O que é o HDR 10+, que diferenças tem para o HDR e para o Dolby Vision

Após a nossa análise ao Qled da Samsung, muitas questões tem vindo a ser colocadas a nível comparações com outros televisores, sendo claro que há uma falta de conhecimento sobre o que é o HDR 10+. Nesse sentido resolvemos colmatar essa lacuna, explicando o que é o HDR10+ e o que ele oferece face aos restantes standards.

HDR vs Dolby Vision – As diferenças no papel

HDR (também conhecido como HDR10), HDR10+ e Dolby Vision. Quais as diferenças e qual o melhor?

Antes do mais convêm que se perceba que o HDR10+ e o HDR são a mesma coisa, com apenas algumas diferenças. Daí que vamos para já, nesta fase, comparar o HDR 10 com o Dolby Vision.

O HDR e o Dolby Vision propõem-se a fazer algo semelhante. Ambos são uma tecnologia destinada a melhorar a qualidade de imagem ao tornar as imagens com cores mais vivas e realistas.



A ideia de ambos é por isso mesmo criar uma imagem mais próxima daquilo que o olho humano vê. Há por isso uma maior gama de cores, de brilhos e de contraste entre as zonas escuras e claras.

Aqui o HDR não se limita a balancear as cores e o contraste, ele usa a retro iluminação para produzir cores com altos níveis de brilho.

Numa imagem simulada, o efeito que tanto HDR como Dolby Vision se propõem obter é o seguinte:

Para aquilo que se propõem fazer, o HDR e o Dolby Vision possuem alcances diferentes.

Basicamente o HDR propõem o uso de 10 bits de cor, face aos tradicionais 8 que as TVs usam, obtendo assim uma paleta de cores alargada (DCI-P3), mas o Dolby Vision propõem um uso de 10 e 12 bits, o que pressupõem uma paleta ainda mais alargada (REC 2020).



Da mesma forma o HDR propõem o uso de 1000 nits de iluminação, ao passo que o Dolby Vision vai até aos 10 000 nits.

Outra grande diferença é que o HDR é estático, ao passo que o Dolby Vision é dinâmico. O que isto quer dizer é que o HDR define uma gama de brilhos máximos e mínimos para toda a exibição, o que nem sempre produz os melhores resultados. Isso impede a optimização fotograma a fotograma e o trabalhar dentro de um mesmo fotograma de zonas com brilhos diferentes. E isso é algo que o Dolby Vision faz.

No entanto há que se ter em conta que o Dolby Vision requer licenciamento, ao passo que o HDR é open source. No entanto, como os dados mostram, o Dolby Vision é claramente superior!

Mas será que é mesmo?

HDR vs Dolby Vision – As diferenças reais



Cores

A realidade do HDR vs Dolby Vision é no entanto bem diferente daquilo que as especificações apontam. Daí que não seja de estranhar que o HDR seja o formato mais usado e mais suportado, sendo que muitos fabricantes dispensam mesmo o Dolby Vision. Vamos perceber porque!

DCI P3 e REC 2020– Como já referimos, tanto o HDR como o Dolby Vision usam uma paleta de cores expandida. São elas o DCI P3 (HDR), e o Rec 2020 (Dolby Vision)

Para comparação, fiquem a saber que tvs standard, sem HDR usam por norma uma gama de cores denominada REC 709.

Ora pela maior gama de brilhos do HDR, e para que não haja um efeito de degradê no ecrã, que torne as diferenças entre as cores algo notório, a gama REC 709 teve de ser expandida. E nesse sentido passou-se a usar o DCI-P3 (ver foto abaixo). Esta é actualmente a gama standard de uso nos media, sendo inclusive a gama usada pelo cinema. Apesar de o HDR poder funcionar com uma gama menor, o seu efeito máximo só é conseguido de forma ideal com o suporte total (100%) desta gama.



Eis uma imagem com as três gamas de cores.

hdr10vsdolbyvision

O REC 2020, a maior das gamas, é proposta pelo Dolby Vision, mas a realidade é que actualmente não há qualquer TV que o suporte. Aliás, uma análise cuidada mostra o quanto dificil é encontrar TVs com suporte a 100% ao DCI P3 que, no fundo, se encontra incluído no REC 2020.

Por outras palavras, o suporte 12 bits do Dolby Vision é, actualmente, apenas mero marketing. Os paineis das TVs são 10 bits, e a paleta de cores suportada é quando muito o DCI-P3, sendo que na maior parte dos casos, nem isso.

Ou seja, no que toca às cores, o Dolby Vision, nas TVs actuais, não se mostra superior ao HDR 10. As cores reproduzidas pelos paineis 10 bits, acabam por criar iguais resultados em ambos.



Brilhos

Mas e quanto aos brilhos?

O HDR pede 1 000 candelas de brilho para o seu efeito total. O Dolby Vision pede 10 000!

E aqui, mais uma vez, entramos em utopias para a tecnologia actual. Não há TVs com 10 000 candelas! Aliás encontrar TVs capazes de oferecer as 1000 candelas é também algo difícil, e apenas modelos de topo as alcançam.

