Os motivos pelos quais a Sony não estará presente na E3

O desagrado da Sony (e aparentemente da Electronic Arts), aparenta prender-se com a forma como a feira é gerida!

A E3 é das feiras mais mediáticas do mundo inteiro… Mas a realidade é que o seu acesso foi, durante anos, restrito, e limitado a membros da industria.

Esta situação inverteu-se em 2017, quando a feira abriu pela primeira vez as portas ao público. Mas no entanto, a feira não soube mudar… e o que criou foi um modelo hibrido onde é simultaneamente uma feira fechada a membros da industria e imprensa, e ao público em geral.

E é esta ambiguidade na definição da feira que aparentemente não agradam à Sony e à Electronic Arts.

A grande questão pode trás de tudo isto é que a E3 foi durante muitos anos algo único… mas ao longo dos anos muitos outros eventos do género começaram a aparecer. E todos eles apresentavam uma diferença fundamental face à E3… o serem abertos ao público!



Com esta realidade, a E3 começou a decair, sendo que em 2017 a organização resolveu abrir pela primeira vez a feira ao público… mas de uma forma muito limitada, colocando apenas 15 mil ingressos à disposição.

Ora esta situação colocou o público alvo da feira muito dividido. A feira nem era destinada à industria, nem ao público… e estava a ser dividida. E a Sony não gostou disso.

Em 2017, altura em que a feira abriu as portas ao público pela primeira vez, Shawn Laiden falou sobre o assunto, e mostrou o desagrado pelo facto de a feira não ter sido completamente aberta e sem limites ao público em geral.

A Sony entende que uma feira dedicada a membros da industria deve ser diferente na forma como é apresentada de uma feira dedicada aos utilizadores em geral. E a E3 ao estar com o público dividido nem era carne, nem era peixe. Layden deixou bem clara a ideia que a E3 sempre foi primariamente, um evento de comércio, e esse era o motivo pelo qual a Sony tinha um estilo de apresentação diferente para a E3 e por exemplo, para a PSX, uma feira dedicada ao publico em geral.

Quando questionado sobre a nova postura da feira nesse mesmo ano, este comentou:

Pensei, vou ser honesto, acho que a ESA vendeu 15,000 bilhetes para consumidores para o evento, e isso levou as pessoas ao limiar da dor,. E não vos vou maçar com os detalhes sobre isto, mas, se vais programar um evento de comércio ou um evento de consumidores, tratam-se de duas bestas completamente diferentes.

Basicamente a ideia é que a a feira estava descaracterizada, e de uma forma que não era possível criar algo devidamente direccionada uma vez que um evento para comércio e um evento para consumidores são encarados de forma diferente.



E nesse sentido fez esta comparação:

A E3 é como se estivesse no meio da autoestrada, vai levar com carros dos dois lados e tem de escolher em que faixa quer estar.

Por outras palavras, com um evento algo híbrido, e com solicitações dos dois lados, a empresa tem de decidir qual dos dois agradar, e programar a sua postura dessa forma. Mas dado serem coisas diferentes, agradar por igual os dois é impossível.

A piorar as coisas temos a degradação de visitantes na E3… em 2005 a E3 teve 70 mil visitantes ligados à industria, mas em 2017 o número de visitantes passou a 66 mil… e isto incluindo os 15 mil visitantes do público em geral. Claramente no capítulo do comércio, e numa altura em que o Gaming fatura mais do que nunca a feira estava em decadência.

Daí que tanto Sony como Electronic Arts queriam que a feira se alterasse, e se tornasse numa celebração do público em geral! Afinal esse é o rumo que todas as outras feiras tem tomado!

Mas isso não aconteceu… e tanto Sony como EA recusaram-se a participar na feira do ano passado, sendo que a Sony já confirmou que este ano não estará novamente presente.



Basicamente eis uma ideia das feiras que atualmente existem, e o seu número médio de visitantes:

Gamescom 2019: 373k público
ChinaJoy 2019: 365k público
Brasil Games Show 2018: 325k público
Taipei Game Show 2019: 320k público
Paris Games Week 2018: 316k público
Tokyo Game Show 2019: 262k público
G-Star Korea 2018: 235k público

Já a E3 2019: 66k Parte público e parte membros da industria

Apesar dos argumentos da Sony poderem soar a válidos ou não (depois é uma questão de opinião), e de a E3 poder parecer uma feira estagnada, a realidade é que ela é a maior feira do ano, e uma das que mais mediatismo tem, particularmente a nível dos media e das transmissões web. Apesar de a Gamescom atrair mais público, o chamado buzz dos media em torno da E3 pode ser até 3 vezes superior ao de uma Gamescom, pelo que, nesse sentido a Sony falhar a E3, e não fazer algo nesse período, como no ano passado (talvez por uma questão de respeito, algo que na cultura japonesa tem um valor enorme), é uma grande lacuna para a Sony.

Dai que a Sony terá de colmatar essa lacuna nas proximidades da E3, sendo que ela até tem o que chamar a atenção dos media, a sua PS5… E uma revelação num período de tempo próximo da E3 poderia chamar a atenção dos media para si.



Mas PS5 ou outra coisa qualquer, a Sony tem de realizar algo na altura da E3. Não lhes basta participar de outras feiras onde os outros também estão! Porque uma coisa é certa… os gamers ficam a perder com a ausência da Sony, e sem nada a compensar.



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