O HDMI 2.1 é o standard do futuro e as portas que ele abre são gigantes. Mas na prática, olhando para o que há actualmente no mercado, actualmente o HDMI 2.0 dá conta do recado.
Se estão a pensar em comprar uma nova TV, o HDMI 2.1 é o standard pelo qual devem esperar. Sem dúvida que o acréscimo de largura de banda que este vai trazer é compensador, e as diferenças entre o HDMI 2.1 e 2.0 acabarão por ser enormes.
Ora apesar de já ter escrito artigos sobre o HDMI 2.1 há um motivo pelo qual estou a escrever este atualmente. O facto que a fundação responsável pelo criação da norma HDMI autorizar a designação HDMI 2.1 a TVs com hardware físico correspondente ao HDMI 2.0b!
Ora curiosamente sempre me questionei, perante um aumento tão grande de largura de banda e tanta caracteristica nova, porque motivo o novo HDMI, tendo tantas diferenças para 0 2.0b, se chama 2.1 e não 3.0?
Essa foi uma resposta que percebemos com o avançar da tecnologia. E o motivo para tal é que muitas dascaracteristicas apresentadas para o HDMI 2.1 acabaram por aparecer no HDMI 2.0b. E esse foi o motivo do uso desta designação! Basicamente, a maioria das novidades apresentadas no HDMI 2.1 são software e conseguem ser acrescentados sem penalização de largura de banda no HDMI 2.0. E esse é o requisito que a Fundação coloca para o uso da designação 2.1 em TVs com HDMI que na realidade é 2.0. O suporte das características exclusivas do HDMI 2.1!
Para percebermos o que se passa, vamos enumerar aquilo que foi anunciado como sendo novidades para o HDMI 2.1.
Como vemos, o HDMI 2.1 tem 7 características adicionais não presentes no HDMI 2.0b, mas no entanto todas elas acabaram por se revelar meramente software e sem grande impacto nas larguras de banda.
Vamos analisar um a um!
Dynamic HDR
Basicamente permite mudar a informação do HDR em cada fotograma. Foi implementado por Firmware no HDMI 2.0 e pode ser encontrado em TVs sob a designação do suporte à tecnologia HDR 10+.
Enhanced Audio Return Channel (eARC).
As características do eARC aumentam drásticamente a largura de banda disponível para audio tornando-o assim impossível de ser convertido para o HDMI 2.0b que se encontra já no limite nas resoluções mais altas.
Mas na prática em que se traduz isso?
Basicamente o HDMI 2.0 com o seu ARC suporta a transmissão dos seguintes formatos:
- PCM (2 channel)
- Dolby Digital (up to 5.1 channel)
- DTS Digital Surround (up to 5.1 channel)
- Dolby Digital Plus (up to 7.1 channel)
- Dolby Atmos
- DTS:X
- DTS-HD Master Audio (up to 7.1 channel)
O HDMI 2.1 trará ainda o seguinte formato:
- DTS-HD High Resolution Audio (up to 7.1 channel)
Se tal parece pouco, a realidade é que o HDMI 2.1 permitirá ainda a implementação de todos os tipos de audio suportados pelo HDMI 2.0b, mas sem compressão. Daí que basicamente o salto qualitativo no audio é potencialmente enorme.
É inegável que, para os audiófilos o salto qualitativo é enorme.
Actualmente existem já TVs com HDMI 2.1 no mercado, como é o caso das QLED 8K da Samsung, e que requerem apenas uma actualização e software para serem activos. Mas as marcas não apostaram neste HDMI em 2019 para suporte do eARC, pelo seguinte motivo:
1 – O existirem poucos aparelhos no mercado que o suportem.
2 – O suporte ao Dolby Atmos estar a ser preponderante, suportando bastantes mais aparelhos e sem grandes requisitos adicionais, sendo atualmente suportado quase universalmente.
Eis a declaração da Samsung face ao Ponto 2:
Samsung will not include eARC support on any of the HDMI in/out connections in its 2019 television line. We are moving to a streaming world and the streaming sites are adding Dolby Atmos–which is a key reason you’d want eARC–through [the lossy] Dolby Digital Plus [format]. So we really feel we can support our customers now” with standard HDMI-ARC.
Basicamente o suporte eARC, a quem é audiófilo e usa sistemas de som topo de gama a acompanhar a TV, é algo pelo qual justifica o aguardar pelo HDMI 2.1. Já para quem se satisfaz com os suportes audio actuais e a qualidade que estes oferecem, este ponto perde relevância.
