A noticia vem mesmo a calhar dado termos noticiado ontem um corte de preços nos CPUs Intel. A realidade é que a Intel teme mesmo a AMD e a forma como esta está a crescer e a impor-se no mercado, com produtos concorrenciais aos seus.
Um artigo que passou como memorando interno na rede para funcionários da Intel foi conhecido, e nele a Intel mostra os seus receios pela concorrência que a AMD lhes está a fazer, especialmente na relação performance/custo, chamando-os mesmo de um “Adversário formidável”.
Não hajam dúvidas que a AMD ter aceite fornecer o hardware de processamento para as consolas de actual geração foi melhor decisão que podia ter tomado. Desde essa altura a AMD viu o suporte aos seus GPUs e CPUs melhorado, viu a tecnologia dos mesmos melhorar, viu as performances crescer, viu o número de parceiros aumentar, tomou o domínio no fornecimento de CPUs e GPUs para serviços de streaming de videojogos, criou CPUs concorrenciais e até superiores aos da Intel, melhorou a performance dos seus GPUs face à Nvidia… e vai por aí fora, parecendo imparável!
Num artigo colocado no Reddit, o Editor Chefe de Notícias da Intel, Walden Kirsch falou de forma geral na AMD e como eles e a Intel estão aguerridos naquela que é a rivalidade de maior duração da história da industria da informática.
A questão é que a AMD tinha caído, e a Intel já nem sequer olhava para eles como rivais. O post de Walden mostra como essa percepção mudou agora do lado da Intel.
A Intel é 10 vezes maior que a AMD em termos de receitas, mas a realidade é que teme que isso possa mudar ao enfrentar agora a maior ameaça competitiva de sempre da AMD, e daí que o artigo começa contendo logo no início uma frase que refere “A AMD é agora um competidor formidável”. A maior ameaça que a Intel vê é nos produtos de topo (os mais lucrativos), onde a relação performance/preço da AMD é imbatível e muito, muito longe do que a Intel consegue praticar.
A Intel espera conseguir agora competir com a AMD em outros campos, ao entrar também no negócio dos GPUs.
Mas a grande competição da Intel vai surgir nos CPUs para datacenters e nos serviços de computação de alta performance. Estes serviços requerem não só performance, algo em que agora a AMD estáao nível da Intel, mas igualmente um elevado número de núcleos, e canais de memória, pontos onde a Intel se sente ameaçada ao ser ultrapassada pela AMD.
Os Zen de terceira geração, e acima de tudo os topos de gama como os Rome para servidores e os Mattise para desktops vão aumentar muito a competição entre a AMD e a Intel, ao ponto de ela ser referida como a mais intensa da última década.
Onde a Intel se sente mais segura é na performance dos produtos de baixo consumo, local onde a AMD não tem ofertas competitivas.
Mas nos topo… as linhas Threadripper dizimaram a oferta da Intel quer pelo número de núcleos, quer pelo preços, e nos servidores, a AMD ganhou uma enorme fatia desde os Epyc que estão a ter enorme procura no mercado de cloud/data centers. Os acordos com a Azure (Microsoft), AWS (Amazon), Frontier Supercomputer (ORNL), SHASTA (Cray), XH2000 (AtoS), e Google (Stadia) colocaram a AMD sob os holofotes. E isto é algo que se espera continue a crescer dado o suporte para as consolas de próxima geração, o que leva a AMD a dominar a fatia mais lucrativa do mercado Gamer, garantindo-lhe assim suporte e optimizações.
Enfim, o artigo é extenso, e só abordamos aqui parte dele. O relevante do mesmo é perceber-se que efectivamente a AMD está em crescendo, e que a Intel volta a teme-la. Eventualmente dentro de um ano poderemos estar a dizer o mesmo da Nvidia, uma vez que muito do que aqui se refere sobre a competição entre a AMD e a Intel é já aplicável à Nvidia, sendo que a diferença é que se estes Navi 10 já se aproximam a nível de potência da oferta da Nvidia, ainda faltam os GPUs que a ultrapassem.