WiiU: Será o U capaz de salvar a nova Wii?

Numa recente conferência de Imprensa, Satoru Iwata, presidente da Nintendo, teve a seguinte frase: “A diferença entre a WiiU e a próxima geração, será menor do que a existente entre a Wii e a actual geração” .

Esta foi uma afirmação proferida quando confrontado com o facto de a WiiU, de acordo com aquilo que tem vindo a ser visto, não conseguir manter-se lado a lado a nível gráfico com as actuais consolas do mercado, a Xbox 360 e a PS3.

Mas apesar do que o presidente da Nintendo afirma, quem teve a possibilidade de ver a consola em funcionamento coloca sérias dúvidas quando às potencialidades da WiiU. Daí que a postura por parte dos utilizadores, face às notícias que tem vindo a lume, tem sido igualmente de dúvida.

E é exactamente nesse aspecto que este artigo surge, com uma análise a todas as situações e dúvidas que rodeiam a WiiU, reflectindo sobre os dados existentes e explicando assim a sua razão de ser.



Quem nos acompanha à algum tempo sabe que quando do lançamento da DS e da Wii defendemos ambas as consolas. Escrevemos inclusive um artigo, extremamente popular na altura, que mostrava que a Wii, apesar de inferior à Xbox 360 e PS3, afinal se revelava superior à Playstation 2. Esse artigo, na altura extremamente atacado pelos possuidores de outras consolas que, desconhecendo a realidade das coisas nos chamavam de mentirosos e fanboys, mostrava bem a realidade que pretendíamos demonstrar: A Wii era uma consola com capacidades para ser um sucesso, e isto sem sequer se abordar as suas capacidades, na altura inéditas, associadas aos seus fabulosos controladores de movimento. E o tempo deu-nos razão, com a consola a ser a mais vendida desta geração.

No entanto, e apesar de ainda ser cedo para um artigo semelhante que analise a realidade da WiiU, as notícias que nos chegam sobre a consola são extremamente confusas no que toca às suas reais capacidades, pelo que mesmo entre nós a dúvida sobre aquilo que valerá efectivamente a WiiU, paira sobre as nossas cabeças. E com as informações actuais a serem verdadeiras teremos certamente de estar bastante pessimistas face ao seu sucesso.

Naturalmente que teremos de ver a consola e joga-la para uma opinião final, sendo que aqui apenas a analisaremos face à realidade que é actualmente conhecida e na informação que nos chega vinda de fontes reputáveis. Mas mais ainda, não nos iremos guiar aqui pelo “diz que diz” ou em informações de foruns ou blogs que afirmam que a consola é melhor ou pior sem concretizar as afirmações com dados concretos, baseando-se na especulação ou na análise de especificações que não conhecem plenamente. Aqui analisaremos a consola não sobre a perspectiva do seu hardware interior, que é desconhecido a nível das suas reais capacidades, mesmo que possam parecer muito boas no papel, mas sim das realidades que vemos a acontecerem na prática.

Quer isto dizer que não nos vamos deixar impressionar pelo facto de a WiiU possuir um processador triple-core ou uma placa gráfica baseada no chipset A ou B, pois a única realidade que temos da consola é isso mesmo, possui processadores baseados em determinadas arquitecturas, mas alterados, e eventualmente até cortados em algumas especificações de forma a reduzir custos.

E por esse motivo, até que as especificações do hardware sejam conhecidas, ou possamos ter um contacto directo com o resultado final apresentado, vamos-nos abster de comentar as performances da consola baseado em especificações teóricas que na realidade se desconhecem. E nesse sentido será de chamar a atenção para o facto que, conscientemente, nos estamos a pronunciar baseando-nos em situações que não podem ainda ser encaradas como uma realidade sobre um hardware que não nos foi ainda dado a conhecer, tratando-se o artigo apenas de uma colectânea de conclusões baseada na informação até ao momento disponibilizada:



A Wii / WiiU e a geração que substitui

– A Consola e suas performances

Quando a Wii foi lançada, a consola era notoriamente inferior ao que a PS3 e a Xbox 360 tinham para oferecer. Ora como todos sabemos tal não impediu a Wii de ser a consola mais vendida da actual geração, pelo que a mesma terá que ser considerada como um sucesso, e uma aposta acertada. Porque motivo não haveremos então de pensar que a WiiU poderá seguir pelo mesmo caminho?

