Jornais online Portugueses negam acesso sem registo na Nonio! Mas porque raio o registo é obrigatório?

A questão é basicamente retórica, porque o que está aqui em causa não é a fiabilidade ou confiança na Nónio ou outra empresa qualquer. O que está em causa é que o acesso anteriormente livre às notícias, agora obriga a um registo para algo tão simples como ler as notícias que já de si são limitadas nas versões online dos jornais.

A internet está a matar os jornais. É uma realidade que não tem discussão por ser factual.

Nesse sentido, os jornais, sendo as principais fontes de notícias, tem vindo a apostar em alterações aos seus conteúdos online, com a aposta forte em publicidade, e em conteúdos cortados e limitados que, de forma alguma, se aproximam do existente nas versões papel dos mesmos.

E essas situações, apesar de abusivas, aceitam-se! Os jornais possuem funcionários diversos que são necessários para o seu funcionamento, e que necessitam de receber ao fim do mês. Dado que, mesmo com conteúdos mais limitados, as pessoas se conseguem informar do básico nas versões online e gratuitas dos jornais, as vendas físicas dos mesmos caem, e há que se conseguir receitas adicionais dentro da própria internet, que compensem as quebras que ela própria causa.

E isso é aceitável! Apesar de tornar os websites uma praga de publicidade, quer estática com pop ups de ecrã total, quer nos videos com conteúdos publicitários de largas dezenas de segundos, e que não podem ser passados à frente, para se poder ver algo que por vezes é de qualidade duvidosa ou que possui uma duração bastante inferior à da publicidade.



Mas agora os principais grupos noticiosos, a Cofina, Global Media, Impresa, Media Capital, Público e Renascença aderiram ao Nónio, impedindo os seus leitores de ver as notícias sem se registarem nessa empresa. Sem questionar a fiabilidade ou credibilidade da Nónio,  interessa saber-se que basicamente a explicação para o registo existir é que este é uma forma de se poder personalizar a publicidade de acordo com “os interesses dos utilizadores”(?), e que impede pura e simplesmente a visualização das notícias sem registo.

O mais curioso desta necessidade é que a personalização da publicidade é algo que pode perfeitamente ser feito sem qualquer tipo de registo como certamente a quase totalidade dos utilizadores de internet já o constataram nas suas navegações diárias.

Para o registo na Nónio  é preciso indicar o nome, apelido e email. Basicamente a Nónio cria uma base de dados de nomes e contactos dos utilizadores para nos oferecer:… algo que sempre existiu e esteve acessível de forma directa, mas que agora não pode ser acedido sem o registo.

Esta situação não nos parece muito clara. Basicamente aqui o que temos é uma situação onde ou a pessoa cede dados pessoais, ou não lhe é dado o acesso! Será que é aceitável colocar o consumidor na posição “Ou dás os dados, ou não tens acesso”, numa situação onde a necessidade de fornecimento destes dados não se revela verdadeiramente necessária para o bom funcionamento do website, mas apenas para o aumento das receitas usando personalização de publicidade, algo que poderia ser feito igualmente protegendo o direito à privacidade do leitor?

Se há situação que sempre me apercebi ao longo dos anos, afasta as pessoas dos websites é a necessidade de se terem de identificar. Não sei sinceramente se a Nónio verifica a validade dos dados ou se podemos pura e simplesmente registar um nome e um e-mail falsos, mas a realidade é que nem sequer vou tentar saber.

A partir do momento que, para um simples acto de acesso a informação numa internet que foi criada exactamente para isso mesmo, sou obrigado a ter de fazer um registo que não entendo como necessário e indispensável, irei afastar-me do mesmo. E sinceramente recomendo aos nossos leitores que façam o mesmo, procurando pela informação em outros websites, televisões e rádios que fornecem os mesmos dados, mesmo que mais tardiamente, de forma livre e sem registos! Seria o caos se de repente todos os websites, procurando aumentar as suas receitas, passassem a pedir o mesmo, acabando assim com aquilo que são dados pessoais e privados e que teriam de ser cedidos a tudo e todos para se aceder a informação colocada naquilo que foi criado para ser de acesso livre e directo: a internet!





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