A XBox One foi apresentada. E sinceramente, pessoalmente, decepcionou-me tremendamente. E explico os motivos para tal.
Quando vi a apresentação da nova Xbox, sinceramente não estava à espera de ver apresentarem um hardware arrasador. Nada apontava nesse sentido e sabia-se de vários rumores que a consola até seria algo inferior à PS4. No entanto esperava ver uma grande apresentação. Algo que cativasse as pessoas e as prendesse à consola. Por outras palavras esperava ver jogos exclusivos, inovadores e a fazerem uso do Kinect.
E sendo um jogador que iria assistir à apresentação de uma máquina dedicada a jogos, normalmente chamada de consola, foi exactamente na perspectiva de jogador que assisti a toda a apresentação. E saí de lá decepcionado.
Para começar o nome… XBOX ONE??? Convenhamos… A Xbox 1 foi lançada em 2001, e precedida da Xbox 360 em 2005. E agora que estamos na terceira iteração da consola o nome volta a ser ONE (1 em Português)?
Apesar de esta situação estar algo esquecida, vou relembrar aqui um facto que esteve relacionado com a escolha do nome da Xbox 360. A primeira consola, na altura apenas denominada de Xbox, concorreu contra a Playstation 2, a consola de mesa mais vendida de sempre.
Mas com o lançamento da nova consola a Microsoft optou por não a chamar de Xbox 2. E o motivo era simples! Tendo sido esmagada pela Playstation a nova Xbox não convinha chamar-se 2 e ir concorrer contra uma nova Playstation que possuia um 3 no nome. Daí que, segundo os rumores da indústria, a Microsoft tenha optado pelo uso de um nome que não permitisse comparações directas entre a sua consola e a PS3, dando ideia de a sua versão ser inferior. E desta forma optou por colocar também um 3 no seu nome. Mas não sendo esta uma terceira versão o 60 foi acrescentado, e daí o nome Xbox 360.
História verdadeira ou não esta é uma situação real no mundo da tecnologia. Os compradores ligam muito ao número, e estando menos informados optam por aquele que possui o número mais alto. É, na sua ideia, a versão mais recente e mais potente. Pode parecer incrível, mas é uma realidade.
Daí que com uma Playstation com um 4 no seu nome, vir chamar à consola Xbox One é não só um contra-senso por parecer um regresso às origens, mas igualmente aquilo que pode ser uma má jogada de marketing. E com nomes como Infinity que haviam surgido como rumor, chamar One à consola pareceu-me um contra-senso.
Mas porque motivo insisto nisto? Bem, porque eu não tive a oportunidade de ver tudo em directo, tendo depois assistido em diferido. E quando me conectei para ver o Feed, apanhei algumas palavras que referiam que iríamos ver imagens de Forza na Xbox One. E não sabendo que se tratava do nome da nova consola, nem sequer imaginando o que se passava ali, mal vi as imagens pensei para mim: “Oh grande treta… isto é um video, onde é que a Xbox 1 fazia este tipo de gráficos?“.
E se esta confusão aconteceu comigo, imaginem o que não se irá passar na cabeça de pessoas menos informadas. E acreditem, elas são muitas… mas mesmo muitas.
Mas nomes à parte, isso é irrelevante. O que interessava era a consola em si. E se não gosto de Xbox One posso sempre chamar-lhe “Gertrudes“. Afinal o que se passa no interior da casa de cada um só diz respeito a eles. 🙂
Mas tendo assistido à apresentação da PS4, o que vi foi a apresentação de um produto destinado a jogos, criado especificamente para jogos, e destinado aos jogadores. Uma consola na verdadeira ascensão da palavra e que, mais do que nunca, tentava agradar aos seus consumidores de todas as formas possíveis e imaginárias. Algo que esperava a Microsoft batesse.
Mas na apresentação da Xbox One, quando esperava ver uma consola apresentada, o que vi na realidade foi uma espécie de Setup-box c/ DVR inovadora, e que também possui uma consola. Muito bom, mas de interesse algo limitado pois todos nós já temos boxes na sala e a Xbox One irá ser não mais uma, mas sim mais duas boxes adicionais. É que mais uma vez, e convenientemente, a Microsoft esqueceu-se de alertar que todos os serviços de TV, necessitarão de uma segunda caixa adicional para funcionar.