Mas quando nos restringimos a TVs de topo aí a coisa muda de figura. Algumas até vão às 2 000 candelas (alguns raros modelos vão até axima). E isso já permitiria ao Dolby Vision mostrar diferenças face ao HDR 10 standard.



Mas nem isso acontece! Porque sendo o HDR Open Source, os fabricantes de TVs com HDR podem alterar as suas especificações, criando novos standards que tirem partido do brilho extra. As Samsung por exemplo criaram o Quantum HDR 1000 e 2000, uma tecnologia proprietária da Samsung, totalmente compatível com o HDR, e que permite tirar partido desses brilhos extra.

Basicamente, com as Tvs actuais, o Dolby Vision acaba por não ter também verdadeira vantagem a nível de brilhos.

HDR Dinâmico

Fica apenas como diferença entre o HDR e o Dolby Vision o HDR dinâmico. E ele fez a diferença durante muito tempo ao permitir melhor definição de cores e brilhos no Dolby Vision. Mas será que a coisa ainda é assim?

Ora é aqui que aparece o HDR 10+… Basicamente este Standard, tal como os Quantum HDR, são “add ons” ao HDR standard. E o HDR 10+ o que traz é exactamente a parte dinâmica que o Dolby Vision possui. É um concorrente Open Source ao Dolby Vision para esta caracteristica.



Conclusões

Basicamente, e como se vê, o Dolby Vision, apesar de no papel ser superior, nas Tvs actuais, não traz qualquer vantagem na qualidade de imagem.

O porquê do uso do Dolby Vision em algumas TVs

Quando falamos de TVs OLED, normalmente vemos que o suporte Dolby Vision está presente. Qual é então a vantagem do mesmo que justifique o seu uso face ao HDR 10+?

Bem, a resposta é mais simples do que parece.



O motivo é que apesar de o HDR ser Open Source, as tecnologias mais standarizadas que permitem aumentar o seu brilho, e acrecentar-lhe a componente dinâmica, são propriedade da Samsung.

Ora sendo a LG a maior fabricante de painéis OLED (basicamente a única que fabrica estes painéis para TVs de topo), e a Samsung a sua maior concorrente, a LG não pretende usar tecnologias da concorrente. Daí que os seus televisores e televisores de outras marcas que usem paineis seus, usarão os standards definidos pela LG.

Vantagens actuais de cada um dos sistemas

Apesar de tudo o que é dito em cima, a situação do Dolby Vision alterou-se face ao passado. Antes o seu uso obrigava ao uso de hardware da Dolby, mas actualmente, desde que haja performance suficiente na fonte, o Dolby Vision pode ser suportado por mera alteração no firmware (Caso das consolas Xbox).

Mas actualmente e vendo-se que o facto do HDR ser open source permite ir ajustando o mesmo às capacidades das TVs à medida que elas vão aparecendo, não há grande diferença entre os dois.



A grande vantagem que o Dolby Vision poderá ter num aparelho emissor de sinal é o seu ajuste automático a novas capacidades da TV, sem necessidade da criação de novos padrões. A restante vantagem é que o conteúdo dinâmico que existe em filmes é quase todo para si, uma vez que o HDR10+ é bastante mais recente.

Falta saber agora o que acontecerá com o suporte de novas consolas a estes formatos. O HDR 10 é garantido por ser gratuito, mas o restante ficará dependente de licenciamento com as marcas. A Sony usa Dolby Vision nas suas Tvs, e a Microsoft usa-o nas suas consolas, pelo que esse standard deverá ser garantido. Por outro lado sendo o HDR10+ royalties free, não há verdadeiramente motivo para que havendo suporte HDR, não se o suporte também. Para além do mais a Samsung tem uma quota do mercado de TVs de 20%, o que bate o mercado dois outros dois gigantes das TVs, a LG (12%) e a Sony (7%), juntos (19%) – fonte.

O que faz o HDR dinâmico

Falta agora apenas abordamos nas diferenças que o HDR dinâmico, seja ele o Dolby Vision ou o HDR 10+ trazem.

E acreditem que elas são muitas, pelo que o Dolby Vision, antes de aparecer o HD10R+, era verdadeiramente superior só por esta capacidade.



Ora antes do HDR10+, usava-se um mapeamento de tons estático, com uma curva de tons fixa para a totalidade do conteúdo. E isto criava problemas com o HDR em certas situações. Por exemplo, quando um filme possuía cenas filmadas em zonas com bastante luz e outras com pouca luz, as cenas escuras sairão bem diferentes daquilo que seria o ideal, e por norma mais escuras.

Isso com o HDR10+ acaba. No global as cores são ainda mais brilhantes e vivas do que com o HDR, e em algumas cenas, a diferença na qualidade de imagem pode ser como do dia para a noite (literalmente).

Agora com o mapeamento dinâmico de tons, as curvas podem variar de cena para cena, o que mantêm intacto o processo criativo e a ideia de imagem original em termos de cor e brilho.

Ou seja,o HDR 10+ permite melhor definição dentro das sombras, e ao mesmo tempo mais detalhe em zonas brilhantes, o que garante cores mais precisas.



O que se prevê é que, pelo facto de ser aberto e sem royalities, o HDR10+ se torne um standard na industria.

 

 



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