Pode uma empresa sabotar um jogo para outra consola?

Na realidade, sim… O problema é que não há forma de se provar se a situação é intencional ou não!

Quem acompanha os video jogos percebe claramente que são às centenas os jogos que são lançados e que possuem problemas em uma consola, mas não na outra.

A realidade é que as consolas, mesmo a Xbox e PS5 que partilham como base a mesma arquitetura x86, são radicalmente diferentes.

  • O sistema operativo é diferente, e incompatível, com diferentes gargalos, e com eficiência diferente.
  • Os APIs são diferentes, sendo um mais eficiente que o outro, mas o menos eficiente mais conhecido e popular que o outro.
  • Mesmo a nível de hardware a eficiência é diferente, a capacidade máxima teórica é diferente e há suportes hardware diferentes, com drivers diferentes.

O que isto implica é que, apesar de muitas semelhanças que permitem código comum, as duas consolas não se comportam da mesma forma. E o que vemos é que certos jogos saem com problemas em uma das consolas, e sem problemas na outra. E isto não se trata de sabotagem, trata-se apenas de uma questão que as diferenças acabam por ter peso no resultado final.

Mas mesmo nos casos onde os problemas não existem, a performance não vai forçosamente sair igual. Porque as consolas não processam da mesma forma, e os resultados não são iguais, sendo que podemos ver resultados a nível de fps diferentes. E mais uma vez isto não é propositado, é apenas a forma como as consolas funcionam!



Ora estes problemas, que são realidades que todos conhecemos, levantam situações de potencial suspeita se o criador do jogo for detentor de uma das plataformas suportadas, e se o jogo correr melhor na sua plataforma.

Mais uma vez isso não quer dizer que haja qualquer tipo de intenção, sendo apenas que as equipas first party possuem acesso a ferramentas internas de optimização que não existem para terceiros. E se essa equipa fizer um jogo multi plataforma, ela está simultaneamente no papel de first, e no papel de third, o que lhe coloca problemas de desigualdade na forma como pode optimizar.

Mas se o resultado for diferente em ambas as consolas, com vantagem para a sua, isso quer dizer que houve intencionalmente a intenção de se prejudicar o outro lado?

Não, claro que não! Nada disso é algo que se possa afirmar!

Mas surge então a questão. E quem garante isso?

Na realidade… Ninguem! Porque é aqui que está o real problema, pois caso a equipa até conseguisse igualar ou até superar as performances da sua consola com a concorrente, ela pode resolver não o fazer.



E como se mostrar que isso aconteceu ou que a coisa é apenas o natural acima descrito, e derivado das melhores ferramentas para a sua consola?

Pura e simplesmente não há forma de se o fazer! Apenas quem programou sabe o que fez!

Ora se analisarmos o passado recente, a Sony mostrou junto da CMA o receio que a Microsoft, uma vez na posse do IP, possa intencionalmente sabotar as performances do Call of Duty na PS5. Uma acusação que no fundo a Sony nunca poderá provar, mas que, em caso de não haver paridade entre as versões, será motivo para que se levante um valente burburinho e pressão sobre as autoridades reguladoras, alegando-se que a Microsoft não cumpriu com a paridade.

E o grande problema é que se a Sony não consegue provar que isso aconteceu, os reguladores também não conseguem provar que isso não aconteceu, pelo que o resultado acaba por ser a evidencia.

A realidade é que a Activision sempre se pautou neste jogo pela paridade. Basicamente todos os COD eram basicamente equivalentes a nível de performance em ambas as consolas, e o receio da Sony é que isso mude.



E efetivamente pode mudar. A Activision ao passar a ser uma equipa interna da Microsoft (quando e caso a compra passe, o que ainda não aconteceu), terá cesso a ferramentas adicionais de otimização que podem, potencialmente, causar algum desequilíbrio. E se isso acontecer não acontece por má fé, mas sim no processo natural das coisas!

