Os dramas de um Gamer Portugues para comprar um teclado.

Comprar um teclado para um PC é fácil… Vai-se ali à loja e há lá dezenas de opções, certo???

Errado! Isso pode ser verdade para muitos, mas com toda a certeza não o é para um Gamer. Ou pelo menos para um digno desse nome.

Jogar contra humanos não é a mesma coisa que jogar contra o computador. Teremos do outro lado um adversário imprevisível e com uma rapidez de resposta igual à nossa. E aqui a capacidade de reacção do jogador é um ponto fulcral, sendo que a diferença entre o melhor e o pior pode estar no hardware. Ora para o verdadeiro Gamer onde o jogo em rede contra outros humanos é fundamental, todas as vantagens são poucas.

Para começar os teclados wireless são logo eliminados da equação. É que por muitas vantagens que eventualmente possam ser enumeradas, as latências (tempos de resposta entre o pressionar da tecla e a resposta efectiva) são bastante superiores às de um teclado normal. Tudo isso devido à natural ausência do fio, e à existência de conversões de sinais para a comunicação radio.



Quer isso dizer que se a diferença entre as reacções se limitar a uns milésimos de segundo, a resposta do hardware faz toda a diferença, e dado que situações desse género acontecem aos milhares, um verdadeiro gamer opta sempre por um teclado com fio.

Depois há que optar: Teclado com conexão PS/2 ou USB?

Em termos gerais os teclados PS/2 são preferíveis aos USB. Tempos de resposta normalmente mais baixos e uma melhor percepção das teclas pressionadas, sendo por isso os ideais.

Mas no entanto aqui a situação já não é cristalina. Os teclados USB, possuem igualmente vantagens. Teclas personalizáveis, macros programáveis ou com gravação automática, teclas retro-iluminadas para serem visíveis em ambientes de menor luminosidade, etc.

Acresce ainda que, num bom teclado USB as vantagens de resposta e melhor reconhecimento de teclas do PS/2 desaparecem, ou são pelo menos atenuadas a um ponto onde deixam de ser vantajosas. Com um “pooling” (tempo de resposta interno) mais elevado estes teclados podem responder tão depressa ou mesmo mais depressa que um teclado PS/2. E tecnologias anti-ghosting fazem com que a vantagem do reconhecimento de várias teclas, quando pressionadas em simultâneo, existente nos teclados PS/2, desapareça, ou seja pelo menos reduzida ao ponto de ser irrelevante.

O Ghosting é, infelizmente o maior pesadelo de um Gamer, e é algo existente na maior parte dos teclados. Apenas teclados dedicados a Gamers usando portas PS/2 conseguem chegar ao limite de eliminar esse problema a 100%. Já no USB o problema existe sempre, e a remoção total do problema é para já uma situação que desconheço existir. No entanto, com tecnologias anti-ghosting estes teclados podem reconhecer um numero de teclas suficiente para  que o problema se torne irrelevante.



Mas vamos explicar um bocado melhor o que é o Ghosting:

Quando pressionamos uma tecla no teclado, ela é reconhecida. Mas e se pressionarmos duas em simultâneo? São as duas reconhecidas, ou apenas uma? E se forem três teclas? E se forem quatro?

Pois bem, o que acontece é que normalmente quando se pressionam três ou mais teclas em simultâneo, nem sempre todas são reconhecidas. Este é um número que varia de teclado para teclado, e onde os teclados PS/2 normalmente levam vantagem no número de teclas reconhecidas, isto apesar de tal não ser uma verdade universal.

Pode então acontecer que num jogo onde estão a pressionar uma tecla para uma acção constante qualquer, tenham de pressionar mais duas para fazer uma diagonal e uma outra para executar uma nova acção. Apesar de normalmente o número máximo de teclas pressionadas ser de apenas três, há situações onde tal chega ás quatro, e eventualmente, no limite até pode chegar às cinco ou, muito raramente, seis.

Podem ver o ghosting a acontecer no vosso teclado, seja ele PS/2 ou USB usando o pequeno utilitário que colocamos de seguida. Cliquem sobre o teclado de baixo com o rato e comecem a pressionar teclas independentes. De seguida aumentem o número de teclas pressionadas e vejam como o reconhecimento falha. Por exemplo, pressionem as teclas WASD em simultâneo e vejam se as quatro são reconhecidas. Normalmente não são, mas mesmo que o sejam, experimentem outras combinações de teclas mais espalhadas pelo teclado e vejam como nem todas as teclas são reconhecidas em simultâneo. Isso é o efeito de Ghosting, e a tecnologia que impede isso é chamada de Anti-Ghosting, que pode eliminar o problema por completo nos teclados PS/2, ou aumentar o número simultâneo de teclas reconhecidas num teclado USB para valores que deixam de ser problemáticos, como 6 ou 7 teclas em simultâneo..



Por outras palavras, e resumindo, um bom teclado USB terá todas as vantagens sobre um PS/2, desde que devidamente escolhido, e é nesse campo que começam os problemas.

Para obtermos um teclado USB de topo há várias características a procurar:

– “Pooling” de 1000HZ, de forma a garantir tempos de resposta máximos de 1ms

– Suporte para tecnologia Anti-Ghosting que permite a detecção de todas as teclas pressionadas quando várias são pressionadas em simultâneo.



