As conferências devem existir para esclarecer e criar Hype. A da Microsoft fez isso, mas ao mesmo tempo deixou muitas questões no ar. Talvez mais do que devia. Ainda há muito que a Microsoft pode fazer para tornar a sua apresentação mais agradável e interessante!
Apesar de uma apresentação com 60 jogos, um valor que a Microsoft refere ser recorde, há um consenso quase global que a Microsoft falhou em capitalizar a ausência da Sony e que, apesar de 95 minutos de apresentação, não conseguiu igualar o que foi apresentado pela Nintendo. Os motivos foram basicamente três, que podem e devem ser corrigidos em futuras feiras!
Motivo 1 – A apresentação da Microsoft apostou maioritariamente em Cutscenes e pouco em descrever os jogos e mostrar o mesmo a ser jogado.
Infelizmente a Microsoft apostou em apresentar a maior parte dos jogos de maior relevo sem mostrar sequer um pedaço do jogo jogado. Apesar de algumas excepções, a conferência apoiou-se tremendamente em cutscenes!
Nomes como Gears 5, Halo Infinite, The Outer Worlds e tantos outros jogos, exclusivos ou não, e que se mostraram de maior interesse, ficaram-se por cutscenes ou, como no caso de Gears 5, por uma sequência video, CGI ou em tempo real, bastante estranha, e onde várias faces saiam de uma outra! Esta sequência para além de nem definir o jogo, muito certamente nem aparecerá no jogo. O mais incompreensível é que a Microsoft tinha como mostrar esse tipo de cenas, como se percebeu pelos jogos expostos na feira e jogáveis, mas nem o facto de apenas ter usado 95 minutos das duas horas que tinha reservado para a sua conferência, os levou a tomar tal atitude.
É certo que apesar de cada vez mais as cutscenes serem feitas usando o motor do jogo, sendo calculadas em tempo real, e dando uma ideia das capacidades do motor, a realidade é que a qualidade ingame não é a mesma do que é visualizado ali. E mesmo que o fosse, o que se passa dentro do jogo é aquilo que leva as pessoas a toda esta procura pelos mesmos, e ver esse conteúdo ou uma cutscene não é, nem de perto, nem de longe, a mesma coisa. Mais ainda, uma cutscene não deixa percber não só a real qualidade do jogo ao não deixar ver a posição da câmara, mecânicas, cenários, etc, como não deixa ver o estado de desenvolvimento do jogo e pode até nem chegar a integrar o jogo final,
Naturalmente não se pode pedir que tudo fosse mostrado ingame. As cutscenes são algo a que toda a industria recorre, e esta questão do seu uso, nem sequer é algo exclusivo da Microsoft! Afinal estamos a falar de jogos complexos e muitos deles se calhar nesta fase ainda não tem muito para mostrar para além da custscene.
Mas o que se pedia, era apenas que, sabendo-se da possibilidade de se mostrar algo mais e ingame, a base da conferência não fosse tão apoiada nestas cutscenes, algo que tanto Sony como Microsoft muitas vezes fazem.
Motivo 2 – Onde estavam as datas de lançamento dos jogos?
Outro dos pontos que necessita de melhorar é o aumento da indicação de datas! Mas infelizmente grande parte do apresentado não foi acompanhado de qualquer data de lançamento, algo que é uma lacuna gigante na informação dos fans e na criação de expectativas.
Aqui já nem se pediam datas exactas, mas pelo menos uma previsão, uma indicação, o que quiserem, de pelo menos o ano de lançamento! Somente dessa forma se pode ter uma ideia do que chegará em breve e do que está ainda apenas em início de desenvolvimento!
Mas infelizmente não foi isso que tivemos, e com excepções expectáveis de jogos que já tinham sido apresentados em feiras anteriores, e se esperavam para já, houve muitas lacunas na referência a datas de lançamento, com a maioria das datas indicadas a aparecerem em jogos de thirds.
Motivo 3 – Onde estavam os exclusivos?
Outra das coisas que a Microsoft necessita de melhorar é a sua comunicação!
Antes da feira Phil Spencer veio referir que as 14 equipas que a Microsoft possuía na altura da comunicação, iriam estar presentes no palco.