Mas mais curioso, na apresentação de 1 hora da nova consola Xbox, 35 minutos foram usados a falar de… TV. Não era minimamente o que eu, na perspectiva de jogador, estava à espera. E nem sequer foi esse o motivo que me levou a assistir à apresentação. Sim, eu gosto de Star Trek, mas naquele caso estava ali era para ver jogos e as capacidades da consola para os correr e não como podia fazer zoom com as mãos ao ver Star Trek.
Questionam vocês: “Mas e essas características extras não te interessam?“. Sim, interessam-me! Claro que interessam! Mas para esse tipo de coisas eu não compro uma consola, compro uma SmartTV. Aliás todos os serviços apresentados relativos à Live TV, e que a Microsoft se esqueceu de referir, apenas estarão na altura do lançamento da consola, disponíveis nos EUA. Quer isso dizer que para a Europa e resto do mundo, os 35 minutos iniciais foram apenas lixo. Nada ali que nos venha a interessar especialmente num país esquecido chamado Portugal.
Ah sim, há uma excepção que interessa, pelo menos a mim! O saber que teremos uma consola com uma câmara que estará sempre a ouvir e a ver o que fazemos, esperando por comandos para se activar. Nada que me interesse particularmente ter, ainda mais sabendo que essa informação está a ser obtida por uma consola ligada à internet e a servidores dos mais diversos. E se a Microsoft refere que a consola não precisa de ligação permanente a internet tem razão. Só não disse foi que ela precisa de se ligar à internet a cada 24 horas, mesmo que só se pretenda jogar jogos offline. E isso só foi dito depois da conferência mediante insistentes perguntas.
Mas seja como for tenho de confessar que particularmente essas situações pouco me interessam. A TV que vejo é pouca ou nenhuma, e o uso que dou à minha SmartTV é a leitura de DIVX e filmes 3D. De resto uso o Timewarp da ZON quando quero ver algo de TV, mas TV em directo… pfff… Já nem me lembra!
Mas ao fim dos 35 minutosde apresentação… Eis que OS JOGOS APARECEM!
Mas espera??? FIFA 14??? Exclusivo??? Nã…. E então? Apresentam assim um FIFA, um jogo que sairá para a PS4 também E abrem a apresentação dos jogos com ele? Que raio?
Pois… incompreensível. É certo que houve algumas situações relacionadas que podemos considerar como “exclusivas”. E aí falamos do anuncio da “parceria estratégica” entre a EA e a Microsoft. Curiosamente algo em tudo idêntico ao anunciado entre a EA e a Nintendo quando da apresentação da WiiU. Sim, a mesma EA que agora deixou de produzir jogos para a consola!
Por outras palavras… mero paleio. Ainda se apresentassem um exclusivo!
Mas os exclusivos vieram. Sob a forma de Forza 5. E grande jogo, grandes gráficos! Só faltou uns minutos de vídeo de jogo jogado para se perceber que o que víamos era efectivamente algo criado com o motor do jogo e não um mero vídeo. Mas nada que tirasse o brilhantismo ao jogo.
O jogo que se seguiu foi Quantum Break. E ali fiquei um bocado sem perceber o que tinha visto? Aquilo era um vídeo com jogo, ou um jogo com muito vídeo? Sim, porque o que vi foi muito vídeo com actores e pouco do jogo em si.
Esperando-se ainda muito mais jogos, eis que surge Call of Duty: Ghosts. Outro jogo NÃO EXCLUSIVO, mas que terá direito a conteúdo extra por download exclusivo… durante alguns meses, altura em que sairá para a PS4.
Resumindo, a apresentação da consola, como consola de jogos, decepcionou. E mais ainda porque a Microsoft sabia o que a Sony já tinha apresentado e como tal poderia ter focado a sua apresentação em algo que explorasse os pontos fortes da sua consola. Aquilo que o seu produto poderia oferecer e que o da Sony não.
Mas o que vimos foi pouca ênfase nos jogos, e muita ênfase na TV. Haverá algum pai que vai permitir ao seu filho usar a TV da sala para jogar os seus jogos? E será que aquilo que a consola tem para oferecer nesse campo é superior ao que tem para oferecer nos jogos ao ponto de se dar o grande ênfase a essa componente?
A realidade é que como gamer, o que vi não me agradou. Mas o certo é que uma coisa é a apresentação, outra é a consola. E sobre ela só me pronunciarei quando tiver mais dados. No entanto a questão dos serviços TV é algo que, particularmente, não me interessam.