Não está em causa o que existe, não estão em causa as práticas normais de mercado. O que está em causa é uma mega compra recorde de um dos maiores produtores independentes mundiais que pode alterar o balanço do mercado, e retirar oferta a terceiros.
O argumento de que a Sony tem comprado muitos exclusivos tem vindo a ser a ordem do dia. E essa situação parece querer servir como desculpa para se poder ter argumentos para a Microsoft comprar a Activision.
Mas o que está aqui em causa não é um eventual atual domínio de uma empresa, ou se esta tem mais ou menos exclusivos que a Microsoft. Essa é uma situação de gestão corrente da Microsoft, e não algo que compete à FTC ou a qualquer regulador retificar.
Diga-se aliás que a compra de exclusivos é uma situação normal em qualquer mercado. Os exclusivos sempre existiram e continuarão a existir como meio de separar um produto dos restantes, e a sua aquisição é uma prática aberta e acessível a todos. E a Microsoft se não compra mais, só ela saberá o porquê!
O que está aqui em causa é a aquisição de publicadores. E nem sequer um publicador normal, mas sim um dos maiores.
E isso quer dizer que não estamos a falar de comprar um estúdio, mas sim uma manada deles de uma vez.
Não estamos a falar de uma aquisição para exclusividade de uma edição específica de um jogo, mas sim da aquisição a título definitivo/permanente dos direitos de propriedade intelectual de dezenas de jogos..
Não estamos a falar de algo que é limitado no tempo, mas sim algo definitivo.
E não estamos a falar de algo acessível a todos, mas sim algo que apenas uma empresa super poderosa tem capacidade para adquirir.
Mas, super relevante, some-se a tudo o de cima que, mais do que estarmos a falar de um valor para quem compra, estamos a falar de uma perda para os outros. Afinal, sendo o publicador multi plataforma, os seus títulos estariam sempre disponíveis na plataforma do comprador. Já a concorrência, perante a compra pode perder esses títulos.
Basicamente o que está em causa não é a defesa da Sony, ou a defesa da Microsoft como empresas, ou o corrigir situações de mercado que uma das partes entende estar mal. O que está em causa é a legalidade perante as leis “antitrust” de uma compra que, a acontecer, pode criar um precedente sem igual. Especialmente pelo facto que, pela sua dimensão e potenciais implicações e consequências não previsíveis, que podem resultar num potencial monopólio, particularmente dado estar aqui envolvido o IP mais popular do mercado, se questiona se deverá sequer ser ponderada como aceitável.
O que está em causa é por isso algo que transcende a Sony ou a Microsoft, e é mesmo algo que transcende a industria dos videojogos. Uma aprovação não devidamente justificada e ponderada aqui, pode mesmo criar precedentes que se aplicam depois a outros mercados, e que passando sem ser regulamentada, coloca em causa a própria existência dos reguladores.
Daí que o ataque/defesa da atual posição da Sony ou da Microsoft numa situação destas não é o que está verdadeiramente em causa, e nem o que se se torna relevante para o processo.
É certo que há uma empresa com o dinheiro para esta aquisição, mas uma aquisição de uma Activision ou outra como a Capcom, Square Enix, Namco, Rockstar, ou ainda outra, que tornem os seus IPs exclusivos a um ecossistema, fora de títulos arbitrariamente negociados caso a caso, não beneficiam verdadeiramente ninguém na industria, excepto a empresa que os adquire. E é um direito que assiste a quem se sente prejudicado, o lutar para que estes produtores Third Party independentes se mantenham independentes e com os seus títulos publicados em todas as plataformas. É igualmente um seu direito criticar estas compras, e tentar para-las.
Claro que muitos iriam reclamar se a Microsoft, em vez de comprar a Activision se fartasse de adquirir títulos de forma individual, mas não só provavelmente seriam menos do que os que se queixam agora, como a Microsoft estaria a jogar com as ferramentas legais e instituídas no mercado que todos usam.
Para além do mais, a aquisição numa base de título a título não consegue abranger o mercado todo, o que dá igualdade de oportunidades a todos, e sendo este tipo de aquisições algo muito menos palpável financeiramente do que uma compra de um IP ou uma empresa, ela também não é financeiramente tão interessante. Nesse sentido, ninguém acredita que a Microsoft torrasse 75 biliões em jogos cujo interesse para o jogador pode ser de apenas uma dúzia de meses, sem que depois fique seja o que for desse investimento.
Basicamente se uma compra de um empresa é algo que financeiramente é neutro, pois sai o dinheiro, mas entram os bens e a propriedade intelectual, sendo que a nível contabilístico há apenas uma troca de dinheiro vivo para valor adquirido, uma aquisição de um exclusivo é basicamente uma despesa que nada traz à contabilidade, e que se tal não se traduzir posteriormente num aumento em receitas derivadas de vendas, não compensa. Daí o pouco interesse da Microsoft até ao momento nesta aposta, pois o Gamepass não consegue gerar rapidamente dinheiro para pagar os First Party e exclusivos adquiridos, uma vez que as suas receitas envolvem custos de gestão corrente de cerca de 300 jogos. E, a piorar a coisa, com o Gamepass as vendas caem (80% de acordo com a Digital Foundry).
