Poderá a Microsoft lançar uma nova geração em 2025/2026

Mais do que a questão ser sobre se pode, a questão é sobre se vale realmente a pena.

Pode a Microsoft lançar uma nova geração de consolas em 2025/2026?

Claro que sim… Poder, poder, até a pode lançar hoje. A real questão que pesa sobre o espectro da Microsoft é mais: valerá a pena?

Vamos começar por enquadrar a atual situação da Xbox, para percebermos todas as consequências:

Convenhamos, muitos dos possuidores das consolas Xbox só recentemente é que acordaram para vida. Durante anos e anos viveram em negação e tentando ocultar internamente as realidades de má gestão que viam expostas em sites como a PCManias, refugiando-se em grupos de outras pessoas ligadas à Xbox que agiam da mesma forma e onde, entre eles, todos se reconfortavam e repetiam a negação até à exaustão, fazendo-a passar por verdade.



Mas infelizmente, ou felizmente, para eles, a realidade acaba por vir ao de cima pois os números de vendas falam mais alto, e agora todos percebemos o triste e miserável estado de queda em que a Xbox se encontra. A Xbox nunca na sua história vendeu tão mal como atualmente vende.

Basicamente o mercado está a deixar a Xbox de lado. Com apenas 3 anos de vida na geração as vendas da consola começaram a cair a pique. E isto não surge como consequência das Xbox Series serem maus produtos, mas sim pelo simples facto que o mercado finalmente percebeu que a péssima gestão de Phil Spencer que se arrasta desde a era Xbox One e que se prometia alterar com as Séries X e as aquisições de novos estúdios, na realidade continua, e os estúdios adquiridos, mais do mais fazerem a Microsoft crescer, estão apenas a fazê-la sobreviver.

E sobre a consola pesa ainda sombra criada pela insistência no Gamepass, um serviço no qual a Microsoft aposta, acreditando no seu interesse junto do público criado pelo baixo custo que este traz ao Gaming. Mas este serviço, que poderia, na teoria, ser super lucrativo com um mercado crescente, na realidade está muito por detrás da falta de vendas e de suporte que a consola tem, e não demonstra crescimento ou mostra ser um motivo de interesse na venda das consolas.

Basicamente o Gamepass foi muito mal gerido ao deixar que largos milhões de assinantes gastassem apenas uns meros euros para obter subscrições por períodos de 3 anos. A Microsoft enterrou milhões a subsidiar um crescimento que não ocorreu e que lhes matou as vendas, mas do qual não desiste, particularmente agora que consegue vendas em outras consolas, não percebendo que, mesmo dessa forma, o serviço é danoso para as vendas, e que o mercado não quer as consequências que um serviço assim pode aportar.

Numa altura em que cada vez mais se fala dos custos crescentes da produção dos videojogos, acreditar que se pode sustentar um mercado de jogos AAA com lançamentos no dia um, pagando 10 euros por mês, é um raciocínio simplista e que, no fundo, tapa o sol com uma peneira, ao ignorar as consequências paralelas quer nas vendas, quer no mercado em si, da existência de um serviço destes. Mas a Microsoft não quer saber, e tal como as outras más decisões que foram sendo tomadas ao longo de todos estes anos, às quais se soma esta continuidade do suporte ao Gamepass nos mesmos moldes de sempre, mostram uma visão a longo prazo extremamente limitada e idealista.

Basicamente, o Ganepass é que levou a Xbox ao seu atual estado. A marca possui uma quantidade enorme de estúdios que não tem como sustentar pois o dinheiro imediato que surge das vendas não aparece. E mais ainda, para manter o Ganepass precisa entrar num jogo perigoso de equilíbrio no qual precisa de manter os atuais clientes, em número incapaz de gerar receita que cubra as despesas, satisfeitos ao ponto de estes não abandonarem a marca, o que a não acontecer seria o descalabro total da marca Xbox e algo que teria enorme impacto financeiro na Microsoft. Daí que a marca tenha optado por ir fazer a receita das vendas que lhe faltam vendendo os jogos em plataformas onde eles realmente vendem. As da concorrência!



O grande dilema da Microsoft é agora como conciliar estas duas ideologias, particularmente com o lançamento de jogos relevantes como COD. Este é um jogo de altíssimo orçamento que requer vendas em quantidade.

E aqui a Microsoft, ao lançar o mesmo no Gamepass pode ver acontecer algo que lhe criará consequências financeiras enormes. Efetivamente, apesar que tal certamente também traria consequências para a PlayStation, a Sony pode muito bem rejeitar um COD na sua consola que seja lançado para a Xbox e PC no Gamepass.

É certo e garantido que essa não seria uma decisão sem consequências, mas, nesta fase, muito menores do que as que poderão advir da perda de vendas, dado o estado da Xbox.

