A Xbox One começou mal. As políticas desejadas para a consola caíram que nem uma bomba e a consola foi mal recebida, sendo necessário a Microsoft mudar as mesmas para o mercado abraçar a consola. Agora, numa altura onde a consola estava bem, as novas políticas da Microsoft colocam novamente sombras sobre o seu futuro!
As políticas passadas e o mau lançamento da Xbox One
O passado é conhecido, e todos sabemos que a Xbox One foi mal recebida no mercado. Tratava-se de uma consola, mas a Microsoft não a tratou como tal, Em vez disso apresentou um sistema multimédia de sala, com elevado foco na TV,e carregado de sistemas de DRM que impediam o uso de usados e obrigavam a consola a uma ligação permanente à internet.
A reacção foi má, e a imprensa caiu em cima da Microsoft. Aquilo que todos esperavam, uma mera consola de jogos, era apenas uma das funções do sistema apresentado, e a combinação de funcionalidades acabavam por penalizar a função de consola de jogos, e que era a única para a qual as pessoas que estavam presentes na apresentação ali se deslocaram para conhecer.
Devido a essas políticas, que a Sony não seguiu, apresentando uma consola que, graças a esta situação, até acabou por utilizar o lema “Isto é para os Jogadores”, a Xbox One saiu penalizada, com muitos dos seus fieis seguidores a mudarem para a concorrência.
Mas os resultados desta imposição de políticas foram claros. As vendas iniciais da consola foram decepcionantes e a Microsoft viu-se obrigada a ir alterando todas as políticas uma a uma, de forma a acabar por fazer aquilo que sempre fora esperado. Tornar a Xbox One numa consola, e acima de tudo numa consola apetecível.
Aliás Phil Spencer foi uma peça chave para que tal acontecesse, mas infelizmente não sem que as políticas iniciais tenham deixado as suas marcas indeléveis nas escolhas do hardware e que tornam a Xbox One inferior em performances à sua concorrência.
As alterações às políticas e o renascimento da Xbox One
Mas as coisas mudaram. E muito! A Microsoft, com Phil Spencer no comando mudou radicalmente o rumo da Xbox One. Melhorias constantes nas performances, no SDK, no firmware, no OS e no API da consola foram trazendo mais e mais performance ao sistema, aproximando-o mais da concorrente.
Acima de tudo Phil Spencer trouxe um diálogo mais próximo do utilizador, maior abertura e clareza, conquistando confianças e recuperando o crédito perdido.
E a Xbox One cresceu e tornou-se num sistema a possuir! Uma consola… e com bons jogos!
As expectativas da Microsoft
E a verdade é que as vendas da Xbox One estão longe de ser más. A consola vende mais do que a Xbox 360 e como tal só poderia ser considerada um sucesso. Ou será que não?
Apesar desta realidade, a Microsoft voou alto com as suas previsões de vendas. Em Maio de 2013 a Microsoft referiu publicamente que acreditava que o mercado iria absorver 25 milhões de consolas Xbox 360 em 5 anos, e que esperava que a venda conjunta de consolas de nova geração atingisse na sua vida útil os mil milhões (1 bilião no sistema numérico Americano) de consolas. Ou seja, dado que na altura apenas se tinha conhecimento da consola da Sony como concorrente, a Microsoft esperava no mínimo vender 500 milhões de consolas Xbox One. – Fonte
Resumidamente, pelo menos face às expectativas iniciais reveladas pela Microsoft, teremos de considerar que a Xbox não só vende mal, como vende… muito mal! E a 360, essa vende pessimamente! E note-se que aqui não se trata de uma má interpretação ou algo dito por um mero funcionário. As palavras foram claras e vindas directamente da boca do na altura Vice Presidente Sénior do negócio de Entertenimento Interactivo da Microsoft, Yusuf Mehdi (Que ainda se mantêm como Vice Presidente mas agora em outra secção)). Vindo de um Vice Presidente certamente não serão números inventados na hora, mas expectativas reais da empresa que foram colocadas em cima da mesa na altura do desenvolvimento da consola.
