Jogo do ano é polémico… só porque ninguém gosta de perder!

Astrobot é jogo do ano… Mas se ouvirmos as opiniões, há quem concorde, há quem discorde. Quem tem razão aqui?

Uma votação é uma votação. E naturalmente vai haver quem concorde, e vai haver quem discorde.

A nossa opinião não tem forçosamente que ser igual à dos outros, mas a questão é que se num grupo de 1000 pessoas escolhermos 10 para votar, podemos ter um vencedor, que pode mudar se o grupo passar a 20 pessoas, e pode mudar se o grupo passar a 30, e a 40, e a 50, e por aí fora.

Naturalmente ouvir tudo e todos é impossível, pelo que o relevante aqui é que a amostra seja grande, seja representativa, e acima de tudo que seja honesta coerente e se guie toda pelos mesmas linhas guia. E isso é o que acontece no Game Awards.

Eu comparo muito o Game Awards aos Globos de Ouro (os oscares são mais fechados e as votações são da academia), que normalmente dão prémios a filmes com os quais eu discordo. Mas a realidade é que os critérios para os globos de ouro são bem claros, e tem sido seguidos, pelo que nunca entendi, concorde ou não concorde, que haja verdadeiramente injustiça ou aldrabice nas votações. Assim como entendo que nada de anormal aconteceu aqui, e que Astrobot venceu de forma justa e clara.



Vamos esclarecer aqui uma coisa, e desculpem se for direto. As votações do público… são uma treta!

Se há coisa que não faz sentido nenhum é uma votação de um jogo do ano baseado nos votos do público. Isto porque as pessoas votam baseando-se em critérios de gosto pessoal e não de qualidade. Votam baseado nos jogos que jogaram e não no global, votam baseado nas plataformas que possuem e não no que existe, votam seguindo critérios irrelevantes como grafismo, ou história, ignorando aquilo que é o objectivo de um jogo que é o divertir e entreter.

Uma das modalidades do Game Awards é o prémio People Voice, onde o jogo vencedor é 100% votado pelo público. E o que vimos ao ano passado? O vencedor foi… Halo Infinite!

Sim, Halo Infinite, um jogo que na altura da votação estava incompleto, sem campanha, sem modo forja, e com apenas meia dúzia de níveis. Um jogo que, 6 meses depois estava abandonado pelas mesmas pessoas que o votaram como jogo do ano.

Basicamente o que venceu ali não foi o melhor jogo, foi o jogo que mais pessoas movimentou numa rede social. Houve claramente uma movimentação junto dos fans da Xbox para que a Microsoft ganhasse alguma coisa, e nesse sentido moveram-se em massa para votar em Halo Infinite. Não era o melhor jogo… mas era o jogo Microsoft que podia ser votado.

Este tipo de atitudes não é anormal serem vistos no Metacritic. Pessoas que não tem sequer o jogo, mas que lhe dão zero apenas porque o jogo não existe para a sua plataforma, pessoas que se movem em redes sociais e que arrastam grupos para darem má nota apenas por A ou B, que nem se revelam verdadeiramente relevantes, etc.



Infelizmente a opinião de terceiros nem sempre é respeitada, mesmo que a fundamentação seja boa, e goza-se e ataca-se numa tentativa de descredibilizar. Isso acontece com a PCManias todos os dias, apesar de a página continuar a ser uma referência e citada por websites e youtubers de prestigio mundial. E está a acontecer com o Game Awards, apenas e simplesmente porque o jogo que ganhou, não era o que alguns queriam que fosse o que ganhava.

A votação do Game Awards funciona da seguinte maneira:

Uma comissão constituída pelos grandes publicadores como Sony, Microsoft, Nintendo, Ea, Activision, Ubisoft e muitos outros, escolhem 100 websites ou publicações ligadas aos videojogos, espalhadas pelo mundo (mais de 30 países), e solicitam-lhes uma lista com os que consideram os 6 melhores jogos de 2024.

Os votos não refletem apenas a opinião de um jornalista, mas devem refletir uma escolha consensual dentro de todos os jornalistas que constituem a publicação.

Recebida essa lista, os 6 jogos mais votados aparecem na lista de nomeados, sendo que é solicitado novamente a esses 100 anteriores participantes que voltem a votar, mas desta vez apenas nos nomeados.



Aqui aparece uma novidade, que tem um peso de 10% o que se revela mais do que suficiente para poder alterar a direção de voto em caso de proximidade, que é a votação do público.

No final, contabilizados os votos, o jogo do ano é escolhido.

É uma situação não muito diferente do que acontece em Hollywood, e que acima de tudo, tem um critério bem definido, que se revela imparcial e autónomo ao não meter ao barulho qualquer tipo de interessado.

Agora é claro que o vencedor pode não reunir consenso. Voltando ao exemplo de cima, se em vez de 100 votantes tivéssemos 200, os resultados poderiam ser outros. Mas a realidade é que estes 100 votantes já são uma amostra significativa, e acima de tudo escolhida por uma comissão que tenta fazer com que haja a maior imparcialidade possível.

