O melhor exemplo de como um SSD rápido pode mudar a face dos jogos de forma radical

A standarização de um disco SSD numa máquina como a Playstation 5 é a maior revolução dos últimos 20 anos. E este artigo vai, de forma clara mostrar efectivamente o porquê.

Este não é o primeiro artigo que escrevo com formas de um SSD poder revolucionar o mundo dos videojogos. Mas claro, há sempre coisas que não nos ocorrem logo uma vez que não estamos ligados ao desenvolvimento dos jogos.

A determinada altura, ia eu escrever um comentário sobre exactamente isso, quando de repente me começa a ocorrer algo que os SSDs podem tornar possível. E conforme começo a desenvolver a ideia penso para mim “Meu Deus, isso sim seria realmente revolucionário. Isto, mais do que tudo, explica porque há tanto criador de jogos extasiado com as potencialidades da PS5”.

Daí que resolvi não escrever o comentário e passar a coisa para um artigo.

Vamos lá então:



Apesar de ser claro que a Xbox série X é a consola mais potente desta geração, o mérito não pode deixar de ser dado à PS5 pelo seu SSD e a forma como ele pode revolucionar os jogos.

A revolução não surgirá da forma clássica, com mais do mesmo. Aqui não falamos de mais grafismo, de mais resolução ou de mais fps. E nem sequer falamos de tempos de carga ou de podermos viajar mais depressa, ou de podermos voar sem perdas de detalhe com a distância no mapa. Falamos de algo bem diferente. Falamos de uma revolução no conceito de jogo, com situações diferentes e nunca vistas até hoje.

Mas a percepção de como isso pode acontecer não é fácil (o que é normal dado que um disco super rápido é uma novidade absoluta), daí que muitos comentários sobre o SSD da PS5 referem que o mesmo não é nada mais do que um gadget que apenas lê uns segundos mais rápido. Algo sem grande interesse, pois, como já ouvi, ele nem sequer processa.

Mas na realidade é que um disco assim pode revolucionar o mundo dos videojogos. Ser mesmo a maior revolução dos últimos 20 anos. E o exemplo que vou dar de seguida será claro nisso.

Acima de tudo convêm re-explicar o motivo pelo qual não consideramos que, neste caso a série X, mesmo que possa igualmente fazer algo do género, esteja neste campo no mesmo patamar. E os motivos prendem-se com 3 situações:

  • Jogos nos primeiros tempos comuns à atual e nova geração.
  • Suporte dos jogos First Party a um universo PC onde o SSD não é sequer um standard.
  • Uma solução SSD que fica bastante atrás da da Sony e onde a transferência bruta de dados não comprimidos se revela 2,29 vezes mais rápida na consola da Sony (5.5 GB/s contra 2.4 GB/s), sendo que a nível de compressão máxima possível em estruturas devidamente optimizadas para compressão a coisa ainda é mais dispar, com a Microsoft a anunciar máximos de 6 GB, e a Sony a referir 22 GB/s.
    Acrescente-se ainda os dados sobre a introdução de “cache scrubbers” na PS5, que permitem que o SSD ao ler dados directamente para a cache do GPU não lhe prejudique a sua performance, uma tecnologia que se desconhece existir na Xbox.



Mas eis então o exemplo que eu referia poder mostrar como o SSD pode revolucionar o mundo.

Imaginem que pegam na vossa consola actual e arrancam um jogo estilo GTA (não forçosamente o GTA pois algumas das coisas aqui descritas não são lá possíveis). Começam o jogo, e destroem uma das poucas casas que o jogo deixa destruir. Agora vão para o outro lado do mapa e partem uma série de vidros com tiros. Depois roubam um carro qualquer e abandonam-no numa zona do mapa. Depois vão a outra zona e desenham o vosso nome numa parede com tiros de metralhadora. Depois vão para o meio do mato, destroem tudo à volta (o que der para destruir), e matam um NPC numa zona remota enchendo a zona de sangue. E depois fazem mais mil e uma coisas que vos deem na gana e que tenham interacção com o mundo.

No fim… regressam ao ponto de partida.

O que aconteceu? Bem, tudo o que vocês fizeram… foi como  se não tivesse acontecido!

