Online da Switch é… decepcionante

Não é que a Nintendo tenha grande tradição no online, mas ter a rede hackada em menos de 24 horas é algo caricato. Mas o pior é que apesar de o serviço ser barato, o que se recebe em troca não justifica o pagamento.

Já se fala do Nintendo Online desde Janeiro de 2017, ainda a Switch não tinha sido lançada, sendo que o serviço foi sendo adiado e adiado, e agora, em Setembro de 2018, finalmente foi anunciado. E apesar de se esperar que este tempo todo de atraso se devesse à preparação de alguma infra-estrutura para um serviço significativo, na realidade o que vemos agora é que nada disso aconteceu.

Para começar, o seu serviço de jogos NES foi hackado em menos de 24 horas, pois vários utilizadores mostraram já o serviço a ser violado, e a exexutar ROMs não oficiais. Um exemplo é o video que se segue, proveniente de um utilizador de Youtube e onde este, usando o serviço Nintendo Online, carrega o jogo Battletoads, um jogo que não é um dos 20 disponíveis no serviço.

No mesmo post da Polygon onde este utilizador deu a conhecer o video e o hack há um outro video onde outro utilizador acede ao Kirby’s Adventure, um outro jogo não disponível, fazendo-o através do jogo incluido River City Ransom, e mostrando que hackar o Online da Nintendo Switch é uma tarefa simples que facilmente outros utilizadores poderão replicar. Acrescenta ainda dados que referem que é possível correr-se inclusive ROMS alteradas.



kapu | the Gay.@KapuccinoHeck

ok so
this is incredibly basic but it shows that fully custom games ARE possible!
hakchi for NES Nintendo Switch Online when? pic.twitter.com/OBYn3dLOtV

O hacker refere claramente que qualquer um pode fazer o mesmo em casa:

For someone without prior experience in running Switch mods, getting all of it set up at first is a bit of a process, but nothing too hard with proper instructions. After an initial setup it’s insanely easy to swap out ROMs and add entirely new ones.

Mas a parte pior do serviço nem é a sua suposta falta de segurança. É mesmo que o seu preço… não justifica! Eis a oferta da Nintendo:

A realidade é que, apesar de muito mais barato, a proposta online da Nintendo é igualmente muito menos interessante que a da concorrência. Pessoalmente achamos que a relação oferta/preço chega a ser caricata ao ponto de olharmos para as propostas e preços dos diversos serviços no mercado e, apesar do atractivo de preço bem inferior, o serviço da Nintendo acaba por ser aquele que menos interessa por ser o que menos vantagem traz ao utilizador. É quase como pagar 20 euros por um Bife ou 5 euros por um pão. Ambos são caros, sendo que o bife é literalmente 4x mais caro, mas face ao que se obtêm pelo dinheiro, o pão a 5 euros é o que destoa aqui!

E infelizmente as novidades do serviço não são exactamente boas notícias pois este ao entrar em funcionamento vai remover possibilidades de jogo até agora dadas como adquiridas e obtidas de forma gratuita, e isto porque os jogos online, até agora gratuitos, vão agora ficar todos por detrás de pagamento do serviço online. Isto quer dizer que aqueles jogos que até agora foram sendo jogados de forma gratuita deixarão de ter acessível a componente online sem pagamento. E isto sem que a maior parte deles venham a sofrer quaisquer alterações significativas no seu funcionamento que os torne diferentes do que eram. Vai ser apenas pagar… porque sim!



Infelizmente aquilo que vemos é que as vantagens do serviço para o utilizador tornam difícil justificar o pagamento. Mesmo sendo o mais baixo de todos. É que 20 euros por ano pode parecer pouco face ao que a concorrência pede pelos seus serviços online, mas aqui, ao contrário dos outros casos, o que o pagamento nos dá é muito, muito pouco, especialmente quando inserido a meio da vida da consola e retirando-lhe algo que até agora era gratuito, o online. E fora o online, a grande característica que ali aparece e que parece interessar são as gravações na Cloud, algo que ainda teremos de saber como funciona e se vai obrigar a gastar tráfego de um smartphone a mover grandes quantidades de dados, no caso de a consola não estar ligada a um Wi-Fi.

Mas infelizmente, nem todos os jogos irão suportar o Cloud Save, algo incompreensível quando o conceito da Switch é ser uma consola portátil, o que a torna bastante menos interessante do que poderia ser.

Recorde-se que a Switch, para juntar jogadores em salas onde possam conversar por voz, requer o uso de um smartphone com um pacote de internet.

Convenhamos que não é necessário que todos os jogos tenham online, que todos os jogos tenham Cloud Saves, ou que todos os jogos tenham voice chat (apesar de na Switch isso ao ser feito no telemóvel tornar o suporte em algo que não afecta a consola, e que poderia existir em todos). Ora isto é basicamente algo que poderíamos até considerar normal. Os jogos PS4/Xbox também nem todos precisam de online, e não é por isso que as pessoas deixam de pagar a PSN+/Live. A questão é que esses serviços oferecem algo mais, nomeadamente jogos com qualidade e em grande quantidade, que compensam claramente o custo, e até o superam de forma esmagadora. E no caso do Nintendo Online, a coisa não será bem igual.

A única oferta da Nintendo são alguns jogos da NES que podem ser jogados. Porquês só a NES, quando a Nintendo tem um manancial de consolas passadas tão rico?



Basicamente o serviço da Nintendo é mais barato, e isso é um ponto forte. Mas o que se recebe pelo dinheiro acaba por ser bem mais compensador na PS4/Xbox. Entre jogos NES a 20 euros, ou títulos recentes e modernos, criados para o hardware da consola, por 60 euros, a relação oferta/preço torna-se bem clara. E não cai para o lado da Nintendo!

Esta é a realidade atual do serviço. Ao contrário de Sony e Microsoft, a Nintendo resolveu cobrar pouco e oferecer pouco, tornando a oferta mais acessível. Mas dada a oferta, A ideia que fica é que este é um serviço de muito pouco valor. E sendo hackado tão facilmente, ainda se coloca a questão sobre se os dados dos cartões de crédito estarão realmente seguros!



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