Acontece que quando do lançamento da Wii, as consolas existentes no mercado eram a Xbox e a PS2. E como o nosso artigo demonstrava, apesar de a diferença não ser esmagadora, a Wii era superior ao que essas consolas ofereciam. Mais memória, mais processamento e mais efeitos gráficos.

Acrescentando a isso uma inovação radical no seu sistema de controlos que se revelava uma novidade total, tínhamos uma consola que, apesar de inferior à nova oferta da concorrência, era superior à geração que veio substituir em todos os aspectos.

Quer isso dizer que a Wii era uma melhoria face ao existente. Uma melhoria pequena em alguns aspectos, mas uma melhoria mesmo assim. E com um mercado na altura habituado a um determinado standard de qualidade gráfica, a Wii mantinha-se no patamar dessa geração, melhorando-o ligeiramente. É certo que não dava o salto como a Xbox 360 e a PS3 faziam, mas a consola mesmo assim melhorava face ao existente, e inovava no campo dos controladores com algo de inédito.



Já no que toca à WiiU a situação não é bem a mesma.

O actual patamar de qualidade da presente geração está definido pela PS3 e Xbox 360. E nesse campo há muitas dúvidas sobre se a WiiU se revela ou não capaz de acompanhar o que essas consolas fazem a nível gráfico. Segundo rumores não confirmados a sua tecnologia gráfica é baseado num GPU que na sua versão original seria cerca de 80% mais potente do que os que equipam as actuais consolas. Mas isso é verdade no chip original e não necessariamente o da WiiU que poderá ter sofrido cortes nas suas capacidades para redução de custos.

Assim, a frase que até hoje ouvimos que melhor resume aquilo para que tudo aponta que sejam as capacidades gráficas da WiiU é a seguinte:

Não possui o mesmo número de shaders e como tal não é tão capaz. Há certas coisas nas quais a WiiU é melhor devido ao seu desing mais moderno, mas no global a WiiU não consegue acompanhar.

Esta é uma afirmação muito polémica, que afirma que a WiiU no seu global até se revela com menos capacidades gráficas que a actual geração de consolas, mas que em outras é bem superiora, parecendo então deixar no ar a ideia que, desde que devidamente aproveitada a consola poderá bater a concorrência, mas usando os mesmos padrões de programação, ficará atrás.

Por esse motivo esta é uma situação que não parece consensual entre os programadores, e o tipo de afirmações que já conhecemos muito bem da altura dos lançamento da PS2 e PS3 onde muitos davam a consola como possuidora de demasiadas limitações para ser efectivamente capaz. E no entanto as consolas foram e são aquilo que conhecemos, pelo que este tipo de frases necessitam de ser encaradas com alguma desconfiança uma vez que o hardware não é totalmente conhecido.



É por esse motivo que, apesar de a usarmos como referência, tomamos esta frase com uma pitada de sal. Queremos ver por nós mesmos aquilo que a consola consegue mostrar. Mas infelizmente, as notícias que nos chegam de quem já testou a consola, parecem efectivamente mostrar que a WiiU não supera a concorrência.

Exemplos de empresas que gabam a potência da WiiU são muitos: Por exemplo, a Rocksteady, criadora de Batman Arkham City, gabou a potência da WiiU, mas a realidade é que uma vez o jogo mostrado ao público o que se vê? O jogo da WiiU é graficamente inferior ao oferecido pela PS3 e Xbox 360! E não é apenas um bocado, é significativamente pior!



Infelizmente esta ideia de inferioridade parece partilhada por vários editores, com uma análise de mercado a mostrar que muitos produtores de software estão a excluir a WiiU de software multi-plataforma lançado para a Xbox 360 e PS3. Os motivos exactos para esta exclusão são desconhecidos, mas sendo a WiiU a consola com a qual terão de lidar futuramente, e uma futura fonte de receitas, esta decisão, não sendo baseada numa dificuldade em manter o nível de qualidade, e dado o tempo para optimizações existente até ao lançamento da consola, não é totalmente compreensível.