Ao voltarem aos locais, a casa está reparada, os vidros estão intactos, o carro que largaram lá no canto desapareceu, as balas na parede que escreviam o vosso nome não estão lá e a parede está como nova, e as árvores que destruíram já cresceram, o sangue foi limpo e tipo desapareceu. Ou seja, nada se passou!



E porque? Porque é que isto acontece? Porque é que mais cenários não se mantêm destruídos? Porque é que as nossas acções não são duradouras?

O motivo é simples. É o mesmo pelo qual a cada geração os mundos são mais complexos, maiores, mais completos, mais interactivos, com mais possibilidade de acções, etc. O motivo é que tudo isto precisa de memória, memória essa que tem vindo a crescer, permitindo melhorias. mas não ao ponto de poder ir armazenando tudo o que o jogador faz e as interacções dele com o cenário.

Se teoricamente num mundo aberto da dimensão do GTA pudéssemos destruir tudo o que quiséssemos, e o mundo fosse persistente, poderíamos  chegar a uma situação onde o mundo que temos se alterava radicalmente face ao que era  originalmente.

Armazenar esse tipo de alterações seria algo que poderia necessitar de largos gigabytes.

Isso não quer dizer que não encontremos em jogos como GTA situações em que as nossas acções com o cenário fiquem permanentes, mas quando algo do género acontece isso é algo scriptado, ou anteriormente previsto, mas não algo que aconteça de forma livre e dinâmica.



Pura e simplesmente a RAM revela-se insuficiente para isso e a coisa mais próxima, o disco, não só tem elevadas latências, como não tem velocidade suficiente ler e escrever em simultâneo, despejar essa informação e ao mesmo tempo manter o streaming de toda a geometria e texturas. Diga-se aliás que nos discos actuais só estas duas últimas coisas já ocupam o disco totalmente.

Mas com um SSD isso muda, e como é fácil de se perceber, quanto mais rápido melhor. Quanto mais eficiente foi o seu acesso ao GPU melhor, e quando menor for a latência melhor.
Este tipo de informação, permitiria criar um mundo mais dinâmico, mais vivo e mais realista do que nunca.

Um SSD como este pode guardar esses dados até agora impossíveis de se ter e fornecer tudo o que o jogador alterou. Com um SSD rápido o mundo pode mesmo tornar-se basicamente vivo. As personagens e NPCs podem ter filhos que o jogo não esquece, podem morrer que o jogo não esquece, podem construir casas aleatórias em locais aleatórios, que o jogo não esquece, poder-se-ia destruir cenários e o jogo não os esqueccia, e todas as acções, tanto dos jogadores como dos NPCs podem manter as suas consequências no mundo.

Tudo sem que isso esteja pré previsto e programado.

Mais ainda, já pensaram porque motivo não podem entrar dentro das casas todas de uma cidade num mundo aberto como o GTA? Podem pensar que isso não acontece porque as casas teriam de ser todas modeladas, o que daria muito trabalho. Mas e se o jogo pudesse criar os interiores de forma aleatória, registando o criado no SSD e recuperando os valores quando voltassem a entrar?



Um SSD rápido poderia igualmente acrescentar isso ao acima referido, permitindo entradas e saídas instantâneas das habitações. Alias um SSD super rápido poderá mesmo permitir passagens instantâneas de um lado ao outro do mapa de uma zona com um tipo de cenários e geometria para outro completamente diferentes, e tudo isso sem necessidades de animações intermédias que parassem o jogo para cargas.

Basicamente tudo isto criaria uma situação onde teríamos um mundo realmente vivo e dinâmico. Não haveriam dois jogos iguais, não só para o mesmo jogador que o jogue duas vezes, como de pessoa para pessoa. Associemos a isto um grafismo de qualidade, uma IA avançada que pode ser fornecida pelos novos CPUs e tínhamos um mundo aberto e realista como nunca antes tínhamos visto.

E isto é uma evolução radical. Algo que actualmente não é possível num jogo de mundo aberto estilo GTA… uma revolução nos videojogos tal com os conhecemos.

E tudo graças a um SSD que, quanto mais rápido, não só pode fazer mais e melhor o aqui referido, como poderá eventualmente ainda aplicar alguns dos outros benefícios já abordados anteriormente em outros artigos.

 





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