeitamente jogar nos telemóveis. As excepções a isso foram poucas!

E quando vemos a Sony a apresentar uma remasterização de Day of The Tentacle e de Full Throttle, jogos que podem ser jogados gratuitamente em quase todos os sistemas móveis usando o ScummVM, ficamos claramente a pensar: A Playstation Experience fugiu ao esquema habitual das apresentações Sony que sempre criaram a habitual expectativa nos utilizadores face ao que está para ser lançado, e em vez disso serviu para lhes tentou “impingir” a promoção a carradas de jogos Indies (cuja qualidade nem coloco em causa, mas que não são jogos que requeiram uma PS4 e que podiam até ser lançados para a PS3 ou Vita).

A retrocompatibilidade PS2

Na realidade a retro-compatibilidade com a PS2 não é retro-compatibilidade nenhuma. É apenas uma forma de a Sony nos revender novamente os mesmos jogos. E aqui o trabalho nem é muito uma vez que eles passam por um programa automatizado que os melhora e converte para a PS4, acrescentando-lhes os trofeus. A questão é: Nenhum destes jogos é gratuito, mesmo para quem já possui a versão original! Face à retrocompatibilidade efectiva da Xbox One com os jogos 360 (limitada a autorizações dos fabricantes dos jogos), esta situação acaba por ser muito pouco interessante e mesmo digna. Para salvar a cara, Shuhei Yoshida refere que a  Sony sempre referiu que “A PS4 não possui retrocompatibilidade“. E isso aceita-se quando sabemos que a PS4 é incapaz de ler CDs. Daí que a Sony afirma que não havendo formas de se ler os CDs originais e dessa forma confirmar a titularidade dos jogos, o que existe é apenas uma forma de se trazer os jogos da PS2 para a PS4, não sendo uma verdadeira retro-compatibilidade. No entanto há que se referir que a PS4 não lê CDs por uma mera opção da Sony que resolveu não adicionar esse suporte no firmware. Qualquer drive Blu-Ray do mercado, e isso inclui todos os leitores Blu-Ray da Sony presentes no mercado, são capazes de ler CDs! Mas ignorando esse facto que já todos aceitaram como uma realidade, a resposta da Sony, apesar de custosa, até poderia ser digerida. Não fora pelos argumentos que se seguem! A questão aqui é que a Sony ao longo dos tempos lançou vários jogos recompilados da PS2 para a PS Vita e mesmo para a PS3. Alguns desses jogos foram remasterizações, outros apenas recompilados, mas o certo é que quem os admirava e adquiriu pagou por eles na PS2 e voltou a pagar por eles para a PS3 e para a Vita. Aliás estes jogos podem ser encontrados na loja da Sony como sendo clássicos PS2. Ora estes clássicos são na sua maioria “cross buy”, o que quer dizer que adquirindo-os para a PS Vita os temos para a PS3! Daí que surge a questão… porque motivo o “cross buy” desses jogos que já foram adquiridos não se estende para a nova versão PS4 tendo o jogo de ser comprado novamente neste sistema? Há aqui claramente uma falta de vontade da Sony, que parece mais preocupada em lucrar do que em ofertar. E o certo é que a concorrência oferece gratuitamente a retro-compatibilidade, vendendo apenas o jogo a quem não o tem, mas a Sony usa a sua posição dominante e desculpas algo esfarrapadas para nos revender, pela terceira vez, os mesmos jogos!



 

Final Fantasy VII

Quando da apresentação de Final Fantasy VII na Playstation Experience, a Sony mostrou uma série de videos Youtube com fans super contentes, um deles mesmo a chorar de contentamento, pelo remake de Final Fantasy VII. Ao ver essas imagens escolhidas pela Sony, fiquei sensibilizado! Achei que a Sony tinha sido tocada e que por isso estivesse a apresentar o jogo para que esses fans pudessem realmente aperceber-se que estaríamos perante um grande remake que poderiam ansiar no futuro. E este jogo, apesar que sairá para outras consolas é um exclusivo Sony por tempo limitado (talvez um ano, como Tomb Raider)

Mas o que se sabe agora que irá acontecer, e que a Sony optou por esconder na conferência, mesmo sendo parceiro privilegiado de desenvolvimento do jogo? O jogo vai ser vendido em… episódios!