Ninja Gaiden 3 para a WiiU é um outro exemplo da aparente fraca performance da consola. Para além de quedas brutais de frame rate em alguns locais mais vastos, a mudança dinâmica de resolução em alguns locais, para manter o framerate, é uma realidade superior ao que se verifica nas restantes consolas. É certo que este truque de mudança dinâmica de resolução é uma realidade existente em todas as versões do jogo, mas os relatos parecem indicar que a WiiU recorre mais vezes a ele do que as restantes consolas.

Mas se estas situações são uma realidade que apontam no sentido de a WiiU não se revelar ao mesmo nível das consolas actuais, há contradições nesse sentido.

Um dos exemplos chega-nos da Crytek, onde o seu CEO, Cevat Yerli, refere que o seu motor está já pronto a ser executado na WiiU e que essa consola é, no mínimo, é tão poderosa como uma Xbox 360. E o mesmo é afirmado pela Ubisoft que refere que a placa gráfica da WiiU se revela até 50% mais potente do que as que equipam a PS3 e a Xbox 360.

Mas e podemos acreditar nestas frases? Onde está a prova da Crytek sobre o que diz? E o mesmo no que toca à Ubisoft? E porque motivo as afirmações não são consensuais face ao possível ganho?



Naturalmente não pretendemos deixar de crer nestas entidades, mas a verdade é que as situações aqui referidas e que apontam no sentido de a WiiU ser mais lenta e menos capaz, são situações que a imprensa da especialidade já teve a oportunidade de constatar. Já as que referem e indiciam o contrário são apenas afirmações que ainda não foram visualizadas pelo público. Surge então a questão: Em qual acreditar?

A nossa resposta quanto a isso é: Em todos!

Acreditamos que neste momento a WiiU não está ainda devidamente explorada e, como a frase que destacamos refere, que possui efectivamente pontos mais fortes e outros mais fracos, sendo que conforme o pretendido os programadores se deparam com esses pontos fracos em maior ou menos quantidade. Dado que estamos a falar de shaders e de estes poderem ser mais ou menos complexos consoante o efeito desejado e o tipo de iluminação global utilizada, bem como poderem facilmente ou não ser usados shaders alternativos que produzam efeitos semelhantes de forma menos complexa, acreditamos que todos poderão ter razão. A questão é que a WiiU terá de ser encarada como o hardware que é, e não como algo igual à PS3 ou Xbox 360. No fundo um bocado como a PS Vita que requer os seus próprios shaders alternativos, mas que com eles produz resultados em tudo idênticos aos das suas irmãs mais velhas. No entanto, se usasse os mesmos Shaders nem sequer chegava lá perto.

É o uso de shaders alternativos um problema? Não… claro que não!

Seja como for, actualmente e com as dúvidas existentes, face à Wii altera-se uma realidade. Ao contrário da sua antecessora, não é perfeitamente claro se a WiiU é ou não mais potente que a actual geração de consolas, e se o for, se o será em todos os casos. Ora com Xbox e PS3 a um preço bastante mais apetecível e acessível, com uma livraria de jogos extensa e de qualidade, bem como uma base de consolas já vendidas que lhe garantem vendas, a nova WiiU vendida a preço superior terá dificuldade em implementar-se se não mostrar a diferença face à concorrência.



Apenas uma nota antes de passarmos ao capítulo seguinte: Prevendo já a referência a um suposto vídeo comparativo entre Assassins Creed 3 na WiiU e PS3, referimos que já visualizamos esse vídeo e o mesmo não nos mereceu credibilidade por factores diversos;

– Apesar de desconhecermos as potencialidades da WiiU, conhecemos bem as da PS3, e aquilo que se visualiza na versão PS3 está bem abaixo das reais potencialidades da consola. Não achamos que se trate de um video feito e realizado com o intuito de enganar, mas há várias situações que convêm chamar a atenção que poderão constatar por vocês mesmos se visualizarem o vídeo a 1080p?

