Microsoft dececionada com Halo… em todos os sentidos

A realidade é que o maior jogo da Microsoft tornou-se motivo de gozo pela net. E as culpas vão a todos os níveis, pois as pressões para se lançar o jogo no estado em que estava vieram de cima.

Nota:. A fonte desta notícia não é ninguém oficialmente ligada às Microsoft, pelo que a veracidade da mesma não é confirmada.

Já o disse, e repito-o. Halo foi um jogo que me apaixonou desde o primeiro jogo para a Xbox original. Foi  motivo pelo qual sempre comprei a consola da Microsoft, e um dos jogos pelos quais mais ansiava. Também o disse e continuo a dizer, que Halo era dos franchisings que mais me apaixonava. Um dos poucos shooters que eu jogava a cada lançamento, e um IP que me apaixonava.

Mas com Halo Infinite, que joguei no PC, fiquei decepcionado, isto apesar de ter gostado bastante da campanha.

Quando jogo foi apresentado o que se via estava longe do prometido. Mas pior do que isso, o que foi mostrado era pura e simplesmente patético. Apesar de uma nova geração o Halo apresentado parecia ter recuado aos tempos da Xbox 360 e o seu grafismo decepcionava em todos os aspetos (luz, sombras, texturas, geometria, etc).

Nesse altura muitos saíram em defesa do jogo, mas a realidade é que os seus problemas foram reconhecidos pelos próprios programadores, e o jogo foi alvo de um tratamento gráfico que lhe corrigiu muitos dos seus problemas e que lhe melhorou um pouco o visual, mas sem lhe resolver todos os problemas de fundo, e muito menos as bugs, algumas delas ainda hoje presentes.

Segundo foi revelado por Bonnie Ross, o estúdio, pela complexidade do jogo, teve de cortar na sua visão, com um relatório da Bloomberg a revelar que na realidade esse corte foi de quase 2/3 do que estava inicialmente previsto. Relatos de vários dos developers revelam que as equipas estavam completamente divididas e trabalhavam de forma independente, quase como se a 343i estivesse a desenvolver 4 ou 5 jogos distintos. – Fonte

Se pensarmos que são precisos 9 meses para se fazer a gestação de um bebê no útero de uma mulher, neste caso a 343i trabalhava como se fosse possível a 9 mulheres conceber o bebê em 1 mês. Tinha tudo para dar raia!

A consequência é que a 343i falhou a todos os níveis, e tudo porque a sua gestão estava a ser patética. Estava e continuou a estar pois uma equipa com a dimensão e qualidade da 343i não conseguiu sequer dar vazão a um roadmap para o jogo. Tudo porque, segundo eles, o jogo tinha tantos problemas devido às pressões para o lançamento rápido, que o tempo era perdido em correções de problemas, mais do que em se criar novo conteúdo.

Tudo o que se passou internamente na 343i criou clivagens entre funcionários das mais diversas e quando o barco começou a meter água tornou-se difícil mantê-lo à tona, e o caos interno apareceu com conflitos e má gestão que levaram à saída de elementos importantes da estrutura, que culminaram agora com a saída de Bonnie Ross, que estava à frente do estúdio.

Entre o lançamento e a presente data, passou-se quase um ano. Um ano em que a Microsoft não se pronunciou ou tomou posição sobre o sucedido… até o barco bater efetivamente no fundo.

Mas com a Microsoft a continuar sem se pronunciar, quem vem a público abordar o assunto é Brad Sams, um conhecido analista com fortes ligações no seu passado à Microsoft.

Segundo este, apesar de a Microsoft ter gasto centenas de milhões de dólares com Halo Infinite (alguns rumores apontam para 500 milhões), esta está descontente com o projeto, a todos os níveis. Algo que não pode de forma alguma surpreender ninguém.

A novidade é que este senhor refere também que a saída de Bonnie Ross foi decidida pela Microsoft e deve-se a uma re-estruturação da Microsoft à 343i.

Curiosamente Bonnie Ross referiu que os motivos que o levavam a sair eram de natureza relacionada com “problemas médicos na familia“, o que cria aqui uma situação onde alguém está claramente a mentir!

Segundo Brad Sams:

Todos sabemos qual é a realidade, Halo Infinite não está em boa forma, não está numa boa posição e não cumpriu com os objetivos traçados pela Microsoft para a 343 quando foi lançado. Também não está a cumprir com o lado financeiro, segundo o que ouvi. De forma quase universal, não cumpriu com as expectativas.

