Novos termos de utilização da Blizzard deixam claro que o utilizador já não é dono do jogo

Segundo os novos termos, o utilizador apenas  possui o direito de usar o software.

A ideia de um futuro 100% digital é algo de que quero fugir a sete pés! Não porque o tem, mas pelo conceito de que, quando invisto uma grande quantia de dinheiro, no fundo não estou a adquirir nada, mas sim e apenas adquirir o direito de uso.

Convenhamos que pagar 80 euros por um jogo é algo pesado. Quando muitos salários rondam os 800 euros mês, 80 euros são 10% de um salário, o que torna o Gaming quase um luxo!

No entanto, adquirindo um jogo, supostamente ele é um bem nosso! No caso dos jogos físicos, podemos revendê-lo, e no caso dos digitais, apesar que conscientemente perdemos o direito da revenda, podemos sempre vender a consola com o utilizador, dando assim acesso aos jogos ali existentes adquiridos digitalmente (e sim, há  quem faça isto).

Mas agora, na Blizzard, a posse acabou. Pois os novos termos de utilização dizem o seguinte:



O seu uso da Plataforma é-lhe licenciada, mas não vendido, sendo que você reconhece que nenhum título ou propriedade com relação à Plataforma ou aos jogos está a ser transferida ou cedida e este contrato não pode ser interpretado como uma venda de quaisquer direitos.

Resumidamente, o jogo pago, não é nosso. É apenas licenciado para uso, e o que se vai passar com o jogo, e com a licença de uso, é algo que está nas mãos da Blizzard decidir. Se por qualquer motivo eles acreditarem que o utilizador violou as regras, o utilizador perde os direitos. Se daqui a uns anos resolverem remover o jogo do mercado,

Pessoalmente eu não pagarei nunca o custo de um jogo full price para não o possuir! Eu já coloco entraves ao digital que compro poucas vezes, quanto mais jogos de uma empresa que me diz  explicitamente que o  que estou a pagar não é meu e é apenas um licenciamento.

Para um licenciamento eu pago pelo uso, mas esse custo tem de ser uma pequena fração do seu custo. Imaginem um caso da vida real, uma casa! Custa 200 mil  euros, e em vez de a comprarem, licenciam o seu uso. Isto chama-se aluguer, e custa 1000 euros mês, uma fração do custo total!

Agora imaginem que compram a casa, pagam os 200 mil euros, e a casa continua a não ser vossa, e apenas ganham o direito de a usar. Alguém aceita isto? Se é assim, porque aceitam nos videojogos? Porque é mais barato? Porque é software? Os argumentos podem ser o que quiserem, mas a realidade é a mesma… paga-se com dinheiro! daí que se do lado do cliente é igual, não há motivo para ser diferente do lado do vendedor.

Ou será  que estas empresas aceitam esta linha numa eula do utilizador? E passo a inventar:

Ao adquirir e utilizar qualquer produto da empresa XYZ, o utilizador concorda em conceder à empresa XYZ o direito de visualizar ou eventualmente receber o pagamento, mas esta reconhece que o dinheiro não se torna propriedade da empresa XYZ.

Não me parece que as empresas aceitassem isto… Mas os  utilizadores que continuarem a comprar à Blizzard no fundo estão a fazer algo do género.





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José Galvão
José Galvão
6 de Abril de 2024 9:40

Penso que esta espécie de auto legislação vai acabar, e acredito que mais uma vez será a União Europeia a liderar a carga com legislação que protega o consumidor do digital.
A eshop da Wii U e da 3DS vão fechar, e provavelmente vai acontecer o mesmo que aconteceu com a Wii, temos até um certo dia para sacar os jogos, depois chapéu…isto numa empresa que declara bancarrota ainda se percebe, agora numa empresa que só é uma das mais valiosas do Japão, é difícil de compreender, portanto tem que haver aqui uma mão pesada dos reguladores, senão qualquer dia, aquele texto da Blizzard diz que essa licensa só é válida lida por alguns anos, mesma que paga a full price.