A grande questão é depois provar isso… E dado que o histórico de paridade existe, torna-se fácil colocar a pressão no sentido de se acusar de que a paridade foi quebrada. E isso acontecer, será algo fatual, o que joga a favor do acusante.

Mas isso não implica que houve sabotagem. A questão é apenas: Com os resultados a falarem por si, como se provar isso?



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SID
SID
19 de Abril de 2023 7:12

Não existe histórico de paridade – que disparate.

“Infelizmente” quando o COD era “portado” da Xbox360 para a PS3, o mesmo apresentava-se (muito) pior em framerate, resolução gráfica, bugs de gestão de memória e consequente freeze ou abortava: COD3 ou Black Ops1 por exemplo. Nesse caso era a Sony a prejudicada por má programação (intencionada?) da sua máquina. Nunca saberemos as reais razões.

Livio
Livio
Responder a  SID
19 de Abril de 2023 14:30

A realidade é que as consolas, mesmo a Xbox e PS5 que partilham como base a mesma arquitetura x86, são radicalmente diferentes.

O trecho acima já informa que por base o Series e o PS5 são semelhantes, logo há uma base de paridade, mas aí a pessoa usa com exemplo o 360 e PS3, arquiteturas totalmente diferentes, processadores totalmente diferentes.

Dá uma tristeza notar que o usuário não interpretou corretamente partes do artigo.

Juca
Juca
19 de Abril de 2023 9:58

A falta da má intenção só se comprova na entrega, veja o caso do MLB chegando ao Xbox, os games são virtualmente idênticos, mesmo com programação diferente, e um dos consoles sendo o detentor da IP.

Agora, quando você tem dirigentes de uma empresa, afirmando desde antes que terão a melhor versão do jogo deles, a intenção está dada.

Veja, não temos como afirmar, mas Doom Eternal estar com pior modo performance no PS5 pode ser um indício dessa já suposta intenção, já que o que se mostra em toda a indústria em apanhado geral é modo RT ou resolução serem melhores no SX e modos performance melhores no PS5, tudo que foge a isso em IPs de propriedade dos donos de consoles, a princípio, pode ser um indício, mas é como você disse, há outras coisas no meio do caminho, como as performances de cada API em cada máquina diferente.

Mas o pior problema nem seriam pequenas diferenças de performance, seria trazer um game realmente bugado que sequer possa ser considerado jogável na outra plataforma. É esperar pra ver o que vão entregar. O melhor, penso ser transformarem tudo em exclusivo e acabar qualquer polêmica , e quem quiser que pondere o que quer jogar fazendo escolhas de onde o vai fazer. Infelizmente o mundo é assim, as coisas mudam e precisamos nos readequar gostando ou não da situação.

Last edited 1 ano atrás by Juca
Netto
Netto
19 de Abril de 2023 14:24

Pode sim

Só ver o que a Tango fez com a versão Xbox de Ghostwire Tokyo

Stonks

Juca
Juca
Responder a  Netto
19 de Abril de 2023 14:31

Mas aí não se explica, fazer um jogo pior no seu console só se for para uma auto vitimização de gente sem noção.

O mínimo esperado era que estivesses equivalentes, pois tiveram tempo pra trabalhar. E nem o papo de dizer que foi feito pensando no PS5 não cola, pois existe versão PC e a MS já disse que em 1 ou 2 semanas se fazia um port do PC pro console e vice-versa, coisa que disseram ter acontecido com Gears que estava rodando como numa 2080 e ou superior; e tiveram 1 ano , ao menos, pra o port desse jogo. Só se deixaram pra fazer tudo de última hora, o que só refletiria falta de competência e comprometimento, ou simplesmente arrogância.

Last edited 1 ano atrás by Juca
Juca
Juca
Responder a  Mário Armão Ferreira
19 de Abril de 2023 14:49

Mas e a versão de PC, com o hardware de PC em mente, Mário? Não dá pra portar do PC pro Xbox? A MS se vangloriou disso com Gears. E como roda Ghostwire num PC com uma 2080? Com os mesmos problemas que no Xbox?

