Porque motivo as atuais consolas foram e são ainda boa alternativa ao PC.

O grande motivo continua a ser a relação qualidade preço.

Olhando para 2020, o que PS5 e Xbox series X ofereciam por 500 euros era imbatível.

Apesar de termos feito alguns comparativos com o hardware PC na altura, não vamos citar nada nosso como referencia, mas sim citar uma conclusão tirada após uma análise de um outro prestigiado website, a Digital Foundry. Eis então essa conclusão:

According to DF, next gen consoles have a better GPU then approximately 97% of current PCs in the Steam PC survey. In addition, only 7% of the survey PCs even have an 8 core CPU (much less Zen 2 obviously). I knew the PS5’s SSD was best in class but that’s staggering.

Eis o vídeo onde a DF conclui isso mesmo:

Basicamente as atuais consolas mostravam um hardware altamente poderoso e acessível a baixo custo, que batia 97% dos GPUs activos de PC. Isso não queria dizer que o PC não tivesse já na altura máquinas super poderosas, mas elas não eram minimamente representativas do poder médio dos PCs.

Se tomarmos em conta que nessa altura os GPUS PC eram escassos e ultra caros, as consolas eram uma escolha imbatível.

Mas e agora? Qual a realidade atual?

Para terem uma ideia nada como verificarem as listas com as estatísticas atuais de uso de hardware do Steam, que podem encontrar aqui.

A atual lista mostra uma realidade bem diferente da de 2020, com uma boa presença de hardware melhorado face a 2020. Aliás, de 2020 para agora, o GPU mais usado deixou de ser a GTX 1650 Ti para ser a RTX 3060. Uma evolução considerável na média de performances do PC.

Mas as consolas sempre tiveram ao longo da sua história algo que as marcou. O serem um hardware fixo permite a criação de APIs de baixo nível que vão completamente ao “metal”. Quer isso dizer que os programadores sabem o comportamento e potencialidades daquele GPU específico, e usam-nas. Isso é algo inexistente no PC onde a enorme diversidade de hardware obriga a rotinas mais genéricas e generalistas que sejam compatíveis com todos os GPUs.

Num exemplo dado há alguns anos por um programador, ele referia que durante a execução do seu software implementou uma metodologia de colocação de texturas que se destacava pela sua velocidade. No entanto quando o fez deparou-se com dois problemas. Os GPUs mais antigos não suportavam o método, e dentro dos mais atuais um dos três maiores fabricantes de GPUs (não vou citar qual) possuía bugs gráficas no seu modelo mais popular quando se implementava o método. A situação obrigou assim à implementação por defeito de uma metodologia diferente e mais compatível, que lhe garantisse uma maior cobertura de PCs, de forma a tornar o potencial mercado largo o suficiente para que as vendas pudessem funcionar.

Naturalmente isto foi apenas um exemplo, mas mostra como um hardware fixo pode trazer vantagens pelo simples facto de se saber o que contar, e mesmo saber como contornar eventuais limitações. Claro que problemas como o do caso específico de cima se resolvem com opções nos menus, mas essa situação tem outras implicações como uso de RAM para conter os dois códigos, e detectar o suporte nos GPUs, e um comportamento ingame que pode trazer performances diferentes e não necessariamente melhores, bugs diferentes, diferente uso de RAM ingame, etc. Ou seja, requer mais tempo de desenvolvimento e atenção dos programadores. Nas consolas esta é uma situação que não se usa, optando-se sempre que possível pelo método com melhor performance para aquele hardware.

O que isto quer dizer é que o uso do hardware das consolas melhora com os anos, e o conhecimento do mesmo. Daí que quando os primeiros jogos foram lançados eles eram comparados a nível de performances com a RTX 2070 da Nvidia.

No entanto, transcorridos três anos, a média das comparações aponta a RTX 3070 Ti ou mesmo a 3080 como o GPU que mais se equivale às performances das consolas (neste caso a PS5). Não quer dizer que não hajam casos onde as consolas não fiquem abaixo, pois nem todos os programadores dominam o hardware da mesma maneira, e tem a mesma experiência com o mesmo, mas a realidade é que a 3070 Ti e a 3080 são GPUs normalmente referenciados nas comparações da Digital Foundry ou do NXGamer pela IGN.

O que isto implica é que se o hardware médio do PC subiu, também a performance das consolas melhorou. E com a 3070 Ti ou 3080 a aparecerem maioritariamente referenciadas como os GPUs que se equivalem no PC, a situação não se alterou muito face a 2020. Tenha-se ainda em conta que uma 3070 standard, apesar de ter descido bastante de preço face ao que havia em 2020, ainda hoje custa perto de 500 euros, ou seja, tanto como a totalidade de uma consola.

O que isto quer dizer é que as consolas ainda são uma boa alternativa. Tem o suporte, e tem as optimizações, obtendo assim performances aceitáveis e uma garantia de suporte que deverá durar até 2028. Poderá um possuidor de um PC equivalente garantir o mesmo? É algo que teremos de ver!