Deto
Deto
Responder a  José Galvão
7 de Abril de 2024 3:43

falta de boa vontade, garanto para vc que dá muito bem para manter uma estrutura enxuta e eficiente, barata, para manter todos esses conteúdos digitais disponíveis para o consumidor.

Faz um cliente FTP para o console que se conecta com nome de usuário e senha, da conta do sujeito, e baixa o conteúdo quando quiser por quanto tempo quiser.

Um browser para navegar entre os arquivos dos jogos e um cliente FTP dentro do console, tudo software de código aberto só para baixar os jogos do servidor da Nintendo.

Com 10 mil reais, a maior parte dessa grana vai para armazenamento, mais 150 reais por mês na conexão, eu monto uma estrutura dessas que aguenta 50 clientes simultâneos baixando os seus jogos de Wii U e 3DS tranquilamente na minha casa.

Juca
Juca
6 de Abril de 2024 11:36

Não bastasse o avanço inescrupuloso das empresas nas relações de consumo, na técnica do “tudo é meu, nada é seu”, temos uma geração de idiotas a viverem militando contra mídias físicas.
Não custa vermos em comentários pela internet, acéfalos, a advogarem em prol de que o “físico devia acabar”, “digital e cloud é o futuro”, “não entendo essa tara por jogo físico”, “enquanto houver PC os jogos estarão preservados” e todas essas baboseiras do gênero e etc.
Olha, eu tenho um exemplo prático aqui de porque isso não presta, estou há alguns meses sem assinar a Plus, porque simplesmente a Sony resolveu aumentar o valor e não fazer mais promoções para aquilo que eu sempre assinava que era a Essential, resultado, toda a minha biblioteca acumulada de mais de 10 anos de Plus foi pro saco, porque não irei me submeter ao método de extorsão deles. Não temos a opção nem de ficar com nada, nenhuma parte de tudo que se pagou. É de 100 a 0 instantaneamente, porque um dia as novas regras do jogo foram mudadas só pela vontade de um único lado.
São empresas que simplesmente pensam ser um Estado Totalitário e que podem reger a forma como se extrai dinheiro do sujeito, com regras unilaterais feitas por si, vendendo ideias que podem até parecer boas, mas que poucos percebem no longo prazo que são uma verdadeira armadilha.
Mas vale lembrar que esses facínoras atacam em muitas frentes, subindo preços, inventando serviços, colocando jogos inacabados em disco para amarrarem a obra a necessidade de patch digital… No fim, nós consumidores estamos ferrados, o futuro é obscuro.

Last edited 8 meses atrás by Juca
Daniel Torres
Daniel Torres
Responder a  Juca
6 de Abril de 2024 12:24

Aqui no Brasil existem ressalvas na justiça que anulam a assinatura deste tipo de contrato e suas colocações, pois aqui este tipo de contrato é considerado abusivo ao consumidor.

Claro que tem a dor de cabeça de termos de entrar na justiça, mas geralmente é causa ganha.

Honestamente de empresas assim fico longe.

Juca
Juca
Responder a  Daniel Torres
6 de Abril de 2024 13:47

No meu caso em específico, Daniel, minha PSN é norte americana, pois a assino desde o surgimento nos EUA, já que durante um bom tempo a coisa não existia aqui. A Sony nunca permitiu migração de região, pois alegava que se poderia perder conteúdo e etc. Aí a coisa complica mais pra mim. Mas a questão é que no fim querem transformar uma transação que sempre foi de troca de bens por uma espécie de ingresso ou ação de clube, apenas pra usufruição temporária das coisas ao invés da venda de produtos, mas tudo como ato volitivo deles, onde num dado momento podem mudar as regras das coisas e não terem responsabilidade de indenizar, manter o serviço, ou podem fazerem o cliente desistir dele por mudarem as regras como querem.

Last edited 8 meses atrás by Juca
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