Policia Europeia pede fim da encriptação ponto a ponto.

Apesar de a medida garantir a privacidade do cliente, a mesma é um problema para as forças da ordem.

As leis de privacidade e a atuação das policias são algo que entra normalmente em conflito. E nesse sentido, num comunicado oficial, a Europol veio referir que está preocupada com a existência de diversos software com encriptação ponto a ponto que impede a vigilância por parte da polícia. E nesse sentido pede aos diversos governos e empresas que atuam no sector que ponham um fim deste método de segurança, que está a “enfraquecer a luta contra o crime”.

Naturalmente que, de acordo com o novo RGPD, a encriptação ponto a ponto revela-se uma ferramenta de elevado valor para a proteção da privacidade dos utilizadores. E se esta é valorizada o certo é que há quem se aproveite desta proteção para atividades menos lícitas, garantindo assim que não conseguem ser escutados ou interceptados. E é devido a isso mesmo que a Europol está a apelar para que a encriptação seja terminada.

E é exatamente por se considerar que esta ferramenta enfraquece a o combate ao crime e corrupção que 32 chefes de polícia europeus assinaram uma carta aberta, apelando a medidas relativamente à encriptação ponto a ponto. E cita-se parte do texto:

As medidas de privacidade atualmente em vigor, como a encriptação ponto a ponto, impedirão as empresas tecnológicas de detectar quaisquer violações que ocorram nas suas plataformas.

Impedirão também que as autoridades policiais obtenham e utilizem estas provas em investigações para prevenir e processar os crimes mais graves, como o abuso sexual de crianças, o tráfico de seres humanos, o contrabando de droga, os homicídios, os crimes económicos e os crimes de terrorismo.

Catherine De Bolle, diretora-executiva da Europol, chama a atenção para o facto que “se a polícia perder a capacidade de recolher provas, a nossa sociedade não conseguirá proteger as pessoas de se tornarem vítimas de crimes”. E nesse sentido defende que a polícia deve ter meios que lhe permitam aceder e analisar o que se passa na Internet, sempre que tal se revele uma ferramenta útil no combate ao crime.



Para os 32 polícias signatários, a segurança online depende da capacidade das empresas de tecnologia para identificar “proativamente” atividades ilegais e prejudiciais nas suas plataformas, bem como para fornecerem os dados de suspeitos de crimes nos seus serviços.

Isto não quer dizer que a Europol seja contra a privacidade dos utilizadores, apenas que não aceitam que a escolha seja entre a privacidade e a segurança pública. Assim, estas pedem técnicas ou formas, que podem não passar pelo fim da encriptação ou da privacidade, mas que permitam à polícia, em caso de necessidade, aceder aos conteúdos que entendam necessários na combate ao crime.



6 Comentários
Antigos
Recentes
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
Juca
Juca
28 de Abril de 2024 9:56

Esse é um dos grandes dilemas da modernidade, até que ponto, deveríamos abrir mão de nossos direitos individuais para vivermos em coletividade. Até que ponto o Estado pode ter o direito de saber da vida de cada um em intimidade sob a pretensa ideia de proteger o bem comum? E até que ponto isso seria proteção ou instrumento de perseguição.

O que me preocupa mais mesmo é que empresas invadem sua intimidade todo dia e nada acontece, e outra, as IAs com seus videos e audios falsos, estão vindo aí com potencial para minar o tecido social e acabar com um fundamento básico de qualquer relação, a confiança no que se vê e se ouve. As coisas estão ficando cada vez mais difíceis.

Mas tenho um amigo que sempre diz: “Tudo é de propósito!”.

Last edited 6 meses atrás by Juca
Deto
Deto
28 de Abril de 2024 13:47

Bom, acho que é só deixar similar a uma linha telefonica normal

grampear com ordem judicial

acessar o log antigo? telefonia tem gravação de ligações?

se tiver, dá o mesmo prazo para o whatsapp por ex, armazenar mensagens.

aqui no Brasil por ex, antes de ter legislação especifica, simplesmente o judiciário considerava e-mail = carta e julgava assim.

usava a mesma legislação de violação de correspondência (carta de papel) para violação de e-mail.

Problema é que antes nos tinhamos sei lá, grupos da sociedade, associação de direitos civis, defendendo a privacidade.

hoje quem está “defendendo a privacidade” são as big techs… Esse é o problema, a sociedade civil dificilmente anda engajada preocupada com a privacidade.

Last edited 6 meses atrás by Deto
Juca
Juca
Responder a  Mário Armão Ferreira
28 de Abril de 2024 15:08

Mas grupos de criminosos podem criar seus próprios apps se a questão é simplesmente essa, então é sem jeito a coisa. Nem vou longe, na deepweb rolam crimes de toda a natureza, esse tipo de solução pra polícia vai pegar mais os bandidinhos de esquina ou os anarquista reacionários radicalizados de pouca instrução, meio que o mal já está instalado com a ideia da encriptação de ponta a ponta, coisas como o bitcoin pra pedirem resgate e etc., ninguém controla mais o rumo das coisas. É complicado.
Mário, mas duvido muito que as empresas não tenham seu meio ou uma espécie de chave de desincriptação mestra pra controlarem informação. Não acredito nessa de privacidade absoluta que apregoam, no fim, é algo apenas para se livrarem de responsabilidade legal, na minha opinião, quem faz o programa sempre tem o controle.

Last edited 6 meses atrás by Juca
Hennan
Hennan
Responder a  Juca
28 de Abril de 2024 15:37

Exatamente. Acho engraçado quando os políticos acreditam que o criminoso vai respeitar a lei. Proibir é apenas jogar a sujeira para debaixo do tapete.

Hennan
Hennan
28 de Abril de 2024 15:33

OFF: https://x.com/HazzadorGamin/status/1784448496311112022
Esse jogo virou uma novela. Começou como “símbolo” contra censura e terminou censurado. Engraçado é que se tivessem feito isso desde o início, ninguém perceberia. Pessoal do marketing precisa ser mais inteligente.

error: Conteúdo protegido