Se atualmente a Sony calhasse de rejeitar o lançamento do jogo, e mesmo de aceitar outros jogos Microsoft  na sua consola, está situação criaria numa Xbox atualmente sob forte escrutínio e que necessita de receitas para se manter a flutuar, especialmente numa altura em que esta desviou uma forte verba que poderia ter sido investida na IA, um rombo nas suas contas que, nesta fase, obrigariam a gestão da Microsoft a tomar fortes medidas.

Note-se que não podemos dizer que isto vai acontecer, mas percebe-se que um COD presente no Gamepass da Xbox e do PC, mas pago a 80 euros na PlayStation não é algo que seja do total interesse da Sony, com consequências de desagrado, queixas, e mesmo potencial abandono da consola que podem muito bem existir, e entre ter o jogo assim, ou nem sequer o ter, é dúbio qual será para a Sony a melhor opção.



Já para a Microsoft, o que parece claro, é que essa situação seria terrível pois a fatia de receitas do COD gerada pela PlayStation é deveras significativa e essencial para cobrir os custos do jogo.

Perante o exposto vamos então ver o que surgiria perante a antecipação de uma nova consola.

O lançamento de uma nova consola de forma antecipada

Para a Xbox, lançar uma nova consola sucessora das Séries X, de forma antecipada é, claramente um tiro no escuro.

Perante tudo o que tem acontecido com a Xbox, muitos dos seus grandes “embaixadores” abandonaram a consola, e isso implica que todo aquele marketing enganador e de geração de FUD (Fear, uncertainty and doubt) que era gerado por estes em torno da concorrência, e que alimentava os fans da Xbox, desapareceu ou diminuiu tremendamente.



Depois o mercado. Perante a quebra de recetividade às atuais consolas, este perceberia facilmente que uma nova consola mão iria acontecer por necessidade real de uma nova geração antecipada, mas sim pela clara e notória necessidade da Microsoft de salvar o couro e limpar a imagem que anda à mais de 12 anos a sujar.

Lançar uma nova consola um ou dois anos depois de uma PS5 Pro, na teoria, até poderia dar margem de manobra à Microsoft para lavar a cara, mas seria uma manobra que se revelaria um pau de dois bicos, e que traria certamente mais dano do que benefício.

O benefício poderia advir daqueles que, ainda acreditando na Xbox, corressem para uma consola mais poderosa (apesar que recorde-se que a promessa da consola mais poderosa era algo que já foi apregoado nesta geração, mas que a Microsoft nunca provou ser verdade, ou soube explorar. Aliás vemos agora, com o lançamento dos exclusivos na PlayStation, que as versões da consola da Sony batem as da Microsoft, levando a patches na Xbox para igualar características implementadas na PlayStation, e suscitando a questão sobre os motivos porque o suporte à própria consola não foi devidamente cuidado.

Mas os potenciais aderentes à nova consola teriam de ter consciência que uma consola não é para dois anos, e que com a fragilidade da marca Xbox atual, o sucesso da consola estaria longe de garantido. A piorar as coisas a Microsoft teria de passar por uma fase Cross Gen para conseguir vendas, o que de certa forma, lhes anularia a vantagem, especialmente existindo uma base como a Series S no mercado. E teriam ainda de ter a consciência que o mercado PlayStation seria quem ditaria os jogos, pois seria nele que o grosso das vendas estaria.

A piorar as coisas, dois anos depois teriam a líder de mercado com uma consola igualmente de nova geração e com tempo de reação para que está possa ser bem mais poderosa que a Xbox, dando assim à Microsoft, mais uma vez, um lugar secundário na geração, com a consola mais fraca das duas.



Naturalmente, nesta fase, alguns estarão a pensar que o que digo não tem forçosamente de ser verdade, e que já vimos na era Xbox 360 a Microsoft a lançar primeiro… e com sucesso.

Mas essa comparação é totalmente inválida por vários motivos. O primeiro é que nessa altura a Sony não usava tecnologia dos PCs na sua consola, pelo que não só não tinha acessível o mesmo que a Microsoft tem, como alterar a consola não era fácil por estar presa às arquiteturas usadas. No entanto isso agora é simples!

Depois a diferença na altura foi de apenas um ano, sendo que, com dois a margem para melhorias é bem superior.

E finalmente a questão da disparidade na dificuldade de se extrair performances da consola, que existiu com a PS3, e que agora não existe.

Resumidamente, todo o esforço da Microsoft acabaria por ser em vão, e o expectável é que os dois anos de vantagem pouco ou nada aportariam de relevante, tornando-se depois na fraqueza da marca.



