A Scorpio está prometida como uma consola 4K nativos. Mas no entanto as suas especificações finais não são conhecidas. E a realidade é que dependendo dessas especificações, a Microsoft pode ter um dilema entre mãos!
Recentemente surgiu uma foto na internet onde se vê um stand da AMD com publicidade à Scorpio junto de placards relativos aos seus GPUs Vega e CPUs Rizen!
Naturalmente tal não significa nada! Tudo são produtos com hardware AMD a serem lançados em breve e pensar que poderá haver mais relação entre eles do que isso é especular. Mas o que será a Scorpio afinal? Uma Xbox One com caracteristicas e capacidades semelhantes (mas superiores) às da PS4 Pro, ou uma consola de nova geração?
Talvez não tenham pensado muito no assunto, mas a realidade é que a Scorpio pode vir a colocar um dilema nas mãos da Microsoft caso o seu hardware e posicionamento de mercado não seja devidamente pensado.
Repare-se no caso da PS4 Pro. A consola não foi bem recebida, até porque a mesma quebra a unicidade de hardware que sempre definiu uma geração, mas acabou por ser aceite sem grandes polémicas quando finalmente as pessoas pareceram perceber uma realidade: A PS4 Pro é uma PS4 e não uma nova consola!
É mais potente, é mais capaz, consegue trabalhar em resoluções superiores! Mas quando se trata de melhorar os jogos que a PS4 já possui a 1080p, os ganhos não são gigantes! Pode ter fotogramas mais estáveis, pode ter mais fotogramas, ou pode ter melhor anti-aliasing ou mais vegetação no ecrã. Mas no básico… a consola é em tudo semelhante.
E porque? Porque a Sony garantiu na sua concepção, numa escala adequada às maiores resoluções que pretendia implementar, que os gargalos da consola seriam em tudo equivalentes aos da PS4. Ou seja, a génese da consola manteve-se, apenas existiu uma consola melhorada, mas que apresenta as mesmas limitações da original, não podendo assim apresentar nada que a versão original, com mais ou menos cortes ligeiros também não consiga! Basicamente a consola foi pensada para ser uma PS4 mas a alcançar 4K, sem haver grande desfasamento com a versão base para não quebrar a geração.
Ora é aqui que a questão se coloca! E quanto à Scorpio? Será que a Microsoft lhe vai colocar limitações equivalentes, de forma a que esta consola seja uma Xbox One a 4K, ou vai criar uma polémica ainda maior, lançando uma consola de nova geração?
Repare-se: Sabemos que o GPU é 4,5 vezes mais potente, e sabemos que a largura de banda geral é de 320 GB/s o que lhe garante um funcionamento sem os gargalos inerentes aos 68 GB/s da Xbox One. E isto são características que se oferecem como definidores de uma nova geração!
Mas e o CPU? No fundo, tudo o que será a consola estará pendente deste componente!
E aqui temos 2 hipoteses:
1 – A consola possui um CPU que mostra um ganho equivalente às restantes peças da consola. E então a Scorpio tem absolutamente todas as características de uma consola de nova geração!
ou
2 – A consola possuí um CPU com limitações algo equivalentes ao da One, mas adaptado para o ajuste a 4K nativos garantem que a consola mantêm o ADN da sua irmã mais velha, e como tal não se trata de uma nova geração de consolas, mas sim de uma Xbox One mais potente.
Vamos analisar estas duas possibilidades:
No caso 1, convenhamos que com uma consola de nova geração lançada 4 anos após a Xbox One, estaríamos perante algo bastante polémico. Pela segunda vez na história da Microsoft, em apenas 3 gerações de consolas, e em ambos os casos porque estava a vender menos que a sua adversária, a empresa não dava à geração anterior o mínimo esperado de 5 anos. Mas pior do que isso é que a consola, a ser de nova geração, apareceria no mercado pouco mais de um (1) ano após a Xbox One S ter sido lançada, o que se revelaria um tremendo e rude golpe para os seus compradores (e a apresentação conjunta das duas consolas (scorpio e S), teria sido a cereja (podre) no topo do bolo).
E como é lógico, mesmo havendo fans incondicionais que comprarão seja o que for, a maior parte do mercado não veria essa realidade com bons olhos, e muitas vozes de protesto certamente apareceriam!
Claro que sabemos que as vendas até podiam não sofrer verdadeiramente com isso, pois como referido grande parte do mercado tem uma tendência a ser hipócrita nesse aspecto, mas o certo é que a imagem da Microsoft ficaria mal em muitos dos seus utilizadores e fans, particularmente aqueles que não são obcecados por marcas. E um constante agradar/desagradar criado por parte de uma empresa nunca é bom para a sua imagem, seja em que ramo for!