– Teclado retro-iluminado para pesquisa rápida de teclas em ambientes de fraca iluminação.

– Teclas programáveis

– Suporte para macros

– Ergonomia adequada a longas horas de jogo

– Teclas multimédia para controlo de volumes e outras situações.



– Teclas com pressão não superior a 50 gramas e de baixo curso.

– Layout PT

Para todas estas características ficamos muito limitados na escolha, particularmente se tomarmos em conta que a ultima exigência, o layout PT, se revela um problema maior do que o esperado.

É que para teclados com estas exigências temos de obter um produto de topo, e naturalmente que procuramos por algo que esteja qualificado no universo dos Gamers, como dos melhores do mundo.

E é aqui que a porca torce o rabo. Falamos de teclados para Gamers criados por marcas como a Microsoft, A4tech, Roccat, Razer, Ozone, SteelSeries, Logitech, Cyborg, etc, e não necessariamente de todos os modelos produzidos por eles, mas sim os seus topo de gama, sendo que mesmo nesses há que ver bem as características do produto.



O problema é que este é um mercado de elite e destinado normalmente aos Gamers mais exigentes, com produtos que oferecem características de topo, e como tal destinado a um nicho de mercado. Dessa forma, sendo o público-alvo pequeno, produzir para mercados já de si tradicionalmente pequenos e onde o layout até pode nem ser a característica mais importante, é algo que não justifica.

Assim, arranjar teclados com todas as características acima referidas e com layout PT revela-se um pesadelo como nunca pensei existir:

A primeira escolha para quem quer o melhor do melhor a nível de teclados recai imediatamente sobre o Razer BlackWidow Ultimate, sendo este teclado considerado universalmente como o melhor teclado do mundo para Gamers.

E o seu preço até nem é nada de extraordinário quando comparado com alguns teclados da Cyborg ou da Logitech cujo preço chega aos 160 ou mesmo 180 euros, situando-se nuns “modestos” 130 euros. Não possui ecrãs LCD com a indicação do uso do CPU ou com o nome do servidor onde está, que só servem para encarecer o produto, mas centra-se naquilo que é importante. Qualidade, resposta e funcionalidade. Diga-se aliás que este é dos poucos teclados retro-iluminados do mundo com teclas mecânicas (como alternativa apenas conheço um modelo da XArmor), um tipo de teclas bastante mais precisa e durável (até 50 vezes mais) do que os tradicionais teclados de membrana que todos os restantes teclados de que falaremos posteriormente possuem.



Infelizmente, e apesar do seu preço, o português não faz parte dos “layouts” suportados. Quer isso dizer que por muito bom que este teclado seja, será problemático para utilizações mais normais, algo que não posso dispensar, particularmente porque uso um keyboard/Vídeo/Mouse (KVM) Switch para partilhar um único monitor, teclado e rato entre a minha máquina de jogos e a máquina de trabalho. Existe ainda a questão da PCManias e dos seus artigos onde mesmo com um dicionário e um teclado com Layout PT os erros por vezes passam, e que nem quero imaginar como poderia ser se o Layout não fosse nacional.

Tendo consciência dessas situações há que procurar refúgio em marcas que tradicionalmente suportam o Português, como a Microsoft com os seus X4 e X6, ou a Logitech com o seu G110 (nas imagens pela ordem aqui referida).



Infelizmente estes teclados pecam todos pelo mesmo ponto: Sendo teclados de elite, o layout não é português!

Para além do mais, uma pesquisa mais profunda revela que o X6 da Microsoft, um teclado referido como específico para Gamers, não suporta Anti-Ghosting, algo ridículo face ao X4 mais antigo e que possui essa tecnologia, mas que por outro lado possui características mais tradicionais. Mais ridículo se torna quando sabemos que a Microsoft lançou pelo menos dois teclados, agora descontinuados, como foi o caso do Reclusa, que foram concebidos em colaboração com a Razer. Parece que afinal a empresa não aprendeu nada no que toca às exigências dos Gamers!

Após maior pesquisa e com o layout PT sempre em mente, chega-se à conclusão que ficamos reduzidos a duas alternativas: Os teclados Roccat e os Steelseries, duas marcas de produtos específicos para gamers que optaram por suportar o mercado Português.

A Roccat oferece 2 alternativas que se enquadram no estilo de produto desejado. O Isku e o Valo, sendo que o Isku é o que melhor se enquadra nas exigências colocadas, custando algo como 80 euros.

 



A outra alternativa é o SteelSeries Merc Stealth, um teclado que custa cerca de 68 euros e que oferece igualmente layout PT.

Resumindo, as exigências a este nível são diversas e nenhum teclado do mercado consegue satisfazer um Português. A ausência de um layout PT é um factor limitativo na escolha forçando quem não o dispensa a uma escolha limitada. O leque de oferta é razoável, com vantagens e desvantagens a pender para cada uma das diversas ofertas, mas mesmo com boas soluções o facto é que para um Português ou um Brasileiro a compra de um produto deste género e com as exigências aqui referidas, é um tormento. Daí que vos tenha feito este pequeno guia para que possam evitar as necessidades de pesquisa por que eu tive de passar.

A escolha agora cada um fará a sua. Eu pessoalmente ainda não me decidi, mas irei fazê-lo muito brevemente.

 



 



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