Em defesa das crianças! Este foi o argumento usado para a Sony não suportar o Cross Play! É agora o argumento usado para justificar a censura a partes mais sensuais de jogos. Mas apesar da suposta defesa dos menores, tal não é desculpa para impedir que um jogo como The Last of Us 2 apresente violência gráfica e explicita, de forma gratuita, e este tipo de incoerência não é aceitável!
Recentemente a Sony tem vindo a ser criticada pelo facto de andar a censurar partes de jogos que apresentam algumas partes do corpo humano feminino de forma mais explicita. E essa situação não tem caído muito bem junto dos fans da empresa, uma vez que a Sony é a única empresa a fazer esta censura, e mesmo a Nintendo, cujo público alvo é em geral ainda mais jovem, não faz isso!
Porque motivo a Sony entra nestas situações de, por exemplo, não permitir que jogos como Dead or Alive Xtreme 3 não saiam dos mercados asiáticos, ou de ter optado por em Conan Exile ter eliminado completamente a nudez e agora em Catherine Full Body proceder à censura de determinadas partes do jogo (aqui ainda se desconhece exactamente a extensão da censura)?
A questão é que a Sony aparenta ter a pretensão de se mostrar muito amiga dos valores de família, facilitando a vida aos pais dos seus clientes, e eliminando tudo o que possa ser nocivo para as crianças, e isso transparece nas frase do presidente da Sony Japão, Sheng Bonn, quando questionado sobre o motivo das censuras da Sony:
No que toca a restrições de expressão, apenas nos adaptamos aos standards globais. Considerando o balanço entre liberdade de expressão e a segurança das crianças, penso que tal é um problema difícil.
Para começar, o que são esses standards globais a que a Sony se refere??? Será que, para ser global, vamos começar a ter mulheres de burca nos jogos para agradar a todos? Porque na minha maneira de ver os standards globais acabaram com a censura digna dos regimes ditatoriais.
E defesa das crianças??? Outra vez? Será que a Sony acha mesmo que os seus clientes são prioritariamente crianças? Será que esqueçe que uma censura afecta todas as faixas etárias? E será que esquece que a defesa dessas crianças está já assegurada por quem deve, ao ter sido criado umpelo rating pela ESBR (Entertainment Software Rating Board), e outro pela PEGI (Pan European Game Information), que separa e cataloga os jogos de acordo com os conteúdos, para as diversas faixas etárias, competindo depois aos pais decidir o que dão ou não dão aos seus filhos, e aos vendedores assegurar que os compradores possuem idade suficiente??
Para quem nunca reparou (a sério??), nas capas dos video jogos há esta avaliação que aqui na Europa é normalmente da PEGI. Eis a capa Portuguesa de Uncharted onde podemos ver isso:
Veem ali um quadrado amarelo com um 16? É a avaliação PEGI que indica que este é um jogo para maiores de 16! Todos os jogos vendidos na Europa possuem esta avaliação que nada tem a ver com a dificuldade do jogo, mas sim com o conteúdo ser mais ou menos adulto.
Daí que há que se questionar porque motivo a Sony quer defender as crianças se já há na caixa a indicação da faixa etária? Só pode mesmo ser para facilitar a vida aos pais, garantindo que os seus jogos não possuem conteúdo inapropriado e tentando passar uma imagem de “amiga dos valores familiares”.
Mas se realmente é essa a ideia, a Sony está a entrar por péssimos caminhos. Primeiro porque está a censurar e limitar o consumidor adulto, o que não vejo como correcto! Porque motivo os adultos são tratados como crianças? Depois porque não compete à Sony tomar essa posição, muito menos em jogos que são multiplataforma e que não sofrem igual censura nos sistemas concorrentes, sendo que nunca ninguém lhes pediu que fizessem mais que os outros! Aliás como adulto que sou não pretendo ver jogos censurados nas consolas da Sony, quando nas restantes, igualmente acessíveis e igualmente disponíveis em minha casa, o jogo não está! Pura e simplesmente tal não é coerente! Que raio de standards globais é que se passa com uma imagem de censura aplicada a tudo e todos, e que se julgava erradicada desde os tempos da inquisição é que eu não sei!
Aliás a resposta da Sony é acima de tudo hipócrita pois na realidade a sua censura restringe-se ao corte da amostragem de determinadas partes do corpo, e não a uma proteção geral em si.
E nesse sentido torna-se totalmente incoerente que um seio possa ser encarado como algo de que as crianças tenham de ser proibidas de conviver, obrigando o fabricante do jogo a modificar a cena, mas já uma cena de violência gratuita onde alguém com um martelo desfaz o braço de outra pessoa, ou alguém resolve com uma faca abrir a barriga de outra, deixando as tripas ao dependuro, misturado com cenas de lesbianismo já é aceitável, e a Sony até passa esse trailer na E3, no meio de jogos mais infantis, e sem qualquer aviso relativo ao conteúdo. Tudo isso, num jogo exclusivo da consola.
Isto não é uma mera incongruência, isto é algo que é incompreensível, e que é mesmo a definição pura de hipocrisia! Não há desculpas para esta situação, e se a Sony efectivamente quer proteger o público mais novo indo pelo caminho da censura com vista à defesa das crianças, não pode de forma alguma aceitar que um jogo como The Last of Us 2 seja sequer comercializado no estado em que está!
Mas se o aceita, e tem de o fazer sob pena de poder perder a liderança de mercado, sendo que Tlou é um jogo que se espera venha a ser um sucessomde vendas, porque raio um pedaço de rabo ou um seio tem de ser censurados? Será que a exposição de uma criança a estas coisas é inaceitável, mas matar e a estripar outros personagens já é aceitável?
Cara Sony… ganhem juizo! Se pretendem verdadeiramenre defender os clientes, basta que continuem a dar as ferramentas para que as pessoas saibam que o que compram, e os vendedores saibam o que vendem. Daí para a frente compete aos pais, e apenas a eles, defenderem os seus filhos, não sendo competência da Sony armar-se em paternalista, pois como vemos, nesse aspecto, está a espalhar-se completamente!
Mas se querem realmente entrar por aí, criem limitações de idade que possam ser activadas nas consolas, e que ou bloqueiem o jogo ou partes sinalizadas no seu conteúdo, mas deixando o mesmo livre a adultos que não pretendem ver-se a ser tratados como miúdos.