Trata-se efectivamente de uma comparação realizada por alguém que conseguiu arranjar o mesmo pedaço de jogo jogado nas duas consolas e as comparou, mas a versão WiiU não é uma captura directa da consola, mas uma filmagem de ecrã (como podem constatar pelo reflexo de luz presente no mesmo local a tempo inteiro). Da mesma forma o video da PS3 tambem não é capturado directamente da consola, mas sim de uma transmissão de demonstração do jogo passada na TV (estas situações são algo que o video original, que aqui incluímos, refere claramente ao indicar a versão WiiU como sendo uma captura “offscreen” e a da PS3 como um “Direct feed”.

Quer isto dizer que as cores da versão WiiU estão alteradas pelas definições do ecrã onde passava, e que muito provavelmente estava definido para cores frias. O mesmo na versão PS3 que ao ser uma transmissão TV muito certamente teve um corte na resolução para o formato NTSC. Da mesma forma as cores parecem estar definidas como quentes devido ao abuso do tom amarelado, não parecendo estar inalteradas face ao original. Por esses motivos essa comparação não nos merece credibilidade para uma comparação gráfica.




– Os controladores

Com a lançamento da Wii o mercado sofreu uma das maiores revoluções dos últimos anos. Os seus controladores de movimento eram inéditos e algo que o mercado nunca vira, tornando-se num sucesso imediato.

A Wii, apesar de inferior à concorrência possuía um ponto que a distinguia claramente, e que fazia a diferença. Os seus controlos!

No entanto a WiiU não será bem igual. Os controladores de movimento são agora uma realidade em todas as consolas, e actualmente os controladores da Nintendo até se revelam os menos avançados de todos.

No que apostou a Nintendo então para a diferença? Num ecrã adicional tactil que servirá de controlador e que será fornecido com a consola.

A questão que surge é: Será que este controlador será suficiente para fazer a diferença?



Infelizmente já o tínhamos dito num nosso artigo de opinião, é nossa opinião que a Nintendo deu a conhecer a sua consola cedo demais. E efectivamente a mais de um ano do seu lançamento a Nintendo dava a conhecer a consola, fornecendo assim tempo à concorrência para reagir.

E devido a tal, qual é a actual realidade? A WiiU não possuirá a nível de controladores nenhuma situação que a concorrência não possa disponibilizar igualmente. A Sony possui hardware para bater completamente a WiiU com o pack PS3+PS Vita, que possuem em conjunto um poder de processamento sem paralelo no mercado das consolas, e a Microsoft aposta no seu Project Glass que permitirá a qualquer smartphone ou tablet fazer o mesmo que o controlador da Wii. E as opções da concorrência possuem um bónus acrescido, poder de processamento do lado do ecrã tactil, algo que a WiiU não possui (se bem que a solução da Microsoft é mais problemática nesse aspecto).

A verdade é que, com mais ou menos qualidade, a concorrência possui a mesma oferta da WiiU, e nesse sentido a consola não possui o trunfo que a Wii possuía no seu lançamento. E com o erro da apresentação prematura da consola por parte da Nintendo o mercado apercebeu-se que a empresa Nipónica tinha lançado a sua melhor cartada, a surpresa, ao lixo, motivo pelo qual, logo após a apresentação, as acções da Nintendo desceram de valor.

Em sua salvaguarda a Nintendo refere que o seu “tablet” possui uma latência que nenhum outro sistema oferece, com tempos de resposta e lags bastante reduzidos. No entanto esta é uma situação de puro marketing: A comunicação entre os sistemas é realizada usando o mesmo hardware e as mesmas normas que a concorrência também usa, sendo que tudo passa pelo uso de metodologia diversa para reduzir estes valores que a concorrência também pode implementar.

A Wii / WiiU e a próxima geração

– O software

É certo que a Nintendo é uma empresa que é capaz de fazer valer as suas virtudes sem a necessidade de um suporte idêntico ao das restantes consolas. E a Wii é o exemplo, com software exclusivo, bem como os títulos Nintendo a fazerem as delicias de quem a possui.



Mas será que isso poderá ser suficiente para a WiiU quando o que ela oferece não é um passo em frente face à actual geração, e há uma nova geração à porta, sendo que desta vez os comandos da consola não serão inovadores?

