Assolado por uma multitude de problemas técnicos, os últimos vídeos que tem vindo a ser revelados mostram uma grande disparidade na física e número de partículas animadas face ao previamente mostrado. No entanto isso entra em contradição com outros vídeos igualmente recentes que se mostram muito semelhantes ao anunciado. Será que houve ou não downgrade?
Estavamos em 2013, e parante o lançamento de vários jogos a 1080p na PS4 que se ficavam pelos 720p na XBox, a Microsoft prometia a Cloud como sendo o elemento diferenciador entre a sua consola e a da Sony, garantindo que com a Cloud a sua consola ver-se-ia acrescida do poder de processamento de 32 consolas Xbox 360, tornando-a assim a consola mais potente do mercado.
Muitos websites, incluindo este, rapidamente alertaram para o facto que esta promessa não passar de mero marketing, uma vez que, em 2013, não estavam reunidas as condições para que tal acontecesse, e como tal, a realidade prometida, estava muito distante e dificilmente seria uma realidade nesta geração! Aliás, diga-se que, mesmo em 2019, e apesar do aumento radical das infraestruturas mundiais de internet ao longo destes anos, implementar o prometido em 2013 não seria exactamente algo simples.
A realidade é que os anos passaram e a ideia da Cloud como elemento potenciador de performances foi-se desvanecendo. A Microsoft entretanto foi transformando o conceito de algo capaz de aumentar a performance da Xbox para algo mais simples como servidores dedicados e capazes de pequenas brincadeiras de armazenamento e processamento ligeiro na cloud. Mas o conceito inicial de uma performance de 32 consolas Xbox 360, ou 6 vezes a Xbox One, esse foi ficando para trás!
Em 2019 não haverá já ninguém que acredite no fantástico poder da cloud que mudará a performance da sua Xbox, até porque a geração está a acabar há apenas um jogo em desenvolvimento que usará a Cloud em algo semelhante ao prometido.
Nesse aspecto, a réstia de esperança de vermos uma amostra do prometido fica-se no pelo jogo Crackdown 3, o único que ainda promete usar o poder da Cloud. E apesar de não o fazer em todas as vertentes do prometido, este foi sendo garantido como apresentando uma física sem paralelo e como nunca antes vista.
Por esse motivo, esperamos sinceramente que Crackdown 3 não decepcione e possa efectivamente apresentar uma boa amostra do que a Cloud pode fazer! Mesmo sendo apenas uma prova de conceito, está aqui em causa uma promessa em que se basearam muitas vendas nesta geração!
Mas a realidade é que problemas técnicos tem vindo a adiar o jogo de forma consecutiva! Como esperado os problemas com a infra-estrutura mundial são complexos pelo que as dúvidas sobre aquilo que serão as reais performances e capacidades deste jogo são legítimas e aparecem.
Agora, todos estes anos depois, os primeiros vídeos do jogo final começam a aparecer. E aquilo que se vê em alguns deles é um jogo que, pelo menos aparentemente, difere bastante do conceito que ficou no ar em 2015.
Eis o trailer apresentado em 2015, e o trailer mais recente de apresentação do jogo.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=23&v=1EabmcTVL2k
Para além de claras alterações no estilo gráfico derivadas de tanto tempo em desenvolvimento, a grande diferença que chama a atenção parece estar no nível de destruição que o jogo apresenta!
Para que não fiquem dúvidas quanto ás diferenças, eis um video do jogo multi mostrado recentemente e onde deveriamos ver exactamente o mesmo que vemos no trailer de cima de 2015.
Para simplificação, eis uma imagens animadas (podem demorar a carregar) que mostram a escala da destruição prometida em 2015 e o que podemos ver nesses vídeos de 2019.
2015
2019
O primeiro dos GIFs animados (extractos do video de cima) mostra um pormenor curioso que deita por terra todo o conceito de uma física minimamente realista. Repare-se como a estátua gigante, cujo contorno da estrutura original aparece a amarelo, já só está apoiada sobre uma perna! Durante o combate o pé que sustenta o que resta da estátua é destruído, mas curiosamente, a perna, mesmo não tendo qualquer outro apoio, não cai!
