O estado do Gaming

Sinceramente, desde que me recorda, nunca vi um período com tanta seca de videojogos, o que, naturalmente, está a ter implicações nas vendas de hardware.

Apesar de a Sony ter anunciado lucros recorde, a realidade é que a coisa não está bem para o mercado dos videojogos. O facto de agora os jogos demorarem vários anos a serem produzidos está a levar a que a sua cadência de lançamentos esteja a sofrer.

2023 foi um ano com poucos lançamentos de elevada qualidade, e 2024 está ainda pior, registando-se aquilo que chamaria de “seca intensa” no mercado. Mesmo as consolas, normalmente detentoras de produção própria, capaz de as abastecer com produtos de qualidade e exclusivos, tem sofrido devido a que estes lançamentos não tem existido, e isso tem tido consequência nas vendas das mesmas, com quedas acentuadas nos principais mercados. Basicamente, face a 2023 na Europa as consolas viram as suas vendas cair 46%, e nos Eua, 37%. São valores significativos, que não se conseguem dissociar do simples facto que… não há jogos de qualidade para se comprar.

O meu caso é um exemplo, sendo que, em média compro pelo menos algo entre 7 a 10 jogos por ano. Mas em 2023 fiquei bem abaixo desse valor, sendo que 2024 está ainda pior. Diga-se mesmo que, não fosse Elden Ring, e muito provavelmente ou não estaria neste momento a tocar na consola ou, se o fizesse, estaria a jogar algum jogo secundário que, numa outra altura qualquer, nem sequer olharia para ele.

Será de se registar, que apesar da quebra de venda de hardware, a venda de jogos subiu ligeiramente. Isto quer dizer exatamente que há procura por jogos, mas que, infelizmente, os jogos capazes de vender consolas, esses estão em falta.



Penso aliás que nunca vi o mercado tão mal servido de jogos como em 2024. chega a ser impressionante como se passam meses e meses sem se lançar nada que uma pessoa diga “este é para comprar”. Claro que isto vai variar de pessoa para pessoa, pois há certos estilos que poderão agradar a alguns e que não agradam a outros, pelo que o volume de oferta poderá não ser igual para todos.

Seja como for, mais jogo, menos jogo, penso que o sentimento é global, e que a grande maioria das pessoas sente exatamente que o mercado está em falta. Espera-se que 2025 represente um virar de página nesse sentido, pois com o aniversário da Playstation à perna, e com o lançamento de uma PS5 Pro, os jogos são bem necessários, e deixar passar um lançamento de uma nova consola, associada ao 25º aniversário da Playstation, em branco, seria um erro catastrófico, que poderia no futuro matar o interesse neste tipo e produtos. Valha-nos que GTA 6 sai em 2025, pelo que nesse aspeto, já há pelo menos um jogo de qualidade elevadíssima garantido.

 



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Hennan
Hennan
25 de Agosto de 2024 10:33

Questão de preferências. As empresas ocidentais resolveram focar em GaaS, wokismo, etc. Dai a falta de single player de qualidade.
Por outro lado os estúdios orientais vem crescendo muito e podem até substituir os ocidentais. Capcom, Square, From, etc. Agora os chineses e coreanos. Todos entregaram bons jogos single player que vem salvando o ano.
Não sei qual a causa do problema. Mas a cada dia estou lendo, jogando e assistindo mais conteúdo oriental do que ocidental.

Juca
Juca
Responder a  Hennan
25 de Agosto de 2024 12:39

Acho que os estúdios ocidentais entraram numa mesmice sem fim, achando que encontraram uma fórmula de sucesso, e como agora há demora entre o início da produção e o fim, a percepção de que fizeram besteira demora um pouco a acontecer, e as empresas demoram mais pra corrigir a trajetória.

Acredito, assim como o Mário dá entender, que o problema está mais na questão da qualidade que das temáticas ou outra coisa. Se o jogo for bom, e tiver qualidade sempre vai vender bem, independente da temática. Embora o ativismo, em qualquer sentido, polarize as coisas e sempre haja algum tipo de boicote de um lado ou outro. Mesmo assim, ainda teriam-se muitos clientes pra comprar. E os fiascos independem muito disso.

Hennan
Hennan
Responder a  Juca
25 de Agosto de 2024 14:23

Eu não sei explicar o problema. Mas acho que essa preocupação com a temática é que tem prejudicado as obras. Estão tão focados em agradar ou desagradar um grupo ou outro que esquecem do principal. O gameplay. As vezes o importante é só diversão, nem tudo tem que transmitir uma mensagem.

Juca
Juca
Responder a  Hennan
25 de Agosto de 2024 15:18

Concordo que a mensagem não é importate em tudo, e que a presença dela ou de um mesmo tipo, repetidamente, incomode. Aqui em casa, sobretudo na questão televisiva, os “doramas”(k-dramas) têm dominado. Pois têm uma abordagem mais light que tem me rendido até um sono melhor. Embora os Sul Coreanos tratem os romances com um ar muito pueril, pra não dizer muitas vezes tolo, a qualidade das produções – diálogos, direção e atores é muito boa. E tem sido raro um Dorama do qual eu e minha esposa não gostemos, embora vários deles tenham seus momentos bem “trashes”. Enquanto nos Doramas minha percepção é de que há exceções que são ruins, os filmes Sul Coreanos já os acho fracos, pois parecem tentar imitar o cinema estadiunidense, sendo os bons a exceção a regra, como Train to Busan, Oldboy, I see the Evil e o Parasite. Gozado que eu comecei hateando os Doramas e hoje basicamente virei “Dorameiro” (Lol), os temas são mais leves (no sentido de violência e tensão) e nos deixa muito menos angustiado e consumista no dia-a-dia e com uma melhor noite de sono, pelo menos foi o que percebi de mudança na minha rotina nos últimos meses.