Ainda segundo Brad Sam’s, o Roadmap da Season 3 foi a última gota de água, e que nesse sentido serão anunciadas mais mudanças na gestão ao longo das próximas semanas.

O mais importante é que a mudança na gestão que todos esperávamos finalmente aconteceu. Foram precisos centenas de milhões de dólares e este título para lá chegar, mas estou curioso para ver o que acontece agora com a 343.

O único senão que coloco ao que é dito prende-se com uma situação aqui não abordada. Como referido há aqui uma contradição entre o referido por Bonnie Ross e o referido por Brad Sams. E a saída de Brad Sams, fosse porque motivo fosse, certamente arrastaria outras pessoas consigo. Nesse sentido, sem se perceber ao certo quem fala a verdade, irei apenas que, seja qual for o caso, as saídas indicadas por Brad Sams serão uma realidade espectável. Ou seja, as saídas, a existirem, não servirão para ver quem aqui está a mentir.

Segundo Sams a ideia da Microsoft era criar com Halo um concorrente a Destiny:

Todos querem um serviço como Destiny e era esse o objetivo de Destiny, mas falhou em tantos aspectos pois acredito que o ‘scope creep’ é o inimigo de todos os projetos. Lido com isto na minha carreira profissional, o ‘scope creep’ é algo muito real e quem construiu alguma coisa sabe o que isto é. Não lançaram um produto minimamente viável, lançaram e continuaram a expandir e a consumir mais dinheiro. Consegues imaginar ir ter com a Microsoft a cada três meses e pedir mais 50 milhões de dólares para completar o jogo e três meses depois pedir mais 20. Isto continuou até se tornar num buraco financeiro gigantesco que, acredito eu, podia ter sido melhor usado na plataforma Xbox.

Ainda segundo Brad Sams a Microsoft enterrava dinheiro e mais dinheiro no jogo. Dinheiro esse que foi sendo cedido sem os resultados aparecerem.

Ora numa situação dessas, de quem é a culpa senão de quem o continua a ceder sem exigir resultados? Será que vamos ver Phil Spencer ou Matt Booty a assumir a culpa sobre o que se tem passado com este estúdio, bem como com todos os outros estúdios que estão com problemas de desenvolvimento? Vamos negar que há imensos estúdios sem entregar nada e outros que chegaram mesmo a fazer reboots recentes dos jogos que estavam a produzir, ou a entregar os seus jogos a terceiros por não os conseguirem produzir? Ou será que nesses casos o dinheiro necessário para tudo isso nasceu do ar?

Recorda-se que a maioria dos estúdios Microsoft mostraram trailers CG há 2 anos e depois…. desapareceram do mapa. Everwild da Rare, revelado em 2019 dizem ter sido cancelado e o projeto re-iniciado. Hellblade 2 foi mostrado em 2019, e o que se viu até agora foi um pequeno trailer ingame numa caverna e publicidade à caca das gaivotas nas pedras. Gears teve o seu ultimo jogo em 2019, State of Decay também apresentou um trailer CG e aparentemente foi refeito do zero para mudar de motor, Fable ainda não se viu, mas já foi dado a conhecer que a equipa está com problemas e que o jogo será bem menor do que o previsto, Avowed ainda não foi lançado e Perfect Dark está entregue à Square Enix.

São demais as equipas com jogos conhecidos com problemas ou com atrasos significativos.

A aposta em Halo Infinite saiu furada por mil e um motivos, e a aceitação das chefias em se lançar um jogo naquele estado e inacabado contribuíram para a destruição da imagem do IP. Se Bonnie Ross está agora a ser usado como bode expiatório, evitando-se uma limpeza mais profunda, então a Microsoft está a recusar-se a olhar para a real origem do problema, que nem está a ser exclusivo da 343i, e em resolver questões de fundo que se arrastam há mais vários anos por clara falta de capacidade dos dirigentes da divisão, nomeadamente Matt Booty e Phil Spencer.

Caso esta limpeza não aconteça é bem provável que a falta de capacidade administrativa compensa, pois com o atrasar de lançamentos chegaremos a uma altura onde a acumulação de títulos atrasados levará a uma fartura de lançamentos. E nessa altura, os mais esquecidos, irão elogiar fartura que haverá na altura, esquecendo que essas são as mesmas pessoas agora responsáveis pela atual seca de jogos, e esquecendo que a fartura não se deve a competência, mas sim à acumulação do que não foi lançado na altura devida .