Microsoft desiste da consola Xbox concebida para streaming.

A ideia era uma máquina na ordem dos 100 dólares, mas a Microsoft refere que desistiu da ideia pois ela ficaria com um preço muito próximo da série S. Uma desculpa que, curiosamente, não nos convence.

A Microsoft desistiu do projecto da criação de uma Xbox mais acessível que funcionaria apenas por Streaming. A ideia desta consola era possuir um preço baixo, e assim subir as vendas, bem como as adesões ao Xcloud, o que poderia não só cimentar a Xbox numa área da Cloud onde a Microsoft é líder, bem como aumentar tremendamente as adesões ao Xcloud, e consequentemente as receitas da Microsoft.

No entanto, apesar de a consola ter passado por todo o processo de pesquisa e desenvolvimento, chegando mesmo a haver um protótipo funcional, o projecto foi engavetado.

A justificação? Que a consola teria um preço demasiadamente alto e próximo do da Xbox série S, o que não compensaria.

E apesar de esta ser a justificação oficial… Ela não nos convence!

O motivo porque não nos convence é fácil de se perceber. Basicamente uma consola para streaming não tem grandes exigências a nível de hardware, o que implica uma consola bem mais barata que a S.

A Google, por exemplo, tem o seu ChromeCast 4K por 70 euros, e a versão para o Stadia, com controlador, era vendido a 139 dólares. Um preço que se pode considerar acessível.

Olhando para o preço da série S, vemos que a podemos encontrar a 288 euros. E segundo creio ter lido, nos EUA ela pode mesmo ser encontrada a 250 dólares.

Ora de 139 euros, 150 que fosse, para 250, são 100 euros! Um valor que pode não ser nada para Satya Nadella ou Phil Spencer, mas que faz muita diferença nos bolsos de muito boa gente.

Daí que tenha muita dificuldade em perceber como é que a Microsoft refere que a sua consola ficaria com um preço demasiadamente próximo do da Série S.

Mas há mais… É que a Microsoft anunciou recentemente que se encontra a subsidiar as suas consolas, perdendo entre 100 a 200 dólares por cada consola vendida. E na Digital Foundry eles referem mesmo que ao que parece os 100 euros são a perda na série X, com os 200 a serem na série S, de forma a impulsionar as vendas do modelo mais acessível.

Mas mesmo que a S apenas seja subsidiada em 100 dólares, estando agora à venda a 250 dólares isso quer dizer que o seu custo de fabrico é de 350 dólares. A Microsoft não consegue fazer uma consola de streaming a um preço bastante inferior a este?

Ora olhando para o mercado das Box google TV quer-nos parecer que seria perfeitamente possível fazer-se algo abaixo ou pouco acima dos 100 euros, como isso nos parece ainda mais realizável se a Microsoft subsidiar igualmente essa consola.

Porque motivo não o faria?

Na realidade parece-nos que há por aqui situações que não são devidamente contadas, mas que podem ser percebidas se analisarmos tudo o que tem sido dito e feito recentemente.

E aqui vamos entrar na conjetura, mas no entanto, algo que nos parece bem mais credível que o não conseguirem fazer uma consola de streaming a um preço bem inferior ao da S.

Recentemente a Microsoft revelou ter falhado, pela segunda vez consecutiva, os alvos de crescimento do Gamepass. Isto apesar de estes terem sido substancialmente reduzidos após o primeiro falhanço.

Mas o que temos visto nos últimos tempos tem sido um grande investimento da Microsoft no serviço. Ao ponto de cada vez mais nos questionarmos se ele realmente é lucrativo.

Ora o que nos quer parecer é que a Microsoft, percebeu que a adesão de clientes ao Gamepass lhes retira clientes do mercado de vendas full price. E que subindo as receitas nos serviços desce as receitas nos restantes mercados. Para além do mais, percebeu que o mercado não está a mostrar o interesse desejado no Gamepass, talvez pelos receios existentes de que ele possa degradar ou destruir a qualidade a que estamos habituados.

Isto percebe-se pela adesão abaixo do esperado a estes serviços, aliados às vendas ainda superiores da PlayStation e Switch. E isto não negando que, mesmo assim, o Gamepass atrai muita gente à Xbox.

Daí que, sem deixar de apostar no crescimento do serviço, a Microsoft terá percebido que não é na alteração do atual mercado que ela melhora as suas receitas. É, isso sim, no alcançar novos mercados!

E daí que Phil Spencer tenha sido verbalmente intenso nos últimos tempos em referir que não só o futuro dos videojogos não está no Gamepass, mas nos jogos free to play, como tem igualmente referido que sem o mercado dos smartphones o objectivo da Xbox é inalcançável.

E esta afirmação tem de ser encarada com seriedade, pois jogos Free to Play e Gamepass são coisas incompatíveis uma vez que ao serem grátis, esses jogos não fazem sentido num serviço pago.

Basicamente a consola acaba assim engavetada por esses motivos. O Gamepass não se revelou o sucesso que a Microsoft desejava, e daí que as balizas já mudaram. Jogos free to play e smartphones são o mercado a alcançar, e perante isso o criar e subsidiar uma consola de streaming deixa de ser algo interessante.

Esta situação, apesar de ser uma teoria nossa, enquadra-se em toda a realidade da Xbox que tem vindo a ser revelada, e justifica plenamente as mudanças de postes de baliza que a Microsoft tem feito nos últimos tempos.

O Gamepass continuará certamente a existir, mas compreenda-se que quando uma empresa refere que o futuro são os jogos free to play, isso é incompatível com um serviço de subscrição, pelo que tal mostra que o Gamepass poderá ter deixado de ser o prioridade número um da empresa, e daí o cancelamento da consola.