Um SSD normal tem dois níveis de prioridade, o da PS5 tem seis. O que significa isso?
Para percebermos o que são os níveis de prioridade, vamos começar por um exemplo que todos possam perceber mais facilmente.
Imaginemos um telefone num call center, onde as chamadas são atendidas pela ordem de chegada.
Num caso destes apenas há um nível de prioridade. O que isso quer dizer é que quando recebem uma chamada, ele fica ocupado. Se eventualmente durante a chamada uma outra chamada mais urgente tentar passar, ela vai ser impedida, uma vez que a linha está ocupada. Terá por isso de entrar na lista de espera e aguardar a sua vez.
Esta chamada, mesmo sendo mais importante que as outras entrará na fila. Porque somente há um nível de prioridade no atendimento e como tal tudo é tratado por igual.
Para evitar algo assim, e dar-se prioridade ao que é mais importante, os SSDs resolveram criar um segundo nível de prioridade, relativo ao fornecimento de dados.
Basicamente, retomando o exemplo do call center, caso houvessem dois níveis de prioridade, as chamadas prioritárias passam a ser definidas como prioritárias, passando assim à frente de todas as outras não prioritárias.
E esta situação permite fazer um tratamento diferencial das situações, gerindo-se aquilo que realmente é considerado importante primeiro, mostrando a relevância dos níveis de prioridade.
Por este motivo, os SSDs implementam todos estes dois níveis. É o standard no mercado, e destina-se a melhorar as performances do SSD e do sistema em geral, ao permitir que os dados que estejam a ser efectivamente necessários, sejam recebidos e processados com prioridade.
Em que é que a PS5 inova aqui? Ao aumentar esses níveis de prioridade ainda mais, gerando 6 níveis de prioridade.
E realmente vemos que passar para 4 níveis seria logo uma mais valia. Dentro das chamadas prioritárias, nem todas tem o mesmo nível de mesma prioridade, mas no entanto isso não é distinguido, pelo que criar-se pelo menos dois níveis de diferentes prioridades dentro das chamadas prioritárias, seria relevante.
E o mesmo dentro das chamadas normais. Umas chamadas, mesmo não sendo prioritárias, poderão ser igualmente mais importantes que outras, e daí que a ordem de entrada é relevante.
Ora aqui a PS5 não criou 4 níveis no seu SSD, criou 6, o que permite definir a coisa ainda melhor!
Esta situação tem curiosamente uma semelhança com algo que Cerny tomou como prioritário na criação da sua PS4, as unidades ACE.
Basicamente as unidades ACE organizavam aos comandos que entravam no GPGPU por ordem de prioridade, permitindo assim melhorar a sua eficiência de processamento.
Aqui o conceito de Mark Cerny é equivalente. Ao definir mais prioridades, permite que os dados cheguem aos processadores (CPU e GPU) de forma mais eficiente, reduzindo assim gargalos e evitando tempos mortos de processamento onde os processadores basicamente estão à espera dos dados.
Esta situação é assim mais uma das remoções de gargalos e tempos mortos de processamento que estiveram por detrás de toda a ideologia da concepção da PS5, e que terão como consequência prática uma maior eficiência no processamento face a um sistema standard, e mais uma das razões pelas quais os Tflops da PS5 não são um bom indicador da sua real capacidade.
A consequência desta situação é que qualquer disco SSD adicional que seja usado pela PS5 terá de conseguir responder a seis níveis de prioridade, mantendo 5.5 GB/s de largura de banda não comprimida. E isto quer dizer que ele tendo uma velocidade anunciada para apenas dois níveis, irá perder performance. Daí a necessidade de os discos terem de ter velocidades brutas superiores a 5.5 GB/s, tendo mesmo assim de ser verificada qual a sua eficiência quando sujeitos a essa carga de resposta extra. E daí a necessidade de a Sony os testar e criar uma lista de discos que sejam capazes.