Se o sujeito faz um jogo pensando no PC e no console pra eles serem lançados juntos, não imagino que pensem nele projetando só com o PS5 em mente. Diferente quando como vemos no caso de um Ratchet ou mesmo agora do The Last of Us, ou como foi o Spiderman pro PC que precisaram repensar algumas coisas do zero pra fazer o mesmo.
As APIs do PC e do Xbox são teoricamente comuns entre elas e tiveram um ano pra avaliar a conversão.

Não seria de se esperar que a própria empresa que fez o jogo, auxiliado pela própria MS conseguisse fazer o mesmo que a Coalition fez em duas semanas tendo um ano todo pra fazer isso? Portar do PC pra ter um resultado ao menos equivalente a uma 2080?

Last edited 1 ano atrás by Juca
Juca
Juca
Responder a  Mário Armão Ferreira
19 de Abril de 2023 16:45

Ok, Mário, me convenceste, porém é complicado que poderia algo a ser alegado ao Deathloop e não foi, inclusive saiu até melhor otimizado que o PS. Vale lembrar que Ghostwire também é um jogo desenvolvido na U4, nem engine exclusiva pra isso é, algo que pela lógica, não deveria causar grandes complicações para o desenvolvimento multiplataforma, mas as coisas são o que são.

Last edited 1 ano atrás by Juca
Livio
Livio
Responder a  Mário Armão Ferreira
19 de Abril de 2023 15:17

O problema é que o Ghostwire teve um período longo, dizem que foi 1 ano, nesse período não daria para fazer uma conversão mais próxima ao PS5?

Juca
Juca
Responder a  Livio
19 de Abril de 2023 15:54

Foi até mais tempo, Lívio, a aquisição da Bethesda pela MS foi finalizada em março de 2021, foi anunciada antes disso, logo já havia movimentação interna, e Ghostwire só saiu em março de 2022. Tiveram 2 anos para, pelo menos, ver como seria a situação do jogo no Xbox e planejar um port. Lógico, não mudaria ele em concepção pois era um trabalho já quase pra finalizado. Mas basta olhar como tudo ocorreu com o Deathloop que até recebeu versão melhor no Xbox. Ghostwire não se explica o ocorrido facilmente.

Last edited 1 ano atrás by Juca
Hennan
Hennan
Responder a  Juca
19 de Abril de 2023 18:07

Na realidade ele foi desenvolvido priorizando o PC. A versão do ps5 é superior ao series X, mas não deixa de ser ruim. Se fosse chutar, a vantagem do ps5 provavelmente ocorre porque o mesmo deve ser mais fácil de programar.

João Paulo Antão
João Paulo Antão
19 de Abril de 2023 17:00

Off
Sempre acompanho o pcmanias, mas não tenho hábito de comentar.
Gostaria de saber de vcs, se a Microsoft poderia vir a abandonar o sistema de consoles de mesa e voltar para um portátil já parece q ela está interessada em vender serviços. O Switch, steamdeck vendem muito bem.
Antes de mais nada, sou usuário Playstation e Nintendo. Mas não gostaria q a Microsoft morresse na área de consoles, embora cada dia q passa parece se aventurar
por estes caminhos.
Obrigado

Jorge S
Jorge S
Responder a  Mário Armão Ferreira
21 de Abril de 2023 1:06

Microsoft vai sofrer mais nessa geração do que na do Xone. Ja tem muito jogos japoneses que não vão ser lançados pro Series.

Principal mercado dela que é o EUA não consegue vender bem. Não tem exclusivos de orçamento igual da sony. Redfall custou 40 milhões e o God of war custou uns 200 milhões. Nem se compara

Unico jogo grande foi o Halo Infinite que é um jogo incrivel que foi atrapalhado pelo pessimo marketing daquela apresentação. Os diretores criativos que trabalhavam lá foram embora.

João Paulo Antão
João Paulo Antão
20 de Abril de 2023 12:33

Tranquilo Sr Mário. Bons ponto de vista levantado. Obrigado

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