Os NFT serão uma situação problemática, que não só poderá vir a gastar recursos exagerados para existirem, como, ainda por cima, serão mais uma forma de se rentabilizar itens em jogos.
Se tens lido as notícias, certamente já ouviste falar do termo NFT. NFT quer dizer Non Fungile Tokens, ou em Português símbolos não fungível.
O que são então os NFTs?
Imaginemos por exemplo a famosa Pintura de Leonardo Da Vinci, a Mona Lisa. Se calhar muitos de vocês tem uma cópia desse quadro em casa, pois ele é bastante popular, mas a realidade é que, por muitas cópias que existam, original só existe um… e esse está no Louvre.
O resto ou são fotografias, ou cópias criadas por artistas dos mais diversos, mas a realidade é que nenhum desses quadros, com exceção do original pintado por Leonardo Da Vici, é o verdadeiro. Apenas aquele quadro que se encontra no Louvre é o original, e tudo o resto, por muito que sejam parecidos, nunca serão iguais em nenhum aspeto, seja a idade, o traço, as tintas, a moldura, o tipo de papel usado, etc. Isto define o item como não fungível, ou seja, algo que não pode ser substituído por outra coisa, sendo ela única.
Ora esta característica de unicidade é algo que só existe nos bens físicos. No digital, a coisa não é bem assim! Quando faço um comando Copy, o que obtenho é algo que é absolutamente, e em todos os aspetos, uma cópia fiel do original. Basicamente eu fico com um segundo original, ou um terceiro, ou um quarto. E com exceção da data de criação, que pode ser ajustada e acertada, e que basicamente nem sequer é algo relevante, todas as cópias são exatamente a mesmíssima coisa do original.
Isso quer dizer que no mundo digital, o conceito de original ou único não existe. Tudo é uma cópia! E é isso que os NFT se propõem alterar, criando um registo de unicidade e track que permite saber, onde está o original.
E este é um dos desafios do mundo digital. Criar algo que seja limitado ou único. Infelizmente para os artistas, qualquer ficheiro pode ser duplicado vezes sem conta, pelo que se algo tem valor, e é duplicado, perde-se o interesse na aquisição de um original, pois as cópias gratuitas abundam.
É aqui que aparecem os tokens ou símbolos não fungíveis, Basicamente eles servem para criar uma autenticidade a algo digital. Por exemplo, eu posso criar uma foto, e associar-lhe um NFT. E isso quer dizer que aquela foto fica marcada como original, e por muitas cópias que se façam dela, as restantes não receberão essa marca, pelo que o meu original pode desta forma ter mais valor.
Basicamente este conceito surgiu com os criadores de arte: Quem criava arte digital queria que o seu ficheiro fosse reconhecido como sendo o original, por muitas cópias que viessem a fazer dele, o que permitiria vender o mesmo como sendo a real obra de arte.
A situação rapidamente estendeu-se à musica, aos jornais, artigos, meses e basicamente tudo, sendo que agora está a chegar aos itens vendidos nos jogos.
Voltando um bocado atrás, no mundo real, os objetos são inerentemente limitados, dado serem físicos, e palpáveis. E cada objeto é no fundo único.
E ao longo da história, com a invenção da posse, as pessoas valorizaram a mesma. E alguém ter um objeto exatamente igual ao meu implica que o objeto me é removido da minha posse, seja por venda ou roubo.
Mas na internet a coisa não é assim:
Na internet, todos os dados que ali existem podem ser reproduzidos. Aliás, o próprio funcionamento da internet e dos computadores funcionam à base da reprodução. Se eu criar uma imagem no photoshop, e a gravar, o conteúdo é reproduzido da memória para o disco. Se eu quiser transportar a imagem numa pen para abrir noutro computador, mesmo que eu faça uma movimentação de dados e não uma cópia, na realidade o que entra na pen é uma cópia do que estava no disco. E o que vai entrar no computador de destino é uma cópia do que estava na Pen. O original não se moveu… ele foi reproduzido em diversos locais.
Ou seja, se apenas houver uma cópia, por exemplo, de um livro, eu não posso arranjar nada exatamente igual a alguém (poderia tirar fotocópias, mas não estaria perante algo igual). Já se o livro estiver no formato digital, uma cópia e… voilá… ambas as pessoas possuem exatamente a mesma coisa.
Resumidamente, na internet o conceito de algo escasso não existe. Pois com uma cópia… há um novo produto exatamente igual.
E isto tem sido uma suposta vantagem. Se eu comprar um jogo físico, a loja só me pode vender os exemplares que tem disponíveis. Mas se comprar digital… como o que me é enviado é uma cópia, posso comprar um número infinito de exemplares, e mesmo assim essa mesma única loja online continua com infinitos para vender.