Variable Refresh Rate
Esta situação permite ajustar de forma dinâmica o refrescamento da TV, de forma a eliminar o efeito de “screen tearing” que acontece quando os fotogramas do GPU não acompanham o refrescamento da TV. Encontra-se já suportado por alteração de firmware em TVs com HDMI 2.0b.
Quick Media Switching
Basicamente quando os parâmetros do sinal eram mudados, a TV ficaria com o ecrã negro por uns segundos ajustando-se ao novo sinal. Isso seria notório em consolas onde uma mudança de refresh rate ou resolução poderiam causar este efeito. Esta tecnologia elimina isso e foi já implementada por firmware em TVs com HDMI 2.0b.
Quick Frame Transport
Muda a forma como as imagens são transferidas da fonta para o ecrã. Os fotogramas são transportados a maior velocidade, reduzindo latências. Implementada por firmware em TVs HDMI 2.0b.
Auto Low Latency Mode
Tambem conhecido como Auto Game Mode, permite às TVs mudarem automáticamente para o modo de jogo de baixa latência, reconhecendo o uso dado à TV, e ajustando se jogarmos, se virmos um filme, ou se usarmos o Youtube. Implementado por firmware em Tvs com HDMI 2.0b .
Display Stream Compression.
Basicamente uma metodologia de compressão de imagem. Apenas usada em resoluções muito altas (a vermelho na tabela que se segue)!
O que se perde então com uma compra agora de uma TV 4K?
Perante esta realidade do suporte da maioria das características do HDMI 2.1 pelo HDMI 2.0, o que é perdido é na realidade pouco.
Mas no entanto não se iludam… há perda! Uma TV 4K estará limitada no que pode fazer, e cada um terá de ponderar por si se aquilo que perde é ou não justificação para esperar por um novo modelo.
Assim, para uma TV 4K comprada agora, eis aquilo que são perdas assumidas pela ausência do HDMI 2.1.
- HDMI eARC com suporte a audio não comprimido e DTS-True HD
- Suporte HFR ou High Frame Rate (4K a mais de 60 fps). – (Nota, na realidade isso pode ser alcançado, mas apenas com video no formato 4:2:0 e a 8 Bits. – Caso não saibam do que falamos, recomendamos a leitura deste artigo)
- 4K 60 fps a 10 bits (HDR) no formato 4:4:4, forçando obrigatoriamente ao modo 4:2:2 caso se pretenda manter o HDR.
Basicamente, e apesar de ainda estarem aqui pontos importantes, isto é tudo. No fundo é bastante menos do que aquilo que se poderia esperar quando escrevemos outros artigos onde não recomendávamos a compra, para já, de uma TV 4K. Mas entretanto, o suporte das restantes características do HDMI 2.1 no HDMI 2.0b, reduziram o fosso, tornando as diferenças entre uma Tv 4K e uma comprada no futuro, apenas estes 3 pontos.
Agora cada um terá de analisar por si. Se a qualidade de um Dolby Atmos ou outros Dolby actualmente suportados é suficiente, se ter mais de 60 fps (não confundir com Hz, pois actualmente as Tvs conseguem interpolar os 60 fps para 120, preenchendo os 120 hz nesta resolução) não é relevante (e diga-se que dificilmente existirão muitos jogos 120 fps, e menos ainda que não suportem igualmente 60 fps), e se não tens problema em jogar em 4:2:2 caso queiras manter o HDR ligado a 4K 60 fps (o impacto em jogos é considerado pelo Rtings como “menor”), então poderás pensar em adquirir desde já uma TV 4K. Terás é de garantir que ela tem todos estes suportes!
Convêm ainda ter em conta que o HDMI 2.1 era esperado este ano, não tendo isso acontecido, o que significa que o seu lançamento vai coincidir com o lançamento dos primeiros produtos que tiram partido dele, as futuras consolas. Isso quer dizer que o suporte a esta características como standard não deverá acontecer uma vez que o mercado que as suporta será super reduzido. Ainda por cima, numa TV 4K com suporte actualizado às novas características do HDMI 2.1, as diferenças de suporte serão reduzidas e não minimamente compensadoras de uma troca de TV.
Isto é algo que na altura do anuncio do HDMI 2.1 se desconhecia viesse a ser exactamente assim, mas perante esta realidade, aquilo que percebemos é que uma TV com este nível de suporte actualizado é já uma excelente compra.
Eis o suporte actual de resoluções, fotogramas e bits de cor, possíveis com o HDMI 2.0.