Maiores criadores de jogos opõem-se a campanhas de preservação de jogos antigos

Apesar das diferenças de políticas, apesar das diferenças nas ideologias, apesar das diferenças em tudo o resto, no fundo todos são iguais, e quando se coloca aos produtores de videojogos uma proposta que possa ser boa para os jogadores, mas que vá contra os seus potenciais interesses… estes não se mostram favoráveis à ideia.

Quando um jogo é criado, ele é por norma protegido com DRM de forma a evitar pirataria.

Apesar de o DRM ser abusivo, tratar quem compra os originais como criminosos, instalar-se nas máquinas sem autorização, danificar as performances, e em alguns casos, até o hardware, dificultar a leitura ou prejudicar a velocidade de leitura, e outras coisas, no fundo até se percebe a necessidade do mesmo. É a forma que existe de os produtores tentarem garantir que os seus jogos não são pirateados.

Mas mesmo com DRM os jogos são pirateados, e é aqui que surge a Digital Millennium Copyright Act, conhecido como DMCA. Basicamente a DMCA, adaptada depois de várias formas aos diversos países, onde tem igualmente outras designações, é a legislação que criminaliza quem tenta circundar estes sistemas de protecção, mas que impede igualmentea produção e a distribuição de tecnologia que permita evitar as medidas de proteção aos direitos de autor colocadas pelo DRM.

Mas se isto é coerente nos jogos em comercialização, será que o é em jogos antigos e abandonados?



Pois bem, a ESA, ou Entertainment Software Association, constituida por empresas como a Electronic Arts, Sony, Microsoft, Nintendo e Ubisoft, acha que sim!

Mas porque a pergunta?

Acontece que recentemente o MADE, o Museu de Arte e Entretenimento Digital, numa iniciativa onde pretende preservar para futuras gerações os videojogos atuais, solicitou uma excepção aos produtores de forma a poderem legalmente “crackar” jogos antigos e considerados já como abandonados. A iniciativa passaria menos pelos jogos offline que são possíveis de preservar, mas mais pelos jogos que requerem servidores, os single com validação e os multi, especialmente estes últimos onde se tentaria criar servidores, mesmo que limitados, que pudessem preservar um pouco o espírito do jogo.

Curiosamente, esta preservação é um assunto que já abordamos bem recentemente neste artigo.

Ora mesmo sabendo-se das intenções do MADE, mesmo sabendo-se que estes jogos só ficariam acessíveis no Museu em causa (mesmo que um dia fossem disponibilizados numa página web do museu, algo que não acontece atualmente, seriam sempre restritos à mesma e ali colocados com o intuito da preservação para as gerações futuras), e mesmo sabendo-se que todo o custo ligado a tal ficaria a cargo do Museu, a resposta da ESA foi um puro e simples: NÃO.

Ver isto a acontecer é deveras triste. Especialmente porque o pedido dizia apenas respeito a jogos abandonados. Mas o certo é que estas empresas não querem de forma alguma perder a hipótese de vender jogos novos e como tal olham para estas situações como ameaças.





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