Esta frase, sem mais explicações, e sendo a E3 uma feira de apresentação de jogos, levou a que surgissem milhares de artigos especulativos sobre quais poderiam ser os 14 jogos exclusivos que a Microsoft iria apresentar.
Mas acabada a apresentação… onde estavam eles?
Halo infinite, Gears 5, Ori, Battletoads e eventualmente algum outro que possa estar a esquecer e já previamente conhecidos, estavam lá, mas o que as outras equipas agora adquiridas pela Microsoft mostraram foram títulos multi plataforma que tinham em desenvolvimento e que sairão igualmente para a plataforma concorrente.
Excepções foram o Bleeding edge e o Blair Witch, este último de uma Third Party, trazendo assim as expectativas de se ver 14 exclusivos, por água abaixo, e defraudando aquilo que eram expectativas dos fans!
Houve ainda outras situações mais pontuais de falta de informação sobre o apresentado, e que deixaram questões no ar. Algumas destas questões tiveram resposta entretanto, mas o certo é que quando acabou a apresentação, estas eram dúvidas que persistiam. Eis exemplos:
Questão 1 – Phantasy Star Online 2 é exclusivo ou não?
Phantasy Star Online 2 já existe para a PS4 faz vários anos, mas no entanto apenas na versão japonesa. Esta versão especial para o ocidente, devidamente dobrada e traduzida, e apresentada pela Microsoft, é uma novidade.
Mas no final a questão ficava: Será que foi a Microsoft quem financiou essa tradução? Será que o jogo na versão traduzida para Inglês será exclusiva Xbox? E se não for, há alguma exclusividade temporária ou por territórios para o jogo? Nada disso foi dito, ficando a dúvida no ar.
Questão 2 – Keanu Reeves entra em Cyberpunk 2077… mas com que papel e com que relevância?
O que se soube depois da feira sobre a personagem de Keanu Reeves é que ela se chamará Johnny Silverhand, uma estrela rock lendária visível em alguns posters do primeiro trailer do Cyberpunk 2077. Na apresentação a personagem apareceu apenas alguns segundos, interagindo e acordando a personagem principal, e sem mais dado nenhum!
Apesar da informação posterior de que esta será uma personagem activa e secundária que apoiará a personagem principal ao longo das missões, na conferência nada disso foi dito. A personagem cai do céu sem que ninguém a conhecesse e por breves segundos.
Colocar ali o Keanu Reeves, sem que fosse explicado sequer quem ele seria e que importância teria no jogo, foi imperdoável. Uma lacuna na informação da CD Project Red e não da Microsoft, mas que aconteceu na conferência da Microsoft..
Questão 3 – O XCloud foi prometido como levando os jogos a todos. Mas e como se propõem a Microsoft lidar com as bandas moveis e com os limites de tráfego que variam de país para país e de ISP para ISP?
É tudo muito bonito quando só se fala das vertentes que interessam falar para se vender um produto. Mas quando se trata de abordar as questões reais que existem na maior parte dos países do mundo, nomeadamente os limites de tráfego, especialmente nas bandas largas móveis, assobia-se a olha-se para o lado, nem sequer se abordar o assunto.
Estas propostas de stream aparecem numa altura em que a neutralidade da internet acabou, e como tal nada impede os ISPs de cobrarem o que quiserem e se quiserem para permitir acesso a este tipo de serviços com grande uso de tráfego. A situação devia por isso ser abordada sobre como a Microsoft se propõem ultrapassar esses obstáculos.
Esta situação acaba por me fazer lembrar um pouco a promessa da TV para a Xbox One que acabou por esbarrar nas regras e limites dos diversos países, acabando por nem sair do papel. Aqui não se espera que a coisa seja tão drástica, mas a realidade é que não se pode falar em 2 mil milhões de potenciais jogadores e esquecer que apesar deles existirem, muitos deles tem limitações de acesso.
Houve naturalmente mais questões que ficaram no ar, especialmente aquelas sobre as, ou a, Scarlett. Mas essas compreende-se pois não só a informação não pode ser divulgada nesta fase, como o que foi dito, de tão esperado que o produto é, foi apenas para criar água na boca.