Segundo os rumores a nova Xbox não terá mercado de usados. Será que tal é bom ou mau? Será que os jogos usados são efectivamente vantajosos ou prejudiciais? Eis perspectivas sobre as duas vertentes.
Parece uma lógica geral que caso a Microsoft venha a bloquear a venda de usados ao usar um DRM baseado na internet que prende os jogos à consola onde são instalados,a Sony sairá vencedora antecipada da próxima guerra de consolas.
No entanto, apesar desta perspectiva lógica há quem discorde e veja a coisa com outros olhos.
Eis uma perspectiva diferente colocada por alguém que acha mesmo que o bloqueio de jogos usados é uma jogada de Mestre e que ditará definitivamente a ruína da Sony. E por ser uma perspectiva radicalmente diferente esta chamou a atenção à Forbes que a resolveu expor, e que não queremos deixar igualmente de divulgar para um possível debate de ideias. De forma resumida eis a sua ideia geral:
Caso a Microsoft venha a impedir a venda de jogos usados, tal implicaria a passagem de todas as pessoas que compram jogos usados para a Sony. E essa situação seria a morte da Sony por três motivos.
1 – As consolas são vendidas abaixo do preço de custo, sendo rentabilizadas posteriormente com as royalties pagas pela venda dos jogos. Desta forma a passagem destas pessoas para a Sony implicaria a venda de muitas mais consolas que nunca seriam rentabilizadas, levando a Sony à bancarrota.
2 – A Microsoft não perderia verdadeiramente nada. Para todos os efeitos a Microsoft apenas passaria a vender consolas que se rentabilizariam com o tempo, daí que mesmo que o volume de vendas fosse menor, seria sempre tudo lucro não existindo aquelas situações onde a empresa perde dinheiro com a consola sem nunca a rentabilizar.
3 – Ao se desfazer de todo o mercado de pessoas que compram usados as vendas seriam certamente mais altas na Xbox, e como tal, à semelhança do que acontece com os PCs os produtores penalizariam a Sony lançado os seus produtos mais cedo para a Xbox.
Esta é certamente uma perspectiva interessante, e certamente nova que justifica debater. Mas é, no entanto, a nosso ver, completamente deturpada da realidade.
Efectivamente, parece-nos que cada um dos três pontos acima indicados pecam na sua argumentação por vários aspectos.
- A argumentação parece esquecer que um jogo usado só poderá ser vendido se já tiver sido novo primeiro. Ou seja, para se alimentar um mercado de usados grande é necessário que as vendas de jogos novos sejam ainda maiores.
- Para uma consola possuir suporte dos criadores de software é necessário que o mercado POTENCIAL seja grande (e isso porque o efectivo é sempre uma incógnita). Se a Xbox possuísse 5 milhões de consolas e a Sony 10, o mercado potencial de vendas na PS4 seria sempre superior. Mesmo que a totalidade do mercado Sony fosse cliente de usados não se pode pressupor que quem compra no mercado de segunda mão SÓ compra desse tipo de jogos.
- Os jogos usados existem porque alguém os vende. E normalmente a venda possui um motivo: Adquirir dinheiro para a compra de jogos novos. Este é aliás um dos motivos porque se discorda dos produtores quando se queixam do mercado de usados, pois essa queixa é uma falsa questão uma vez que quem se desfaz dos usados normalmente pretende arrecadar dinheiro para a compra de jogos novos, canalizando o lucro da venda para os produtores. E sem a venda dos usados, muito certamente esse venda de jogos novos seria inferior.
- Parte-se do principio que quem compra frequentemente jogos usados compra consolas novas. E normalmente os grandes adeptos dos jogos usados compram igualmente consolas usadas. Afinal de que vale comprar uma consola nova ou acabada de lançar se nessa altura não há jogos usados?
- Contabilizar jogos usados como prejuízo na venda dos originais não é algo líquido, uma vez que nunca se poderia tomar a compra do original como efectiva no caso da ausência do usado.
- As vendas de um jogo nunca se equivalem ao número de consolas vendidas. Afinal nem todos os utilizadores gostam do mesmo, pelo que os jogos apenas apelam apenas a partes do mercado. Assim parece mais uma vez óbvio que com uma base de consolas menor no mercado as probabilidades de sucesso de um título são igualmente menores.
- Efectivamente o mercado PC é muito penalizado. Mas possui igualmente os melhores jogos e mais baratos para combater essa situação. Se isso acontecesse na PS4, e não existindo pirataria, jogos mais baratos atrairiam mais pessoas não só para aderir à consola como para comprar originais, voltando a alargar a margem da Sony. A recuperação do PC só não é uma realidade face ao custo mais reduzido dos jogos devido à elevada pirataria.
- A Sony pode perfeitamente igualmente acabar com o mercado de usados sem efectivamente o terminar fisicamente como a Microsoft pretende fazer. Bastaria vender as versões digitais e presas às consolas a preços mais acessíveis. Dessa forma quem compra os originais optaria por essa versão, deixando de existir posteriormente usados.
- Sem usados as lojas de videojogos espalhadas por todo o mundo não teriam grande interesse em promover a consola, dando preferência à promoção daquelas que lhes aportariam mais lucros. Dessa forma a publicidade gratuita oferecida por estas lojas à nova Xbox ficaria para segundo plano, forçando a Microsoft a investir em publicidade e quebrando assim as suas margens. E com a publicidade ao preço que está, questiona-se se os usados não seriam mesmo preferíveis.
Parece-nos assim claro que não há muita volta a dar à situação, e que um eventual bloqueio de jogos à nova Xbox será sem dúvida um tiro no pé. Mas aguardemos para ver uma vez que essa situação a efectivamente existir será uma novidade.
No entanto, se querem uma opinião sincera acreditamos que tal não acontecerá. A Microsoft terá um meio de reconhecer se um jogo é usado ou não, mas dadas as consequências não acreditamos que efectivamente enveredem por esse caminho.
E vocês o que acham? Serão os jogos usados algo a manter? Será que o término dos mesmos é vantajoso ou prejudicial? Exponham as vossas opiniões!