Quando sabemos que a Microsoft teve uma intervenção enorme no desenvolvimento de Tomb Raider pois o mesmo foi tratado como se fosse um jogo First Party, o que vemos é que aqui ou a Sony não quer saber, ou pactua com esta situação. Basicamente a Sony que se mostrou tão sensibilizada com os fans vai permitir que o remake se transforme numa série episódica. Não porque o jogo precisasse de mais conteúdo, mas porque alguem, seja da Sony, ou com a participação da Sony, ao ver a reacção dos fans percebeu que tinha ali uma oportunidade de explorar o mundo ainda mais, não num único jogo com mais conteúdo, mas em vários jogos onde se lhes podes extorquir algum dinheiro adicional. Esta situação faz lembrar casos semelhantes, onde o sucesso que filmes comoThe Hunger Games, a Saga Twilight. ou mesmo The Hobbit tiveram (no último caso à sombra de Lord of The Rings), e onde, para extorquírem mais dinheiro aos fans se desdobrou um filme em dois enchendo-o de palha (Em The Hobbit, Peter Jackson chegou mesmo a fazer 3 filmes de um único livro de dimensões menores que cada um dos três livros da Saga Lord of The Rings)



Ora perante o que temos, o jogo deixou de ser um remake (para tal teria de ser um jogo completo), para ser um conjunto de jogos baseados na história original e personagens de FF VII.

Na melhor das hipóteses, até poderemos ter um um caso onde todo o tão esperado conceito do jogo original é mantido, pois Shuhei Yoshida refere que os episódios destinam-se a lançar o jogo mais cedo, e a Square fez referência a conteúdo adicional e novas zonas nunca antes acedidas. Mas tal implicará espera entre as partes, com quebra de ritmo e interesse. Deixará de ser a mesma coisa.

A Square Enix justifica a situação alegando que o jogo demora em média 62 horas a ser concluído. E que se alguém quiser fazer absolutamente tudo há mais de 220 horas de jogo. Nesse sentido, converter tudo para a qualidade atual demoraria anos. E daí a necessidade de episódios!

Ora para evitar tal espera a Square resolveu lançar o jogo em episódios. Nada mais justo, certo? A questão é: 220 horas? A sério?

De acordo com os utilizadores do website Gamelenghts (duração dos jogos) o tempo médio para terminar o jogo é efectivamente 62 horas, com o máximo a ser 221 horas. Certamente foi aqui que a Square foi buscar valores! Mas vejam os play times e verão vários jogadores a referirem ter acabado o jogo em perto de 30 horas. Agora vejam as estatísticas do mesmo site para GTA V. Tempo médio de 143 horas e máximo de 2000 horas. Mas vejam os play times e verão muitos jogadores a referir igualmente as 30 horas. Resumidamente o jogo, como todos, demora mais para uns do que para outros, mas vejamos por onde virmos o Final Fantasy VII original não é maior que um GTA V, que não é vendido em episódios.



E a Sony, que pagou pela exclusividade… Está de acordo com isto! Talvez porque há mais dinheiro a ganhar com os episódios?

O que virá a seguir? Uncharted em episódios?

Entretanto, na PS Store, a Sony já vende a versão adaptada e melhorada para PC, agora na PS4, do jogo original Final Fantasy VII. Afinal, como já vimos, poder vender o mesmo jogo várias vezes está nos hábitos da Sony.



Conclusões

No nosso artigo sobre a Black Friday referíamos que a vitória da PS4 poderia ser preocupante! (A vitória foi agora oficialmente confirmada por Éric Lempel, diretor de marketing da Sony). E apontávamos dois motivos para tal: Uma possível descida de investimento da Microsoft na sua consola e/ou uma possível posição abusiva à sombra da bananeira da Sony.

Defendíamos por isso que a vitória da Xbox One para esse período era mais interessante para nós consumidores, ao garantir que se mantinha a competição acesa, o que só seria bom para o cliente.

Ao que parece um dos nossos receios poderá ter razões e eventualmente estarmos prestes a entrar pelo segundo caso…

Acréscimo de última hora



A Deco, a Associação de defesa do consumidor veio alertar que empresas como a Radio Popular e a Worten subiram o preço de muitos produtos antes da Black Friday, apenas para os poderem descer novamente nas campanhas previstas para esse dia. Uma situação que lhes trará uma multa de 45 mil euros por cada produto detectado como alterado para a promoção.

Agora, e de acordo com o Gearnuke (e vários utilizadores confirmam a situação), a Sony parece ter entrado na mesma onda. Segundo este website a Sony subiu o preço de uma série de jogos vendidos digitalmente antes de iniciar a actual promoção presente na sua loja onde promove a compra de dois jogos pelo preço de um ( Como exemplo, The Order 1886 está a 49.99 euros, quando utilizadores reportam que este estava a 10 dólares na PSN Americana). A notícia original pode ser lida no Link, e demonstra que efetivamente a empresa parece estar a entrar numa política de obtenção máxima de lucros, deixando de colocar os jogadores em primeiro lugar.

 



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