É certo que entre a Wii e a actual geração a grande diferença é a capacidade gráfica, com a Wii a trabalhar em resoluções SD e as restantes consolas a trabalharem em resoluções HD. E essa diferença não será tão chocante com a WiiU e a próxima geração, com todas as consolas a trabalharem em resoluções HD. Mas a questão é que a qualidade gráfica não é só resolução. O número de efeitos de luz, a qualidade dos efeitos de luz, a resolução e qualidade das texturas, a quantidade de polígonos no ecrã, a capacidade de realizar efeitos gráficos como anti-aliasing, filtros anisotrópicos, e muitas outras situações, são decisivos na qualidade final do grafismo. E se nesse ponto aceitarmos que as dúvidas anteriormente referidas sobre as capacidades da WiiU não possuem razão de ser, e que a consola até bate a actual geração de consolas, fica a questão sobre como a consola se conseguirá manter contra tecnologia de última geração a ser lançada já para o ano.

Muitos poderão tentar responder a essa questão com a comparação entre a actual geração de consolas e os PC’s, tentado fazer ver que as diferenças não serão assim tão brutais. E efectivamente os jogos PC estão anos luz à frente das versões consola, e mesmo assim as mesmas são capazes de apresentar resultados impressionantes, podendo essa situação servir para demonstrar como a WiiU se conseguirá manter face à nova geração de consolas.

Mas será assim? Infelizmente não partilhamos essa ideia. E o motivo é que a actual geração de jogos desenvolvidos para PC possui um handicap muito grande que desaparecerá brevemente. Um handicap conhecido como PS3 e Xbox 360.

A realidade é só uma, os jogos vendem mais nas consolas do que nos PC’s, pelo que a plataforma principal a ser atingida é a consola. Quer isso dizer que os jogos são desenvolvidos pensando nas limitações das consolas, e somente com a compatibilidade com as mesmas garantida se pode partir para uma expansão das capacidades oferecidas pelos PC’s. Mas no entanto, com a base e coração do jogo travado pelas capacidades das consolas, o PC está limitado.



Naturalmente há motores de jogo escaláveis, como é o caso do Cry Engine, e que adapta as suas capacidades à potência do sistema em que se executa. Mas mesmo esses ficam limitados por outros componentes: É que para além da compatibilidade com as consolas há também que se garantir a compatibilidade com a salgalhada de milhões de possíveis combinações de hardware que impedem de optimizar o motor ao nível desejado. E essa é uma situação que as consolas não possuem ao serem todas iguais, motivo pelo qual a optimização para as mesmas chega a níveis nunca alcançados nos PC’s.

Curiosamente, e a comprovar esta frase, recordo que li faz uns anos uma nota de um programador de uma demo tecnológica daquelas que deixa qualquer um de boca aberta ao compilar um universo 3D num único ficheiro executável de 64 KB. E nessa nota o programador demonstrava como poderia ter feito muito mais se não fosse o facto de pretender um suporte a uma grande quantidade de hardware. Como exemplo, e entre várias dezenas de notas do género, ele referia que determinadas rotinas de chamada directa do Direct X tinham de ser substituídas por alternativas devido a uma bug conhecida na placa X ou Y e que estava ainda sem correcção. E a alternativa, apesar de funcional, usava mais processamento do que o original, limitando assim o seu resultado final. E dado que estes são problemas únicos do universo PC, e que as consolas, por serem todas iguais, não possuem, a comparação com o universo PC não é de forma alguma a ideal.

– o mundo tecnológico e real onde a consola se insere

Apesar de as diferenças de performance entre a WiiU e PS4/Xbox 720 poderem ser de 500 ou 600%, a realidade é essa situação é actualmente uma realidade quase semelhante com as consolas actuais, sendo que a WiiU possui uma vantagem muito grande sobre a actual situação da Wii.

É que ao contrário da Wii que possuia ligações analógicas e resoluções SD para um mercado em transformação e onde as ligações digitais por HDMI e o HD eram uma realidade, a WiiU virá desde logo adaptada à realidade do mercado.