Ora estes conceitos conflituam com os direitos de autor. Porque se algo é uma criação de alguém, e é suposto ser colocado no mercado de forma limitada, nada impede que se criem cópias.
Essa situação foi a que levou ao DRM, de forma a tentar garantir que no mercado apenas existiam as cópias controladas que o criador do produto vende… mas todos sabemos que o DRM não funciona, cria problemas diversos aos possuidores dos originais que os que possuem a cópia não tem, e tem sido algo extremamente criticado por ser pesado, usar recursos, e em alguns casos, até danificar o hardware.
Mas a realidade é que os direitos de autor são uma das forças da economia. São o que permite a muitas pessoas viver do seu trabalho, e quando o governo, responsável pela manutenção desses direitos, e responsável pela criação das entidades que deverão proteger os autores das obras, se vê incapaz de controlar a totalidade do mundo e a liberdade existente na internet, surgiu a necessidade de se criar algo que pudesse garantir não só que o bem em causa só existe no número limitado que se pretende, bem como há uma forma de se saber onde ele está, e na posse de quem está.
E é então que surgem os NFT. Basicamente um produto marcado com um Token deste tipo é como se levasse uma espécie de DRM que impede que o mesmo seja copiado, alterado, ou mesmo pirateado. Basicamente, usando um sistema de Blockchain semelhante ao das criptomoedas, o NFT permite criar objetos virtuais em número limitado que apenas pode mudar de proprietário caso sejam transacionados.
Apesar de tudo parecer muito inócuo, e até com vantagens, a realidade é que não é bem assim.
Para começar, todo o conceito de original é uma patranha… eu se vender o produto digital que possuo, e o passar para outra pessoa, na realidade o que ela vai receber é uma cópia do que está no meu disco, sendo que depois o real “original”, que está na minha máquina, é apagado. Ou seja, não estamos a falar de uma passagem de posse de algo real, e palpável, que é único e não pode ser reproduzido. Estamos a falar apenas de posse e negócio, com a criação de cópias controladas.
Mas vamos voltar uns parágrafos atrás… e falar da questão do item não poder ser copiado! Porque na realidade… na internet a coisa não é assim tão clara. Por exemplo, Jack Dorsey, CEO e criador do Twitter, vendeu por este método o seu Tweet original que foi lançado quando a rede foi criada, pela quantia de 2.9 milhões.
Mas na realidade, o real Tweet original ainda está online, e pode, como qualquer outro, ser embebido em websites. Ou seja, o proprietário não recebeu verdadeiramente nada pelo que pagou e nem sequer pode reclamar direitos sobre o que está online e as cópias que existam pois o comprador não ganhou qualquer direito sobre o Tweet, e as inúmeras cópias dele que possam existir. Ele só ganhou direitos sobre aquela cópia em particular, que está agora marcada como sendo a original… Isto apesar de na realidade não ser, mas ser isso sim, uma cópia do original. Basicamente ele comprou o Token, mas não quaisquer direitos sobre o que se encontra protegido pelo Token.
A piorar a coisa, os tribunais não reconhecem nos produtos digitais aquilo que se chama como “a primeira venda”. Ou seja, se eu criar um livro e o vender, recebo o dinheiro dele. Mas se o novo proprietário o vender, eu não vejo nada, pois essa não é uma primeira venda, e dessa forma a totalidade do valor da venda cai sobre o novo proprietário dos livro.
Mas no digital, não há esse conceito, uma vez que o produto não é reconhecido como único, uma vez que o digital é tratado como fungível. E esse é o motivo pelo qual não existe um mercado de usados digitais. Os NFTs tentam resolver essa situação, mas com inúmeras questões.
Logo na cabeça questiona-se como é que os produtores alegam que o conteúdo digital que compramos, na realidade não é nosso, e que apenas adquirimos uma licença de uso. E apesar de tal situação ser discutível, torna-se incompreensível como esta alegação se coaduna com a venda de algo usando um NFT, ou seja um item a que se confere a propriedade ao comprador, mas que assenta sobre um produto em que o vendedor afirma que comprador não possui quaisquer direitos.
Posso eu gastar milhões em posse efetiva de itens únicos num jogo, e depois ser banido de usar o jogo e o adquirido porque num dia mau, praguejei nos servidores e fui expulso, fincando impedido de aceder ou vender o que comprei? Isto acontece atualmente, mas a realidade é que a ideia dos NFT é a aproximação à realidade física, e a possibilidade de criação de mercados de usados. Mas o que vemos é que eles poderão efetivamente garantir a defesa dos interesses dos criadores. Mas não parecem garantir da mesma forma a defesa dos direitos dos compradores! Aliás não há ainda resposta sobre se as vendas subsequentes serão totalmente lucro, ou se o vendedor original terá de receber alguma parcela.