Os critérios para a votação poderão ser a parte mais subjetiva, mas eles existem. Convêm não esquecer o que os vídeo jogos são, e qual o seu objetivo. São medias destinados a entreter e a divertir, pelo que a jogabilidade, a forma como cativam e como são aceites pelo público vai ter um grande peso.



Nesse sentido, quando vi os nomeados para 2024, que foram Astrobot, Balatro, Black Myth Wukong, Elden Ring: Shadow of the Eardtree, Final Fantasy VII Rebirth e Metaphor Refantazio, tornou-se claro para mim que a disputa seria entre Black Myth Wukong e Astrobot. Isto porque os restantes jogos, apesar de muito bons, pura e simplesmente não cativaram ou geraram o mesmo Hype destes dois.

Claro que aceito que esta perspectiva pudesse ser errada. Afinal estava-me a guiar pela aceitação que conheci destes jogos, e não pela aceitação global dos mesmos. Mas a verdade é que bastava pesquisar um pouco pela internet para perceber que o Hype gerado por estes dois jogos era bastante superior aos dos restantes.

Desses dois, fosse quem fosse que ganhasse, eu acharia que o prémio estava bem entregue. Apesar de não ter jogado Black Myth Wukong, sei reconhecer a qualidade de um produto quando a vejo, e ali estava claramente material que poderia ser digno de um prémio destes. Algo que eu também via em Astrobot.

O vencedor foi Astrobot… Por quais critérios exatamente, eu não sei, mas a realidade é que entendo que o prémio acabou bem entregue (da mesma forma que acharia ao mesmo se ganhasse o Black Myth). Já nos outros jogos, eu questionaria a justiça do prémio, mas lá está, seria apenas a minha opinião.

No meio de tudo isto não acho é justo que agora se tente queimar a cerimónia apenas pelo facto que não se concordou com a escolha. E sinceramente não acho nada bonito ver o CEO da Games’s Science a vir criticar a cerimônia, e a dizer que tinha escrito o discurso de vitória à dois anos atrás. Isso só acho mau perder, e denegrir uma cerimónia, só porque se perdeu. Até porque já sabíamos que dos 6 nomeados iriam existir 5 derrotados e apenas um vencedor.



Pessoalmente acho que, acima de tudo, temos de congratular a organização pelo esforço de tentar tornar a votação em algo o mais isento possível, e o mais representativo da aceitação dos jogos junto dos meios que os avaliam. Isso é a única coisa que se consegue verdadeiramente quantificar de forma correta, pelo que concorde-se ou não com o vencedor, e eu já discordei de alguns em outros anos, não há porque se tentar enxovalhar a cerimónia.

 

 

 

 





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Antonio
Antonio
21 de Dezembro de 2024 8:39

Concordo inteiramente e algumas coisas mencionadas já tinha vincado em comentários anteriores.Agora um off,sou um apreciador de donghuas , são séries animadas chinesas ,parte delas animação 3d.A curiosidade é que em uma série que gosto bastante num dos episódios tinha nos cenários da animação cartazes a mencionar o Unreal engine …fica só a curiosidade.

Juca
Juca
21 de Dezembro de 2024 11:28

Como órfão da E3, acho louvável ainda qualquer cerimônia que celebre os videojogos. Dito isso, acho que o voto individual de fãs têm qualidades, e vejo que mesmo os críticos de jogos ou devs têm suas preferências e gostos e provavelmente também não jogaram tudo como eu, então, isenção absoluta não existe e prefiro algo democrático a uma panela específica ditando o que é melhor ou fingindo que há um consenso geral quando não há, o problema de algo democrático é o uso de poder econômico pra burlar as coisas seja de modo indireto ou direto, a falha da coisa não é resultado da escolha democrática, gostos ou passionalidades e sim da articulação comercial em deturpar as coisas. Mas qsobre o TGA é uma premiação com seus critérios claros, e isso há de se respeitar, e como bem disseste, são coerentes.
Então o TGA é justo dentro de suas regras. Na minha ótica, o importante numa premiação é sabermos os critérios que ela leva em conta e quem vota, assim, podemos formar uma opinião sobre a justiça da coisa. E sobre o alarido que percebeste na internet, ele é tão confiável quanto o voto de engajamento de Halo Infinite e não vejo como possa embasar para o contraditório do que já afirmaste, que o voto público é algo que não faz sentido (e agora passa a fazer). O TGA é uma premiação, e nos cabe a aceitar como fato aquilo que escolheram, independente da nossa torcida ou gostos.

Deto
Deto
21 de Dezembro de 2024 16:43

Essa revolta ai tá mais pq os frustrados não querem ter a realidade simplória que eles gostam de acreditar refutada:

“Sony só faz filme, tudo jogo de pai triste blá blá blá”

Ai a Sony faz Astrobot e ganha o goty e agora como fica essa “realidade” dos haters burros que só conseguem ter pensamentos simplistas?

É exatamente por isso todo esse xilique e revolta

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