Talvez a pensar nisso a Microsoft tens outra coisa em mente, o que pode ser o motivo dos rumores da existência da Steam e outras lojas numa futura Xbox: O não lançar uma consola… Mas um PC.

A vantagem de tal seria o poupar de diversos milhões de dólares que são investidos na pesquisa e desenvolvimento do hardware de uma consola, e quem sabe a ideia não seja a de usar esse dinheiro para financiar um PC mais poderoso, que seria vendido abaixo custo.

Basicamente, a ideia ai, seria uma máquina versátil que, no limite, até poderia ser construída igualmente por terceiros, sem custos de desenvolvimento, e que esmagasse qualquer consola desenvolvida pela metodologia tradicional de desenvolvimento de chips dedicados.

A questão é que esse conceito, é, e sempre foi, uma utopia. A partir do momento que a Xbox tivesse esse conceito, toda e qualquer optimização ao hardware morreria. Ao termos um produto capaz de correr jogos PC do Steam teríamos de ter suporte a software legado, bem como uma carrada enorme de layers de abstração. Ou seja, teríamos de ter um PC e não uma consola.

E ao termos um PC cujo suporte é universal, o facto de o hardware ser fixo de nada vale. Estaríamos num nível de DirectX equivalente ao do PC e não o da consola, sendo que optimizar especificamente para a consola implicaria a perda da compatibilidade universal. Por esse motivo isso nunca foi feito até hoje no PC, e mesmo máquinas como a Steam Deck são meros PCs, sem optimização própria nenhuma.



Basicamente o que a Microsoft estaria a oferecer seria um PC barato… Numa caixa de consola!

Diga-se ainda que essa jogada poderia mesmo assim parecer interessante. Mas rapidamente o deixaria de ser quando a Microsoft se deparasse com um potencial aumento de vendas que rapidamente lhe esgotaria o plafond poupado no desenvolvimento de um hardware dedicado. E menos atraente ficaria quando visse uma Nvidia a apresentar-lhe custos por manter em produção produtos descontinuados.

Porque diga-se, se a ideia desta alternativa é usar hardware AMD, a vantagem que a Microsoft conseguiria não seria nada de outro mundo, especialmente porque, sem concorrência nas consolas, e perante uma ameaça deste nível, nada impediria a Sony de usar mais hardware proprietário e invisível ao utilizador (como acontece atualmente com o sistema de IO, os cache scrubbers, os motores de coerência ou o Tempest da PS5), na sua consola, que rapidamente comeria qualquer delta de performance a muito menor custo.

Conclusões

O que salta à vista é que qualquer que seja a decisão da Microsoft ela terá dificuldades e obstáculos. E convém percebe-se ainda que, um antecipar de uma nova geração seria algo que iria desagradar ainda mais os atuais consumidores que, quatro anos volvidos, ainda não viram verdadeiramente nada digno de uma no a geração face à da era Xbox One/PS4 (E isto aplica-se à Sony também, apesar que esta, nesta fase, não pretende lançar nenhuma consola de nova geração antes de 2028).



Acima de tudo, o que salta à vista é que um lançamento 2 anos antes dará à Sony tempo para reagir, colocando a Microsoft numa situação fragilizada para a nova geração. Aliás nem se compare a coisa com o que aconteceu na era xbox 360/PS3, pois nessa altura a Sony não usava sistemas X86, e a sua consola estava em produção sofrendo de problemas de custo.

E apesar de a Sony continuar a não ter arcaboiço financeiro para fazer frente a uma Microsoft numa guerra de preços, o certo é que vemos atualmente que a marca Sony vende consolas. Atualmente vemos enormes promoções nas Xbox, bem como um mercado de usados com enorme oferta, e isso não virou o mercado.

Para além do mais, a realidade é que a própria Microsoft não está em condições para uma guerra de preços. O cheque em branco para a Xbox acabou! A divisão tem de retornar os 70 biliões que gastou, e não aumentar os prejuízos, o que torna a sua posição nesta ase bem mais fragilizada que a da Sony. Basicamente um finca pé da Sony numa guerra de preços teria curta duração pois a Xbox está sob escrutínio cerrado, particularmente num altura em que a mesa gastou uma verba brutal que poderia ter sido usada na IA.



18 Comentários
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Tiohildo
Tiohildo
19 de Maio de 2024 13:49

E se for um XSX pro pra 2025? A MS lançou o Xone X um ano depois do PS4 pro

Tiohildo
Tiohildo
Responder a  Mário Armão Ferreira
20 de Maio de 2024 0:18

Concordo. É pouco provável mas não descartaria.