Um outro problema dos NFT é que a Blockchain permite apenas saber que o item existe, e que possui um proprietário, mas não permite saber quem é o proprietário. Apesar de não estar por dentro de como tudo isto funciona, eu questiono como é que que o proprietário de algo digital pode ser ressarcido ou obter nova cópia de algo se o computador em que o produto marcado com o NFT, por exemplo, derreter numa trovoada. Isto porque obter nova cópia implicaria que afinal o seu item não era único e original, tornando tudo isto numa real patranha. Daí que se questiona quais as reais vantagens de tal situação sobre o registo atual que se faz em bases de dados de servidores sobre que contas possuem o quê, e onde um utilizador que muda de computador, metendo o seu username e password, recupera tudo o que possuía.
Se alguém souber responder a isto, agradece-se que o faça nos comentários.
A realidade é que, numa primeira análise, e é isso mesmo que estou a fazer quando escrevo este artigo, pois ainda me estou a tentar inteirar de como funcionam os NFT, nada do que é oferecido pelo NFT, quando aplicado a videojogos e conteúdo dos mesmos, aparente ser impossível de ser reproduzido, sem o uso de NFTs.
Basicamente o registo de que contas possuem itens de jogo já existe, e a possibilidade do uso de “Auction Houses” dentro dos jogos para troca e venda de itens é um conceito que já existe. Daí que estou, neste momento, com algumas dificuldades em perceber as vantagens deste tipo de coisa. E o efeito de limite de disponibilidade já existe tambem quando são criadas probabilidades de “drop” de “Loot” nos jogos, que pode inclusive ser reduzida a zero a partir do momento em que um determinado número de itens existam no jogo. No que toca à proteção… o DRM atual, pouco ou muito eficaz, é certamente mais ecológico.
A única diferença aqui poderá passar pelo facto que o atual registo de posses obriga a que o jogo tenham forçosamente uma componente sempre online, ao passo que os NFT poderão não o exigir. Mas mesmo isso não posso dizer com certeza pois o Blockchain funciona na internet..
O grande inconveniente dos NFT é no entanto, o consumo energético que é necessário para o registo das transações. E isso é que lhes tira todo e qualquer eventual interesse que estes pudessem vir a ter sobre os meios alternativos.
Infelizmente o consumo de energia necessário para a manutenção da blockchain depende do número de transações e não do valor das mesmas. Pelo que a venda de milhares de itens de baixo custo com o uso de NFTs, espalhados por milhares de jogos, criaria um uso de energia brutal.
É referido que o uso de energia para registar uma única transação de um pequeno video de 13 segundo, na blockchain corresponde à energia que seria necessário usar para carregar um automóvel elétrico para percorrer 420 Km.
Numa altura em que se fala do aquecimento global, dos riscos para a humanidade e para o planeta, da necessidade de se diminuir o consumo energético, não vejo como a introdução de NFTs nos videojogos possa ser uma vantagem… aliás, como o artigo tenta transmitir, não percebo as reais vantagens do NFT para o cliente, apesar de claramente a perceber para o vendedor.
Como refiro, não explorei ainda a temática realmente a fundo, de forma a poder dizer que domino a mesma, mas sinceramente não me parece que os NFT sejam algo bem vindo. Serão uma praga, que obrigará a enormes recursos para manutenção da blockchain, sejam eles energéticos, como de processamento. Aliás uma questão que não consegui responder em todos os artigos que li para escrever este, foi onde é que a Blockchain é processada. Onde estão os computadores que irão processar todos estes registos?
Na criptomoeda, a blockchain é mantida usando as máquinas de quem minera… mas e aqui? Será que teremos de ceder processamento para a blockchain a partir do momento em que o jogo que vamos correr possui vendas deste tipo, e consequentemente perder esse mesmo processamento durante o jogo?
Sinceramente, seja para os jogos, as transações nos jogos, ou o ambiente, não se augura nada de bom a sair daqui… e daí o título do artigo.
a patent for their works with NFT, giving them originality and property and allowing some of them to be sold in large quantities (from digital currencies). NFT extended to music, newspaper articles, memes, tweets, and even sports – yes, there are players selling ball passes, dips, moments (that’s right, Moments), and even professional tracks. Everything is in the digital world of course. Like Eder, the Portuguese national team player, who made the shoe with which he scored the winning goal against France at Euro 2016, at NFT.