Por incríveis que as previsões de cima possam parecer, a realidade é que a Microsoft existe para ganhar dinheiro. E não apenas uns tostões, pois estamos a falar de uma das maiores empresas do mundo, daí que seja normal pensar em grande. Infelizmente torna-se difícil fazer ver a muitas pessoas que as empresas não existem para agradar os gostos de cada cliente, mas sim para fazer dinheiro, não seguindo as políticas que cada um gostaria mas sim aquelas que na sua perspectiva podem ser mais lucrativas. E a Microsoft tendo como negócio primordial o PC e os sistemas operativos e serviços office, a Xbox One ou se revelava um negócio capaz de gerar um bom lucro ou não tinha lugar nesta empresa. Aliás durante a mudança de CEO da empresa, e dados os resultados pouco interessantes da divisão Xbox, Steve Elop, um dos grandes candidatos ao cargo, não via na consola algo a manter e como tal possuía a pretensão de desfazer-se da mesma. – Fonte
As novas políticas de Satya Nadella e a criação de uma plataforma Xbox
O eleito para novo CEO da Microsoft acabou por ser Satya Nadella e este decidiu manter a Xbox na empresa. No entanto o seu plano era claro, a Xbox como mera consola deixaria de existir e a Xbox passaria a ser uma plataforma na qual a consola era apenas um dos componentes. O restante seriam os PCs com o Windows 10, onde a Xbox One, apesar de um lugar predominante, e dedicado exclusivamente aos jogos seria apenas mais um sistema Windows. – Fonte
E nesse sentido começaria a uniformização da plataforma, com a introdução do DirectX 12 no PC de forma a lhe trazer as mesmas capacidades da consola e permitir uma programação uniforme e homogênea, bem como a introdução do Windows 10 como sistema operativo da Xbox One.
Começamos então desde logo a ver a migração de exclusivos Xbox One para PC. Ryse: Son of Rome, Killer Instinct, Project Spark, TitanFall, e Dead Rising, todos passaram, uns mais cedo, outros mais tarde, para PC, fazendo parte do primeiro lote de conversões.
No último trimestre de 2015 a Microsoft jogou uma cartada enorme de forma a tentar igualar ou superar a concorrência. E nesse sentido, para o final de 2015 a empresa apostou não só em descidas de preço, bundles com promoções fantásticas, mas igualmente em exclusivos em quantidade de forma a promover a sua consola e trazer a mesma para a ribalta. Gears of War: Ultimate Edition, Halo 5 (o maior franchising exclusivo das consolas), Forza Motorsport 6 e Rise of The Tomb Raider (exclusivo temporário) foram os jogos AAA lançados na Xbox One em 2015 fazendo parte daquilo que a Microsoft apelidava de o maior “lineup” de jogos de sempre da história da Xbox.
Curiosamente, para o final de 2015 a consola concorrente não apresentava qualquer título com exclusividade, e tudo parecia apontar no sentido de a Xbox poder ganhar o período (aliás a consola chegou a bater a PS4 nos EUA em Outubro).
Mas a realidade é que, mesmo com todos estes títulos, e a vitória nos EUA em Outubro, a Xbox One não conseguiu superar as vendas da PS4 no último trimestre: Não só isso, mas as vendas da PS4 atingiram nos últimos dois meses valores recorde históricos. Para o maior “lineup” da história da Xbox e face a uma consola que não apresentava um único exclusivo, a derrota terá sido, no mínimo, desanimadora e certamente deu à Microsoft mais motivos para pensar que a única forma de obter uma penetração de mercado com os valores inicialmente previstos passava mesmo por meter os PCs ao barulho e criar a uniformização da plataforma.
O certo é que a Microsoft deu já a conhecer mais títulos para essa uniformização, e os restantes exclusivos AAA que estavam anunciados para a Xbox One foram sendo igualmente anunciados para PC. Neste momento a lista, incluindo jogos AAA ou de grande sucesso, que já passaram ou que virão a passar para o PC, inclui:
Halo Wars 2, Fable Legends, Recore, Sea of Thieves, Gigantic, Killer Instinct Season 3, Gears of War: Ultimate edition, Ori and The Blind Forest, Cobalt e agora Quantum Break.
Gears 4 e Scalebound estão igualmente indicados como vindo a sair para PC, apesar que tal não surgiu de fontes oficiais mas recorde-se que a 7 de Agosto Phil Spencer foi questionado directamente sobre a possibilidade de Gears 4, Scalebound e Quantum Break virem para o PC, e este não fechou a porta a tal. – Fonte – Sabemos agora que Quantum Break se confirmou, e correm rumores que referem que se espera o anuncio dos outros dois jogos numa conferência que a Microsoft realizará a 25 de Fevereiro!
Essencialmente, de todos os exclusivos AAA lançados até hoje para a Xbox One apenas restam os jogos da série Forza Motorsports e Halo, bem como Sunset Overdrive. E dos exclusivos previstos para 2016 resta Crackdown 3 que, como referido, poderá ainda vir para PC.
Uma plataforma Xbox – Algo bom ou mau?
A existência e uma plataforma Xbox poderá trazer vantagens para a Xbox One, mas há igualmente desvantagens claras, e torna-se pouco claro qual dos lados terá mais peso.
O Bom
Com a nova ideologia a Xbox One é apenas mais um PC da plataforma Xbox. Mas é uma máquina de suporte obrigatório. Já os restantes PCs que terão acesso à plataforma poderão variar dependendo dos requisitos mínimos para cada jogo, não garantindo assim quem uma máquina específica que tenha acesso aos jogos da consola. Pelo menos nesta fase isso parece ser assim!