Note-se igualmente que uma das pedras sobrante da destruição do pé basicamente se “evapora” de forma a limpar o cenário, em vez de, tal como nas imagem de 2015 (segundo gif animado), ficarem como destroços no chão.
O segundo GIF mostra-nos como a escala da destruição está bem diferente daquilo que vemos no vídeo de 2015. As capacidades de destruição mostradas na E3 2015 foram claramente cortadas e o que se consegue ver nos videos de 2019 não é nada de impressionante e certamente não aparenta ser nada que o GPU não pudesse fazer só por si. Repare-se que, ao contrário do visualizado em 2015 as balas são basicamente inócuas no cenário, e apesar de os tiros na parede gerarem uma explosão relativamente significativa, não há consequências destrutivas ou sequer qualquer marcas. Para um jogo que se promoveu por uma fisica sem paralelo e equivalente à processada por mais de 5 consolas XBox One ou 32 consolas Xbox 360 é sem dúvida decepcionante.
Mas será que realmente o que ali é mostrado é o que vai ser colocado à venda?
Essa questão é coerente, e pensou-se que poderia ser respondida com o aparecimento da fase de testes mais aberta para insiders Xbox da denominada Wrecking Zone. Mas infelizmente as primeiras reacções pareciam confirmar o downgrade, para além de um desagrado grande por várias componentes do jogo:
Eis algumas que fazem referência à destruição:
Meh. Where’s the destruction? Been playing 5 minutes and not seen a single bit of destruction.
Edit: ok so glass smashing but not much else
–
Yeah, second game I tried had destruction, not sure why it wasn’t working in the first game I played. Maybe they’d forgotten to turn it on in the Azure shed.
I still think it’s shit though 🙂
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Alright, my first impressions after one match:
– Game looks better than expected
– Gameplay is fun, but a bit chaotic (wonder how long it’ll stay fun)
– Destruction is not as impressive as I’ve hoped
– Lagspikes are quite annoying during the test, which screws up your camera or something. It’s weird.
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The destruction is very cool technology. Most importantly, it actually works. All of the debris is interactable and part of the structure.
It is a little disappointing that all of the buildings have indestructible frames, so no toppling over afaik. Although, destroying bridges and watching them fall apart is really satisfying.
I found a lot of applications of the destruction in my first game, alone; whether that be shooting enemies through walls or breaking down my own doors through buildings.
First impression of the gameplay is pretty unremarkable, but I’m going to play a couple more rounds.
Edit: Just toppled over a building, that was amazing.
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Played one game.
It’s like an old fashioned tacked on Multi.
It looks better than I thought.
Feels like Crackdown
Frame rate / pacing was BAD
Destruction is way toned down
Seems really basicHas me looking forward to play the single player tho.
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alright so i think i played enough for my impressions:
1) destruction is pretty disappointing, but i saw this coming with recent footage.
2) the map itself was actually kind of cool.
3) lag was pretty bad.
4) i think the goal of the game gets too much in the “lets kill each other” part instead of the environmental destruction, i basically wasted my first match in trying out the destruction but the other players didnt really care much for the destruction and would rather just continue the killing game, like obviously you are supposed to kill the enemy team but i think they should have changed it a little more than “find orbs on the map” in order to encourage destroying the map.
5) screw this lock on, it is really, really bad.
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It has some terrible framepacing issues, the destruction doesn’t look particularly incredible despite mechanically being very fun, the HDR is terrible, the controls are pretty bizarre, the lock-on stuff is terrible and makes it incredibly easy to kill people across the map, the UI feels like it’s straight out of 2006, the weapon/class system seems incredibly limited and the audio/soundtrack seems very generic and cheap which, frankly, are two words that seem fitting for the experience as a whole.