Tiohildo
Tiohildo
19 de Maio de 2024 14:00
Juca
Juca
19 de Maio de 2024 22:17

Seria uma boa dianteira geracional (2 anos a frente de um PS6, é o que presumo) e se aproveitariam pra contar superioridade sobre o PS5 Pro, pois teriam a vantagem de saber o que é o hardware da Sony, e fazer tudo melhor em cima, mas Xbox como console se acabou, só consegue arregimentar os mesmos tipos que nunca seriam clientes da PS, então vai ficar sempre por volta do mesmo tanto de clientes, principalmente se não trouxer grandes jogos como tem feito na última década quase sem exceções.

De qualquer forma, tecnicamente falando, poderia se ter um bom PC portátil, de valor subsidiado e com sistema adaptado ao joystick para concorrer como um console, mas com capacidades de um Zen 4 e uma GPU mid-end atualizada no ano de lançamento (APU ainda), o que em termos de hardware, seria uma boa máquina e bastante atrativa pra quem quer hardware custo/benefício com grande performance pra jogo, sem abrir mão de sua Steam.

Infelizmente, não acredito que a MS deixe seu sistema completamente aberto para instalação de aplicativos, embora possa permitir apps como o da Steam para ganhar clientes no seu ecossistema, não acredito que ela voltaria a abrir o sistema assim, pois seria muito complicado voltar a fechá-lo. Provavelmente alegarão questões de segurança, e pra subsidiá-lo não faz sentido fazer um console pra entregar pra Steam tomar de conta dos lucros.

Last edited 7 meses atrás by Juca
Deto
Deto
19 de Maio de 2024 23:18

Eu acho que o Phill tá com a corda no pescoço, 2027 tá ai, e vai tentar lançar esse console ai para cair atirando.

Até 2027 ele pode fazer muita coisa, inclusive lançar um console novo, e SE vender bem ele pode convencer o Nadella manter o xbox por mais 8 anos.

É apenas meu palpite, talvez o Nadella tenha aliviado para o Phill… Não precisa mais ter 200 milhões de assinantes no Gamepass, mas precisa dar lucro e se sustentar por conta própria.

Isso é o meu palpite… Se continuar do jeito que está, já faliu. Então melhor tentar outro console em 2026

Livio
Livio
Responder a  Mário Armão Ferreira
20 de Maio de 2024 17:09

Questões pessoais sempre serão prioridade.

Só sugiro algo que notifique os leitores, seja e-mail, seja whats, caso algum artigo saia nesse período de 2 meses

Paulo Kaufmann
Paulo Kaufmann
Responder a  Deto
20 de Maio de 2024 21:19

E você acredita nessa história completamente absurda do Xbox acabar em 2027 se o Game Pass não atingir esse número de assinantes?! Não é querendo ofender, mas o pessoal desse site é muito inocente! Qualquer loucura de rumor que sai e corrobora com a visão deles, eles acreditam!

Paulo Kaufmann
Paulo Kaufmann
Responder a  Deto
20 de Maio de 2024 21:26

O Xbox teve lucro e se sustentou por conta própria em praticamente toda a sua existência! Inclusive agora! Ele só precisou da ajuda de outras divisões pra fazer essas compras de gramdes publisher que nem o PlayStation sozinho faria! E por isso está sobre pressão de fazer ainda mais dinheiro para pagar essas compras da ZeniMax e principalmente da ABK!

Paulo Kaufmann
Paulo Kaufmann
Responder a  Mário Armão Ferreira
20 de Maio de 2024 23:03

Sim! Eu disse em praticamente toda sua história! No Xbox clássico ele deu prejuízo e até onde eu sei do meio pro final da geração do One ele começou a dar lucro! Se tiver um dado que vá contra isso me mostre! E agora? A Microsoft só divulga receita, então não temos como saber! Mas eu suponho que a Microsoft não gastaria 70 bilhões em uma divisão que dá prejuízo! Claro, ela nunca vai pagar o preço da ABK sozinha! Mas nós também não sabemos quais são as exigências atuais em cima do Xbox! Então tudo é suposição!

Julio Santos
Julio Santos
20 de Maio de 2024 7:38

É dessa que vem o console feito apenas para o streaming com a xbox cloud? Vocês se lembram que falava-se muito a respeito algum tempo atrás.

Last edited 7 meses atrás by Julio Santos
Trevisan
Trevisan
20 de Maio de 2024 9:27

Não adianta ficar lançando consoles se seus melhores títulos estão também em outra plataforma e que inclusive rodam melhor! A mentalidade da MS agora é totalmente ser uma third e acredito que isso vai ser sua pior burrice. Vai perder royalties, vai ter de pagar para lançar em outras plataformas, terá que gerar lucro devido ao enorme investimento realizado na compra de estúdios que por hora ela fecha. Então literalmente se toda essa cambada não sair de lá e ser substituído por pessoas com visão de gestão e que saibam o que de fato é o gaming infelizmente a Xbox terá acabado.

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