O novo final de Mass Effect 3 – o nosso comentário

Após uma polémica como não havia memória existir na história dos videojogos, eis que a Bioware alterou o final de Mass Effect 3 para responder às inúmeras queixas que os fans colocavam e que ficavam no ar.

E agora que já tivemos oportunidade de os ver, da mesma forma que analisamos o anterior final e as respostas que ficavam no ar, eis novos comentários sobre o final estendido com que a Bioware nos agraciou.

O primeiro comentário sobre o final é: Tardio… demasiadamente tardio. O final estendido deveria ser uma realidade desde o início, estando presente no jogo inicialmente lançado. É que tal como sucedeu a frustração foi uma realidade nos jogadores que terminaram o jogo, e apesar de agora, com o novo final, essa situação poder estar alterada, o que sucedeu está sucedido, e poderia ter sido evitado.



Seja como for o novo final é aquilo que o jogo merecia. Em nossa opinião merecia ainda mais, e já justificaremos esta frase, mas a realidade é que os novos finais são efectivamente um epílogo para a série que não existia com o final anterior onde todas as possibilidades de fim eram basicamente idênticas. Mas agora os finais são diferentes, com consequências diferentes, e claramente poderemos ver as consequências das nossas acções.

A introdução de um quarto final, obtido pela recusa na escolha de uma das três opções finais, é uma excelente adição, mas igualmente a que mais decepciona.

Passemos então a ser claros;

As alternativas possíveis no final do jogo são:

– Tomar o controlo sobre os Reapers

– Fundir humanos e sintéticos



– Destruir os Reapers

– Deixar a batalha tomar o seu rumo

Opção 1: Tomar o controlo sobre os Reapers

Curiosamente este final acaba por ser um final feliz. Os reapers são controlados e ajudam a galaxia a reconstruir o que foi desfeito, o que inclui os Mass Relays destruidos e que eram tecnologia dessa mesma raça. Sheppard morre, mas graças ai seu sacrifício a galaxia vive em paz e feliz para a eternidade.

E esta é uma situação que decepciona. Após passar três jogos a lutar para defender a humanidade, e dois deles a lutar contra o Ilusive Man e a sua ideia de controlo, verificar que afinal o mesmo tinha razão e que a sua alternativa era efectivamente benéfica, é algo que se torna frustrante.

Se a ideia associada a todo o jogo foi lutar contra esse conceito porque mostrar um final onde se prova que essa alternativa era efectivamente boa? não deveria esta solução mostrar que os Reapers não poderiam nunca ser controlados e que a ideia de Sheppard de unir a Galaxia para os combater de alguma forma era efectivamente o correcto? É que Sheppard nunca se informou sequer dos argumentos, metodologias e possibilidade de sucesso das ideias do Ilusive Man, combatendo a sua postura. E afinal o que vemos? O Ilusive Man estava correcto, e esta seria talvez a melhor alternativa para a humanidade.



Sinceramente, apesar de este final estar agora coerente e devidamente explicado, não se achou que o mesmo devesse ser um final feliz. Ou pelo menos o mais feliz de todos como aparentemente se revela. É certo que Sheppard morre, mas essa é uma situação que apenas toca ao jogador. No bem global da humanidade, a morte de Sheppard acaba por se revelar a melhor alternativa.

Opção 2: Fundir humanos e sintéticos

A fusão entre humanos e sintéticos coloca igualmente os Reapers ao serviço da galaxia, mas as raças perdem a sua identidade, fundindo-se com os sintéticos naquilo que é um DNA hibrido. Quer isso dizer que os humanos deixam de ser humanos, os Quarians deixam de ser Quarians, os Geth deixam de ser Geth, etc, etc, tornando-se a Galaxia numa raça de seres híbridos que nem são biológicos nem sintéticos.

E apesar desta perda de identidade das raças, o final é igualmente feliz. Aliás para muitos este poderá ser o final mais feliz de todos. É que aqui nenhuma raça é destruída, e para além disso os sintéticos passam a ser seres vivos, algo que inclusive agradecem a Sheppard.

Mas será que esta situação onde a Galáxia prospera com a ajuda dos Reapers, e na qual as diversas raças efectivamente “morrem”, perdendo a sua identidade própria para se tornarem em seres híbridos deveria ser igualmente um final feliz?

De certa forma aceitamos aqui que essa discussão filosófica seja deixada a cada um, sendo que a possibilidade de este final ser visto como um final não feliz está apenas na perspectiva de quem o visualiza. E eventualmente essa até terá sido a ideia original.



Opção 3: Destruir os Reapers

Curiosamente aquela que deveria ser a opção mais lógica, e aquela pela qual Sheppard batalha ao longo de três jogos, acaba por ser talvez a menos feliz de todas, e aquela que mais dúvidas deixa no ar.

É certo que nesta opção Sheppard vive, apesar do seu destino incerto, mas o caos instala-se na galáxia devido à destruição da guerra. E sem a ajuda dos Reapers para reparar os Mass Relays o que acontece às diversas raças que ficaram retidas na terra? É certo que nas imagens vemos posteriormente as cidades reparadas e em prosperidade, mas a questão que fica é: após quantos anos?

Sem os Reapers para reparar os Mass Relays as raças ficaram presas na Terra quase destruída, e as dúvidas que colocamos antes sobre como sobreviveram e como viajaram para os seus planetas ficam no ar, e continuam sem respostas.

Quer isto dizer que o suposto melhor final é o que deixa mais dúvidas, e o que fica igualmente sem a maior parte das respostas, sendo que este é o final estendido que requeria um novo final estendido para ser totalmente percepcionado, por ser o que mais dúvidas deixa no ar.

Mas quem sabe o jogo um dia não continuará, e com a Bioware a pegar exactamente neste final para tal?



Opção 4: Deixar a batalha seguir o seu curso

Esta é para mim a opção mais decepcionante, e uma das que mais expectativas criou quando se soube da sua existência. É que sinceramente acreditou-se que seria nesta opção que as reais decisões do jogador ao longo do jogo acabariam por valer.

Ou seja, seria um final que não dependeriam de uma acção realizada na altura, mas sim de tudo o que foi realizado ao longo dos três jogos. Mas tal não aconteceu.

Com este final a Galaxia é destruída e o ciclo de limpeza dos Reapers repete-se. Quer isso dizer que continuamos com um jogo onde as acções e decisões tomadas nos jogos anteriores de nada interessam, e mesmo a quantidade de recursos amealhados no jogo, a situação que mais deveria importar aqui, não possui relevância nenhuma.

Conclusão

O novo final estendido é realmente uma melhoria face ao original que o jogo merecia. Infelizmente foram os fans que tiveram de o exigir.

Os jogos podem ser considerados arte, mas há que os distinguir a nível de exigência dos seus fans, e isso porque um jogo como Mass Effect obrigou a uma dedicação mínima de várias dezenas de horas ao longo de vários anos, algo que não é de forma alguma comparável ao que é necessário dedicar para outras formas de arte. E nesse aspecto os finais que agradem os fans são uma obrigatoriedade.



No global estamos contentes com o conteúdo, achando que é um final adequado. Mas como já perceberam das linhas de cima… Era possivel fazer mais e melhor!



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