Sendo a Xbox um sistema extremamente acessível e com um preço que se torna impossível igualar num PC (só a licença do windows são cerca de 100 euros), a consola continuará a ser apetecível dentro do ecosistema consola-PC e é expectável que possa continuar a vender.
Mais ainda, com o aumento das vendas de jogos a Microsoft pode recolher mais lucros e investir em mais e mais jogos First Party, criando cada vez mais e melhores jogos.
O Mau
Infelizmente o número de situações que podemos elencar e que parecem ser desfavoráveis à consola (não confundir com a plataforma) são bastante mais do que os favoráveis.
A questão é que mesmo sendo mais caro montar um PC que garanta ser suportado, todos os jogos que saírem para a Xbox One correrão melhor no PC. Terão melhores gráficos, melhores fotogramas e mais opções, podendo ser jogados com teclado e rato ou com controlador. E poderão mesmo ser jogados com qualquer controlador que se deseje (seja ele de um fabricante qualquer ou da Wii, PS4, etc).
Quando os amantes da Xbox One se mostraram entusiasmados pela ideia de poder vir a existir uma nova versão da consola equipada com um GPU AMD mais potente da gama Polaris, tal demonstrou que há muitos utilizadores da consola que estão dispostos a gastar mais dinheiro para terem melhores jogos, e que como tal deverão estar agora, perante a realidade de jogos Xbox no PC, dispostos a mudar (aliás o facto de haver largos milhares de pessoas que ainda vão ao website do MisterXmedia mostra isso mesmo, uma obsessão por obter mais performance nos seus jogos). E muitos mudarão mesmo para um PC mais potente agora que sabem que os grandes jogos e Franchisings dos videojogos, anteriormente exclusivos da Xbox One, sairão para o seu PC e poderão nem requerer uma assinatura live (dificilmente os possuidores de PC irão pagar por algo que sempre tiveram gratuitamente).
Depois há que se pensar que a Microsoft está a efectuar esta medida para agradar aos utilizadores PC que pretende cativar. E estes certamente não se mostrarão agradados caso os sistemas que sejam exigidos para correr o jogo com igual qualidade sejam muito superiores ao hardware da consola. Tal demonstrará falta de optimização que não será bem aceite e a Microsoft corre o risco de antagonizar os utilizadores Xbox por lhes retirar os exclusivos, e os utilizadores PC por não optimizar para a sua plataforma. Pode vir a ser um pau com dois bicos, especialmente se com isso os possuidores PC alegarem e espalharem que a culpa dos maiores requisitos é do Windows 10. Mesmo que injustificadamente essa situação mexeria com a imagem do OS e de forma directa com o negócio nuclear da Microsoft.
Já na consola, uma coisa é clara, esta perde um dos grandes argumentos para a compra daquele hardware específico, os exclusivos! E saber-se que se tem de pagar 60 euros anuais para jogar os mesmos jogos que no PC só podem ser gratuitos (no PC ninguém vai pagar uma anuidade por algo que sempre foi gratuito). terá certamente peso também.
Face à consola concorrente a Xbox perde basicamente todos os atractivos. A PS4 pode correr todos os multi plataforma melhor, mas terá ainda jogos que apenas podem ser jogados no seu hardware, justificando completamente a compra. Mesmo os jogos criados para a plataforma Playstation verão na PS4 o sistema mais potente, ao passo que na plataforma Xbox… a consola será o sistema mais fraco.
Parece assim que para esta geração, com esta atitude, o interesse em consolas se fixa na PS4. Já para quem quer mais do que um sistema, o PC, apesar de obrigar a mais despesa, torna-se agora mais atractivo que a Xbox e poderá levar muitos a optar por ele em detrimento da consola.
Daí que parece que a Microsoft está a colocar a Xbox One numa posição de venda apenas para quem não pretende gastar muito dinheiro, quando no passado ela existia como obrigatória para quem quisesse jogar os seus jogos. São posições de mercado bem diferentes!
Esperemos no entanto que com estas políticas haja algo mais que não se está a ver, e que a Xbox como consola não deixe de ser uma concorrente à altura da PS4. Seria terrível pensar no que seria uma Sony sem concorrência e liberdade para poder fazer o que bem quisesse. Daí que estas políticas sejam preocupantes para o futuro da Xbox, mas igualmente para a PS4! É que sem uma concorrência activa e directa, há um monopólio que não interessa a ninguém!
O certo é que a Microsoft ainda não definiu exactamente o que será a sua consola e com tanta alteração de ideologia e política qualquer cliente que não esteja na marca por fanatismo terá no mínimo de se questionar que futuro se pretende realmente para a consola.