Daí que a escolha do CPU é super relevante na definição daquilo que a Microsoft quer efectivamente para a consola, e o manter a Scorpio uma Xbox One melhorada ou deixar que a mesma se defina como uma nova geração, no fundo depende da escolha do CPU.
Já o caso 2 é mais semelhante à solução da Sony para a Pro, apesar de numa escala de qualidade superior. Mas para isso acontecer, o CPU teria aqui de manter limitações equivalentes à versão anterior da consola, mas ajustadas à nova realidade dos 4K nativos, ou então, caso isso não aconteça e o CPU não tenha essas limitações, tal teria de ser garantido pelo uso políticas fortes ou restrições no software.
Infelizmente, se pensarmos bem, na prática, e só havendo estas duas escolhas (limitação por hardware ou por software), apenas um CPU limitado evitará polémicas de maior (mas polémicas à parte, isso não quer dizer que tal seja o melhor para a Microsoft, e a ponderação de como definir a consola terá de ser uma decisão sua e só sua).
A questão é que aqui no caso 2, se as limitações forem artificiais e causadas pelas políticas ou pelo software, as mesmas levantarão também um coro de protestos. Afinal quem aceitaria de bom grado pagar, e se calhar bastante, por um hardware que possui as capacidades, mas que se encontra limitado pelo software? Seria o mesmo que ter de pagar por um um Ferrari que acaba proibido por software de andar a mais de 100. E isso, de forma lógica, causaria desagrados.
Mas voltemos ao caso 1, onde a escolha do CPU não restrinja a Scorpio para algo semelhante às limitações da One original. Pois aqui a Microsoft tem ainda duas hipóteses adicionais para definir a sua consola:
1- Não lhes coloca restrições, permitindo-a ter jogos a 1080p que arrasam com o que a Xbox One é capaz de fazer, e que na versão Xbox One é feito com sacrifícios de monta. Algo que já sabemos seria extremamente polémico após um ano depois da Xbox One S!
ou
2 – Usa a performance para os 4k, mas a 1080p, apenas permite ganhos moderados, de forma a não criar desequilíbrios.
Infelizmente, aqui, qualquer que fosse a escolha, ela seria polémica!
No fundo, o primeiro caso, seria uma indirecta admissão de uma nova geração, tivesse a consola exclusivos ou não. A situação poderia até ser negada, mas a realidade dos resultados acabaria por saltar à vista. E negar a realidade perante evidências seria pouco inteligente!
No segundo caso, o mesmo levantaria queixas de quem comprou a Scorpio e relativas a sub-aproveitamento, apenas porque possuem TVs 1080p.
Mas pior do que isso, neste segundo caso haveria outro problema! O PC!
Sabendo-se que os jogos Xbox One saem para PC, e com o PC a não ter essas limitações, os jogos de terceiros (e não falo dos da Microsoft na Universal Windows Platform, que limitam o que o PC pode fazer de forma a não criar grandes disparidades, mas sim de jogos de terceiros), nos próximos tempos estes vão apresentar uma qualidade superior e digna de nova geração quando corridos a 1080p num PC.
E aqui entramos num problema… porque tudo isto mostra que a Microsoft tem de ponderar muito bem os pós e contras de cada caso ao definir o hardware e colocação da sua consola! Há aqui uma série de dilemas que a Microsoft irá ter de enfrentar. E que se espera que, seja qual for a escolha, tenha sido bem pensada.
A escolha aqui é a da Microsoft… esperemos é que as suas ideologias que tanto a tramaram com as políticas da Xbox One e com as práticas pouco correctas aplicadas às actualizações do windows 10, destinadas a forçar o mercado a algo que não quer, não voltem a aparecer.
Nota:
Conceito de dilema – Qualquer problema que se possa resolver através de duas soluções, mas em que nenhuma das duas é completamente aceitável ou, caso contrário, em que as duas sejam igualmente aceitáveis. Noutros termos, ao escolher uma das opções, a pessoa não fica totalmente satisfeita.
Basicamente, o artigo aborda a dificuldade da escolha da Microsoft pois a Scorpio pode optar por dois posicionamentos de mercado. Um semelhante ao da PS4 Pro, que como sabemos não é exactamente algo que nos agrade saber que existe, mas que acaba por ser o menor dos males, ou outro ainda mais agressivo que será o ser uma consola de nova geração que, mesmo que camuflada e negada de forma a não soar a algo tão chocante nesta fase, forçosamente se acabará por revelar esmagadoramente superior à Xbox One.