Last edited 3 meses atrás by Juca
Carlos Eduardo
Carlos Eduardo
25 de Agosto de 2024 13:05

OFF

Bom dia Mário, só para te parabenizar, pois você sempre falou sobre isso, e as pessoas simplesmente não acreditavam.

“Queria que as pessoas compreendessem que NÃO é sobre o jogo. Simplesmente é irritante pegar num jogo avançado com inteligência artificial e efeitos visuais complexos, físicas avançadas, otimização multi-tópico, sistemas de partículas, exigências dinâmicas sobre a memória e etc., depois cortar tudo para conseguir correr IGUAL numa Xbox Series S.”

https://www.eurogamer.pt/designer-critica-a-existencia-da-xbox-series-s

Juca
Juca
Responder a  Carlos Eduardo
25 de Agosto de 2024 15:01

As pessoas confundem “gráficos” com resolução de imagem e não conseguem conceber que mesmo a resoluções baixas os “gráficos” podem demandar muito poder computacional. Pra piorar a empresa faz marketing dizendo pros clientes que vende dois consoles “iguais” onde a única diferença vai ser a resolução, pois o modelo mais barato conta com GPU mais modesta e menos memória (pois só precisaria de mais se fosse fazer 4k), então teremos um modelo 1440@60/120 e outro 4k@60/120. Aí depois fica como agora.

Juca
Juca
Responder a  Mário Armão Ferreira
25 de Agosto de 2024 17:28

Eu acho que na definição da coisa vai pra equipe que define o preço no final.
A impressão que fica é que fizeram o projeto do SX e veio alguém e disse, pessoal, agora eu quero um console de baixo custo aproveitanto esse projeto que vocês fizeram.

Júlio Esteves
Júlio Esteves
Responder a  Juca
25 de Agosto de 2024 19:20

Segundo o engenheiro que projetou os Xbox series eles pensaram em colocar o clock variável no CPU, mas ficaram com medo de os desenvolvedores não usarem o recurso se ele fosse opcional.

Deto
Deto
Responder a  Júlio Esteves
25 de Agosto de 2024 20:40

Eles não quiseram botar clocks variáveis pq “é inflar TF e nos não nos importamos com TF” (claro, né? Xbox não se importa com TF)e que “iria dificultar otimizações”

Aí lançaram o Xbox SS carniça

Sparrow81
Sparrow81
Responder a  Júlio Esteves
25 de Agosto de 2024 23:23

Não usarem como? Todas as GPUs modernas usam clocks variáveis, só o Xbox que foi fixo. Maior papo furado!!! Vão assumir que usaram clock fixo e essa quantidade de CUs pra atender servidor, que era a prioridade, só daqui uns bons anos.

Deto
Deto
Responder a  Mário Armão Ferreira
25 de Agosto de 2024 18:24

eu nunca sei o que passa na cabeça dos sujeitos na MS… até hoje eu nunca entendi se é burrice ou algum “plano”

teve gente dizendo que o objetivo do SS era capar a geração mesmo para estagnar o desenvolvimento de gráficos e favorecer o modelo gamepass “jogo com gráfico de Mobile” e orçamento baixo

Eu acho que foi o “futuro glorioso de 1 bilhão de usuários” no xcloud, veja só:

Xcloud não podia cobrar aluguel do hardware, o aluguel do hardware do servidor tinha que “ser de graça” para o usuário. Pq alguém alugaria o “xbox” no Azure pagando 9,99 USD por mês sendo que isso em 4 anos já dá o preço do console?

Então precisa de um hardware compacto, para ocupar pouco espaço físico no data center e barato…

Acho que é por ai, o SS é o “hardware para xcloud”. A MS como sempre, prejudicou toda a industria tentando forçar o modelo lixo de negocios que eles deliraram “ser o futuro glorioso de 1 bilhão de usuários”

Acho que é algo desse tipo, compromisso com xcloud

Carlos Eduardo
Carlos Eduardo
Responder a  Mário Armão Ferreira
25 de Agosto de 2024 21:03

E daqui pra frente veremos jogos cada vez mais CPU bound. Com isso, a tendência é que o Xbox Series S sofra cada vez mais pela limitação de RAM. Um exemplo é o uso de Ray Tracing, que já foi praticamente descartado no Xbox Series S.

Esse problema ainda não era tão evidente pois ainda tínhamos muitos resquícios de jogos da geração passada, que eram majoritariamente GPU bound, já que as CPUs Jaguar são terrivelmente limitadas, e ainda eram bastante sobrecarregadas nas tarefas envolvendo descompressão de assets.

Sparrow81
Sparrow81
Responder a  Carlos Eduardo
25 de Agosto de 2024 23:21

É, tá na hora da pcmanias voltar aos trilhos e ser o que sempre foi… saudades de discutir e aprender sobre tecnologia aqui.

Tiohildo
Tiohildo
Responder a  Mário Armão Ferreira
27 de Agosto de 2024 15:26

E para fechar com chave de ouro tudo que você disse, ainda implementaram uma retrocompatibilidade nativa da geração anterior. Impressionante

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