Este é um jogo de uma third, mas publicado pelos Xbox Game Studios, e isso levanta uma questão… Como é que a Microsoft permite que um jogo publicado por si, corra melhor nos produtos da concorrência, quando as optimizações que permitem isso estão a um patch de distância. Não deveria a Microsoft solicitar o mesmo para as suas consolas?
A situação que iremos descrever seria chocante se este fosse um jogo de uma equipa first party da Microsoft, o que não é. A Moon Studios é um estúdio independente. No entanto o seu jogo, Ori and the Blind Fored teve o apoio dos Xbox Game Studios para a publicação do jogo.
Antes de desenvolvermos este tema, e para que se perceba o que implica ser publicador de um jogo, convêm que fique claro o que isso significa.
Eis uma tradução livre da definição presente no wikipedia:
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Um publicador de jogos é uma empresa que publica no mercado jogos que foram ou desenvolvidos internamente pelo próprio, ou externamente por um terceiro. Tal como os publicadores de livros ou DVDs, os publicadores de videojogos são responsáveis pelo controlo do processo de fabrico e pelo marketing, incluindo pesquisa de mercado e todos os aspectos de publicidade.
Na maior parte das vezes o desenvolvimento do jogos é financiado pelo publicador (chama-se a isto desenvolvimento externo), ou por uma equipa de um estúdio interno. A maior parte dos grandes publicadores também distribuem os jogos que publicam, sendo que os mais pequenos contratam uma empresa de distribuição. Outras funções do publicador incluem o pagamento de licenças que o jogo requeira, pagar por localizações de legendas e audio, pagar pelos design e impressão e até a escrita dos manuais e embalagens, bem como a criação de elementos de design das caixas dos jogos.
Os maiores publicadores fornecem mesmo formas de melhorar a eficiência dos jogos para equipas de desenvolvimento externo, fornecendo-lhes serviços como design de som, e pacotes de código para executarem funções de funcionalidade mais comuns.
Dado que o publicador por norma financia o desenvolvimento, este tenta gerir o risco de desenvolvimento com uma equipa de produtores e gestores que monitorizam o progresso do criador, criticam partes do desenvolvimento e oferecem assistência se necessário. Os video jogos criados por equipas externas são pagas com avanços periódicos em royalties. Esses avanços são pagos quando o criador atinge determinadas etapas de desenvolvimento pré definidas.
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Como vemos, apesar de o jogo não ser First Party, o facto de ser publicado pela Microsoft implica que ele foi financiado por eles na posição de publicador. Naturalmente essa posição não lhes garante qualquer exclusividade ou direitos sobre o jogo e escolhas de plataformas onde o lançar, e são até comuns os casos de jogos de publicadores como os Xbox Game Studios ou a Sony Interactive Entertainement que, mes o tendo plataformas próprias são publicados nas consolas da concorrência.
Naturalmente que tudo o que um publicador como um destes dois detentores de plataformas próprias pode tentar garantir é que haja uma optimização para a sua plataforma. Mas de forma alguma ele pode garantir que a sua plataforma seja a que tem melhores performances ou a única a receber o jogo. Isso depende de muitos factores, nomeadamente a performance do hardware. E só esse factor pode fazer com que um jogo, mesmo que publicado por um detentor de uma plataforma, possa correr melhor na plataforma concorrente.
Mas o que se passa no caso de Ori é algo diferente. Aqui o que vemos é que o jogo corre melhor na Switch, uma plataforma com performances e capacidades inferiores às das consolas da plataforma do publicador, sendo que isso acontece meramente por questões de software.
Eis as frases dos criadores do jogo, que explicam isso:
Tenham presente que temos trabalhado no nosso motor há uns bons 10 anos e que já tivemos múltiplos lançamentos e agora uma sequela. Uma série de optimizações que fizemos para o “Will of the Wisps” – A sequela de The Blind Forest – lcabaram na versão da The Blind Forest version para a Switch, o que foi um excelente efeito secundário.
Uma das coisas que as pessoas não vão notar imediatamente é que os sprites de Ori foram animados a 30 fps na Xbox/PC, mas que na Switch as animações foram actualizadas para 60 fps dadas as optimizações, pelo que tecnicamente, o Ori anima um bocadinho melhor na Switch do que nas outras plataformas. 🙂
Ora até aqui nada de estranho… A versão Switch é uma versão mais recente, e consequentemente beneficia de melhorias de optimização que entretanto foram sendo feitas ao motor.
Daí que a ideia não deste artigo não é tentar ver algo de anormal na situação, mas apenas questionar uma situação:
Dado que o aumento das performances é significativo (30 para 60 fps), será que Ori and The Blind Forest vai ter na Xbox um patch para o acréscimo das funcionalidades de performance da Switch?
A questão torna-se pertinente ao ser este um jogo publicado, e consequentemente financiado pelos Xbox Game Studios. E vistas as questões de financiamento e partilha de custos que a posição acarreta, o que me parece é que ter uma versão 60 fps na Switch, ao mesmo tempo que a versão Xbox e PC, as plataformas preferenciais deste publicador, se mantêm a 30 fps, tudo por uma questão de software, soa a algo pouco compreensível.
Sendo a Microsoft a publicadora, (com os devidos pagamentos e financiamentos), parece apenas coerente que, existindo o mesmo motor melhorado na sua consola, a mesma deva exigir que as alterações criadas para a versão Switch que permitem os 60 fps, sejam aplicadas também à Xbox e PC, ou não vos parece?
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