If, on the one hand, NFT is good news for artists, writers, and other authors who can, using this technology, use the network as a display of their work, while protecting – or at least ensuring its authenticity – for another it is an environmental burden on the planet and does not contribute to combating climate change .
How do we explain HereAnd the NFTs are computer codes that guarantee the authenticity and ownership of the file. They are digital assets that are recorded, through “blockchain” technology, as unique, non-replicable and with a list of transactions that can be tracked from the source. It is negotiable based on the notion that it is impossible to hack or copy.
The blockchain, in turn, is a decentralized database of thousands of computers. It is a list of transaction logs, arranged by the blocks associated with the encryption (a type of secret write). When an action is recorded, the information cannot be changed. It allows for security in transactions, elimination of mediation and, hopefully, more transparency
The disadvantage is the energy consumed by this technology, as the transaction logging is the result of the collective effort of thousands of computers connected to the network – machines that consume a lot of energy.
Recording a just 13-second video on the blockchain, for example, could have an environmental footprint similar to that of a 420-kilometer car trip, according to Acten note, A digital artist who launched a website that calculates energy expenditures for NFT, specifically to alert you to the weight the technology has on the health of the planet.
Incidentally, the founder of Tesla and Space X, Elon Musk, announced deals with Bitcoin, one of the most successful cryptocurrencies, causing its value to rise on the exchange. But after a few weeks, he took a step back and stopped accepting bitcoins to pay for his electric cars.
The president of the Madeira Economists Syndicate, Paolo Pereira, recalls the story: “The excuse is that you cannot live well with the fact that Bitcoin consumes a lot of energy. Bitcoin is implemented on the basis of a ‘blockchain’, which consumes a lot of energy. A large part of it is in China, and therefore it is an enemy of the environment. Since he sells environmentally friendly Teslas, he accepts a currency which, according to him, is an enemy of the environment … “.
But it is clear that it is not so linear. Paulo Pereira assesses: “It reveals several things: Hypocrisy because a Tesla car traveling in China and shipped in China will also get electricity from coal and it is exactly the same. Elon Musk cannot get 1.5 billion Tesla shareholders, buy Bitcoins, and after three Months, he discovered that it works on electricity? Since he is not stupid, the question that remains is what is the “secret” agenda. He does not discuss football and does not give a point without a knot in principle. These statements he makes have effects. reason “.
When he announced that buying Tesla with Bitcoin, after all, was no longer permitted, Musk stressed, however, that “cryptocurrencies are a good idea on many levels” and that he believes they “will have a promising future”. However, “it cannot be done at great cost to the environment.”
The fact is that after talking to Paulo Pereira, Elon Musk began to spread news about this story. On Monday, the businessman wrote on Twitter that he had spoken to bitcoin miners in North America and that they are committed to making the digital currency more sustainable. The tweet was enough to launch the cryptocurrency again, after its downfall when Musk announced that he would no longer accept payments in digital currency.
Keep waiting for the next seasons.
Meanwhile, Elon Musk’s death was remembered on Saturday Night Live this month, when the founder of Tesla Motors said he believed in a sustainable future and revealed that he suffers from Asperger’s syndrome.
Você não encontrou nenhuma vantagem simplesmente porque não existe. O modelo de negócio utilizado em NFTs, nada mais é do que o velho esquema Ponzi. Minha única dúvida é saber como o regulador vai atuar para resolver o problema que criou quando os BCs resolveram imprimir dinheiro infinito e gerar a excrescência dos juros negativo.
Realmente, uma praga em todos os sentidos!
Tudo bastante esclarecedor, Mário, ótimo artigo!
Desde já obrigado pelo artigo
Era algo que tinha muitas dúvidas e apesar de perceber o que é ainda não consigo perceber de que forma é que pode ser usado em jogos, mas para isso teria de ser criada uma ferramenta nos jogos e nas plataformas e não estou a ver isso
Acho que é uma forma de enfiar o barrete a alguém, o mesmo que vender terrenos no metaverso ou terrenos em marte
Eu penso que a ideia será a seguinte:
Tu compras uma skin… E em todos os jogos do editor, ficas com direito a ela. Eu não sei bem como isso se pode processar. Primeiro porque não é do interesse de quem vende, só vender uma vez. Depois porque isso obriga a quem vende a um comprometimento de suporte que vai crescer ao longo dos anos e tornar-se insuportável. Não é só uma questão de manter, mas de tornar a coisa compatível com todos os jogos e motores futuros.
Para quem compra… Também não vejo grande vantagem pois pelo que acabei de escrever, a coisa terá de ficar cara. E assim sendo, mais vale recomprar numa base de necessidade. Se é que a há…