Basicamente, com uma concorrência standard, haveria mais igualdade, e acima de tudo pararíamos com aquilo que não é mais do que hipocrisia da suposta caridade de se manter alguns títulos em outras plataformas por alguns anos, Na realidade essa situação não invalida o que poderá estar em causa, e trata-se apenas de medidas que empurram com a barriga para a frente o potencial problema causado pela aquisição.
Diga-se aliás que se a Microsoft concorresse pelas regras standard do mercado, ela não estaria neste momento numa batalha judicial por causa da Activision. Mas o facto de a querer à viva força a aquisição, e estar disposta a pagar um valor recorde no mercado, leva-a a este escrutínio.
Off toppic: https://www.eurogamer.pt/principais-criativos-de-forza-horizon-deixam-a-playground-para-criar-novo-estudio Mais uma equipe sendo desmontada!
https://www.gamesindustry.biz/playground-games-leaders-form-new-aaa-studio-maverick-games
Palmas para eles, é isso aí. Liberdade criativa, novas idéias.
Cansaram da pressão da MS!
Cansaram do copia e cola.
Vocês também… não dão trégua! 😃
É, pelo visto nada mudou na MS…
é bem fácil dar “liberdade” para o estúdio quando aparece um cara dentro do estúdio querendo fazer um jogo de baixo orçamento e/ou baixo orçamento GaaS para day one (patient, bleeding edge, grounded)
no minimo foi ideia da MS fazer um “horizon zero dawn da MS”, chegaram lá na playground e mandaram “fazer um fable, se a Sony faz HZD vcs conseguem tb”
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Mas tô feliz que a Sony não tem nada haver com esse estúdio, maverick, quero distância de quem faz “jogo para serviço e jogadores com deficit de atenção, temos que imitar tiktok”
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Nada representa melhor a MS do que essa historia de Fable…
Phill correu na internet desmerecer HZD com “SP não tem mais o mesmo impacto”, cheio de passividade-agressividade, enquanto por baixo dos panos corria na Playground mandar eles fazerem um jogo “tipo HZD” que virou Fable.
Impressionante a falta de vergonha na cara da MS, Phill, etc.
Aí você desce para os comentários e vê uma pessoa querendo associar essa notícia da eurogamer com o artigo de hoje na PcManias, no caso a pessoa lá diz que reclamam do monopólio da MS com a aquisição da Activision e são contra a saída do pessoal da Playground já que um novo estúdio será criado ampliando a concorrência.
Não tem nada a ver um caso com o outro
A questão é saber se saíram por conta própria ou porque não aguentaram a interferência externa. A indústria de games é muito mais complicada do que parece. Por mais que se tenha dinheiro é difícil desenvolver mão de obra qualificada e ainda mais difícil manter.
A liberdade criativa sempre foi um problema com a Microsoft.
A ideia de que os single player não vendiam sempre foi falsa. A Microsoft queria era implementar DRM always online e monetizar mais facilmente. Era uma forma de limitar a criatividade escondida.
O mesmo se passou com o Scalebound. Ele foi encerrado porque a Microsoft cortou a visão total do jogo, querendo-o multi e online.
A Microsoft não dá liberdade criativa. E mais do que isso, cobra resultados!
No fund todos fazem um pouco isso, o que muda é a escala em que aplicam. Mas claramente a Microsoft é a que mais aperta, e o ver estúdios enormes e de qualidade presos às franquias Halo, Gears e Forza, são a clara prova disso.
Pois então… numa entrevista um tempo atrás o Cory disse que a Sony não havia gostado do que foi apresentado do GoW, inclusive um dos que torceu o nariz foi o Yoshida. Mas aí vemos como a Sony é diferente da Microsoft, pois respeitou a equipe do studio, que confiava no projeto e então saiu o jogo mais premiado de 2018 dali. Já a Microsoft não dá voto de confiança a nenhuma das sua equipes. Pegou formulas prontas e não alterou quase nada… na verdade alterou, a qualidade caiu ou ficou no mesmo de sempre, como é o caso de Gears e Forza.
Imagino que essa galera top tem dificuldade de ficar preso sempre no mesmo projeto. E ainda mais dificuldade de trabalhar em algo por pressão externa. Não sei se foi o caso, mas é de se questionar se o novo Fable não teve influência nessa decisão.
Gente criativa se entedia de fazer o mesmo, mesmo que faça sempre algo primoroso como os FH. Mas claro que ter pressão por calendários e ter chefões que nada entendem do processo só a cobrar datas e resultados é sempre um grande incentivo a procurar outro rumo.
Difícil saber exatamente a motivação, a menos que citem literalmente. Mas que faz nome na indústria e tem coragem pra recomeçar, certamente procurará ser “seu chefe” de alguma forma e emplacar suas próprias ideias, mesmo que eventualmente debaixo da asa financeira de um grupo mais sólido. É o que se viu com a Haven, por exemplo, após a Jade sair do Stadia.
Interessante é que, não faz muito, o Greenberg falou que a semana pro Xbox seria divertida! Será que ele falava disso? 😂
Wtf? 🤣🤣🤣
https://twitter.com/Xbox/status/1612937236953047041?t=I20_g2tYNFmqcGpFEbXenA&s=19
Off toppic: https://www.eurogamer.pt/a-ps5-tem-4-camadas-de-protecao-contra-a-fuga-de-liquid-metal Foi bem explicado!!!