Quer isso dizer que a WiiU nunca será uma má consola. Independentemente do ângulo por onde visualizemos a situação, a WiiU será sempre a Wii da actual geração. E como a Wii já provou em condições mais adversas, nem sempre as consolas mais potentes são necessariamente melhores.

A única questão aqui é que a WiiU, ao contrário da Wii, não será a única consola a explorar esse segmento de mercado onde a mesma se enquadra, com a PS3+Vita e a Xbox 360+Smartglass a explorarem igualmente o mesmo. E estas consolas, como referido, são preferenciais no desenvolvimento devido à base de utilizadores já existente.

Ora somando a isto o preço mais baixo das consolas da concorrência e a realidade económica actual da maior parte dos países, há que questionar sobre o futuro da consola.

Não queremos ser pessimistas ou deitar para baixo a consola da Nintendo, mas a verdade é que mais do que nunca estamos perante uma consola que terá de se afirmar contra uma série de factores que jogam contra si. E esses factores não existiam quando da Wii, pelo que desta vez o nome Nintendo não será garantia de sucesso. Diga-se aliás que o nome Nintendo nunca foi garantia de sucesso, com a Gamecube a ser uma consola secundária na guerra da anterior geração de consolas, mas no entanto a empresa parecia ter entrado no caminho ideal do sucesso com a DS e a Wii.

Infelizmente estas situações são cíclicas e esse ciclo está prestes a acabar, sendo que a WiiU se terá de impor no próximo.

Conclusões

Face à nova geração não temos dúvidas que a WiiU poderá ocupar o lugar que a Wii actualmente ocupa. A consola situar-se-à ao nível da anterior geração, muito certamente até um pouco acima, e possui ainda a vantagem que a Wii não possuía, ao ser HD.

Mas se essa é uma realidade que não nos custa nada aceitar há outras que levam a questionar o seu sucesso.

Para começar o facto de não ir estar sozinha a lutar por esse segmento, possuindo a concorrência da Xbox com o seu SmartGlass e o Pack PS3+Vita. Este conjunto de consolas irão concorrer pelo mesmo espaço, sendo que todos eles terão as suas virtudes. E essa era uma realidade com que a Wii não se deparou.

E tudo o que a WiiU oferece a concorrência também pode oferecer. E no mercado vamos então ter:

Xbox + SmartGlass deverão ser o conjunto mais barato. Uma grande consola que será vendida a preço acessível e que possui o bónus do suporte Kinect. Poderá ainda, com custo zero, acrescentar o suporte para ecrã externo adicional, bastando para isso recorrer a hardware já existente na mão da maior parte dos utilizadores. A base de utilizadores é igualmente imensa e os jogos garantidamente, desde que com qualidade devida, venderão.

PS3+PS Vita deverão possuir um preço em tudo semelhante ao da WiiU. No entanto trata-se de um conjunto de consolas que a nível de performance não terão igual, com a PS Vita a ser basicamente uma PS3 de menores capacidades e portátil, e acima de tudo, que pode funcionar ainda de forma autónoma. Será um dois em um que poderá igualar e mesmo bater tudo o que a WiiU apresente, sendo porém capaz de realizar situações que a WiiU, por ausência de poder de processamento no seu Tablet, não consegue. A base de utilizadores é, à semelhança da Xbox, imensa, e os comandos de movimento igualmente uma realidade.

WiiU será a grande dúvida. O seu preço não será o mais barato, a sua base de utilizadores será nula no seu lançamento, e não será certamente o conjunto mais potente, apesar de o poder ser na parte da consola que poderá ser mais potente que a concorrência, mas neste caso será a consola que terá de processar o conteúdo visualizado no tablet, ao contrário do que acontece no pacote da Sony. Já face à Xbox a ausência de algo como o Kinect será igualmente uma realidade que parece dar a entender que a Xbox será capaz fazer as mesmas coisas que a WiiU, mas o contrário não será verdade.

Fica assim a dúvida no ar. O que valerá efectivamente a WiiU? Parece-nos depois desta análise ponderada que a consola terá de ter algo para oferecer que a diferencie pela positiva, e aparentemente isso só poderá ser o software. Se tal será suficiente… é o que falta ver.



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