Google apresenta a sua plataforma de videojogos, a Stadia

É uma plataforma de Gaming por streaming, servida por um hardware poderoso e capaz de qualidade de próxima geração.

A Google acaba de anunciar a sua entrada no mercado dos videojogos. Entrará como uma plataforma de streaming, e concorrerá assim com todas as outras empresas que já anunciaram ou deram a entender que entrarão igualmente neste mercado.

As especificações do hardware que equipará os servidores são o ponto forte do serviço, e apesar de não serem exactamente aquilo que poderíamos chamar de topo, batem claramente as das actuais consolas, bem como as especificações do hardware que a Microsoft está a usar na sua Xcloud.

O serviço será apoiado em mais de 7500 localizações que a Google possui espalhadas pelo mundo, e que podemos ver na imagem que se segue:



A google refere ainda que o ser serviço será lançado com suporte 4K, 60fps, HDR e Som surround, mas que no futuro o serviço poderá ir aos 8K, e 120 fps (aqui não é claro se os dois em simultâneo, ou se apenas um ou o outro). O sistema operativo será o linux e o API o Vulkan, o que poderá ser uma benesse para a PS5 que usará igualmente este software.

A aposta da Google é claramente superior à da Microsoft que, de acordo com uma recente entrevista à Eurogamer, decidiu iniciar-se pelo suporte Android, pretendendo assim no início oferecer um suporte 1080p.

Ora naturalmente que a proposta da Google requer um hardware bem potente, bem mais potente do que o da Microsoft instalou na sua futura XCloud, e que usa nos seus servidores o mesmo hardware das suas consolas Xbox One S.

Vamos recapitular e analisar as especificações referidas pela Google:



CPU

  • Processador x86 alterado, a 2,7 Ghz, com Hyperthread e suporte AVX 2

A Google optou por não dizer quem é o fabricante do CPU que usará, sendo que há uma série de especulações sobre o mesmo.

Durante a apresentação, numa das legendas de tradução chegou mesmo a aparecer o termo “CPU Intel”, mas no entanto, esse termo não foi nunca usado no palco pela Google. A dúvida fica no entanto por dois outros motivos, o facto de a Google ter apenas referido a AMD como parceira no seu GPU (o que pode ter sido um lapso), bem como pelo uso no slide de cima do termo Hyperthread, uma tecnologia Intel (o equivalente do Hyperthread na AMD denomina-se SMT).

O suporte AVX2 não ajuda a esclarecer qual o CPU pois tanto os CPUs AMD como Intel recentes já o suportam.

Há no entanto tambem um conjunto de factores que parecem apontar para o CPU ser AMD, e da nossa parte estamos mais inclinados a acreditar nessa hipótese, quanto mais não seja por uma questão de coerência.

O primeiro factor prende-se com a indicação do AVX2. A tecnologia AVX, neste caso na versão 2, é uma aceleração vectorial de grande interesse para os videojogos. Mas o AVX é acima de tudo interessante pelo suporte AVX 512, uma tecnologia que já falamos aqui, e que a AMD não suporta directamente, mas a Intel sim. Nesse sentido, caso o CPU fosse Intel faria mais sentido falar em AVX 512 do que verdadeiramente do AVX 2.



Outro factor prende-se com a lista de parceiros que a Google apresentou num seu slide, e onde, como podem ver, a Intel não está presente.

Aqui poderíamos especular que o CPU usado não é muito referido por ele não fazer parte do hardware de cada rack. Eventualmente a Google poderá estar a usar algo como um ou dois CPUs Epyc que servem conjuntos de GPUs nas Racks. Tal situação permitiria a execução de várias instanciar de jogos em simultâneo, mas igualmente a partilha de mais GPU para um único jogo, explicando assim os 8K 120 fps.

A cache usada parece apontar o uso de CPUs Epyc 24 cores, 48 Threads, com 8 instâncias de 3 núcleos, 6 Threads cada.

Mas esta parte é especulação da nossa parte!



GPU

Para o GPU várias fontes afirmam que a Google optou por um GPU Vega devidamente alterado, com 56 CUs, capaz de debitar algo como 10,7 Tflops. Isto implica uma frequência de relógio perto dos 1495 Mhz, ou seja, mais elevada que a usada nos GPUs Vega da AMD.

É uma performance ao nível do esperado numa nova geração, mas que poderá ter ficado aquém do possível pelo uso da arquitectura Vega.

O motivo pelo qual a Navi não foi a arquitectura escolhida é uma questão que fica no ar. Teria sido porque a Google precisava de entregas da AMD para ir criando servidores, ou por outro motivo qualquer? Seria interessante saber-se uma resposta a esta pergunta.

Perante as expectativas para o hardware das consolas Xbox Next e PS4, este GPU não é exactamente estrondoso. Será, na pior das hipóteses, semelhante ao usado por essas consolas.

Memória:

A Google anunciou uma memória total de 16 GB de memória HBM 2.



A escolha do HBM 2, apesar de poder ter sido por uma questão energética, parece confirmar que o GPU será efectivamente Vega. Apesar da benesse energética da HBM2, o seu custo só justifica perante uma necessidade, e sendo que a Vega foi construída em torno da HBM2, a sua escolha tornar-se-ia uma necessidade.

Onde se percebe claramente que a HBM2 não parece ter sido uma escolha, mas uma necessidade é na largura de banda anunciada de 484 GB/s, um número que é apenas 160 GB/s superior ao apresentado pela Xbox One X, e que poderá revelar-se extremamente limitativo com resoluções 8K e mais ainda se estas pretenderem atingir os 120 fps. Este é aliás mais um motivo que nos leva a acreditar na possibilidade de CPUs Epyc que gerem mais do que um GPU pois somente os recursos de 2 GPUs se pode garantir a largura de banda para essas resoluções fps.

16 GB poderá não soar exactamente a muito, especialmente para 8K, mas convenhamos que aqui não existirão outros recursos a correr, e caso haja partilha de conteúdo de racks, estes 16 GB podem aumentar em pedaços de outros 16 GB.

Preço, disponibilidade e jogos

A apresentação da Google pode ter impressionado pelas especificações face ao que é o hardware das actuais consolas e PCs. Mas pecou de forma quase fatal por não ter abordado aquilo que é realmente importante. Os jogos!

A Google aqui dá um tiro no pé, fazendo lembrar a Microsoft de 2013 com a sua apresentação da Xbox One, a consola que domina a TV, e negligenciando os jogos.



Mas a realidade foi essa. A Google apresentou o seu serviço de jogos, falou de resoluções de hardware, mas de jogos… nada!

Não indicou o preço do serviço, não indicou quando estará disponível, e nem que jogos poderá vir a ter, e com que exclusivos poderemos contar. NADA! ABSOLUTAMENTE NADA!

Basicamente, consideramos que estas falhas são demasiadamente graves. Um serviço de jogos ou é para os jogadores e se preocupa com os jogadores, mostrando o que estes podem esperar, quando podem esperar, os jogos que podem jogar e o preço que vão pagar, ou então são mero show off, uma mostra de uma forma de se tentar ganhar dinheiro aos investidores, com especificações, mas nada de palpável.

E isso foi o que foi visto foram algumas provas de conceito, mas nada mais…

E para já ficamos por aqui. Falaremos mais sobre o Stadia noutras ocasiões.





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