I was one of the biggest supporters of this game throughout the years and I’m definitley having SOME fun purely because of the fist smash move and the destruction but it’s abudently clear to me that this is just an outright mess and probably should have met the same fate as Scalebound if the final package winds up being on the same level of quality as this.
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Without question a truly awful experience.
Destruction is paired back from initial footage, the menus are literally from 2006, lag spikes are game breaking, lock on aiming is disgusting and the auto pistol is more powerful than the rocket launcher.
Couple of plus points, the visuals are nice @4k/60fps and the jumping mechanics are good.
Genuinely love the clean visuals, great artstyle.
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Likes
• The lock on is ok, I dread to think of what itd be like without it.
•The hiding behind buildings is kinda fun avoiding lock ons and crap.
•Music is fitting
•Jumping and dashing around is funBit meh
• Guns don’t have a satisfying kick
•Feels really laggy at times
•Destruction is a bit flimsy
•I REALLY hope that isn’t the only mp mode, if it is I can’t see myself playing it longer than an hour.
De se referir que nada disto quer dizer que a física não está lá. Mas infelizmente estas opiniões associadas ao que vemos em alguns vídeos, parecem comprovar a ideia de que face ao mostrado em 2015, ela foi cortada. No entanto cortada não significa removida, e a física está lá, e perfeitamente funcional.
Agora o mais curioso é que, avançado no thread começamos a ver mais reacções positivas à física, e acompanhadas de amostras semelhantes ao esperado pelo visualizado em 2015. Eis um exemplo:
Ça fonctionne plutôt bien cette destruction 😎 #Crackdown3 pic.twitter.com/sQImKuuqWP
— Red Harlow (@NilOggier) February 7, 2019
Perante isto não podemos deixar de considerar que a existência desta Beta poderá servir exactamente para se afinar a física, e que esta está a ser subida aos pedaços para ver como se comportam os sistemas os servidores. Curiosamente os últimos posts parecem mostrar mais pessoas entusiasmadas com o que veem e a postar exemplos que, mesmo que possam estar inferiores a 2015, consideramos mesmo assim impressionantes.
Eis exemplos:
E um dos vídeos mais recentes.
E um tweet recente igualmente impressionante:
Captured from #XboxOneX
Now do you believe in The Cloud? #Crackdown3 pic.twitter.com/umeqb7XsiD
— Snoopy (@SnoopyG7) February 8, 2019
Conclusões
Apesar de os comentários anteriores mostrarem agrado/desagrado face a muitas componentes do jogo, a que nos preocupa mais aqui é mesmo o saber se o jogo cumpre ou não com o prometido a nível de física da Cloud.
E a resposta não é fácil de ser dada de forma peremptória. Há quem refira claros cortes, e videos que mostram claros cortes, mas há quem se diga impressionando e mostre vídeos impressionantes. Perante estas contradições, há que se dar o beneficio da dúvida ao jogo. Há aqui situações nos vários vídeos que não batem certo e mostram realidades diferentes pelo que teremos mesmo de aguardar pelo lançamento do jogo, ou pelo menos as análises que devem começar a aparecer já hoje.
Há porém certas situações que vemos desde já serem diferentes, nomeadamente a destruição de edificios que não permite a queda de edificios como visualizado em 2015, ficando-se pelo que vemos em baixo, devido à presença de uma estrutura indestrutivel.
Diga-se no entanto, que apesar de aceitarmos que no mundo real os resultados possam ser algo inferiores ao mostrado em 2015 num ambiente controlado, o visualizado nos primeiros vídeos era deveras insuficiente. Custava mesma a acreditar que o jogo fosse lançado se tudo o que a Cloud podia mostrar era aquilo. Seria uma publicidade terrível.
Como referido, as primeiras reviews de Crackdown 3 devem começar a aparecer durante o dia de hoje, pelo que esta questão não deverá ficar no ar por muito tempo.
Teremos de esperar para ver, mas na parte que nos toca, perante os últimos vídeos, aquilo que nos quer parecer é que, apesar de ter demorado, Crackdown vai cumprir com algo perto do prometido. Se teve cortes face ao mostrado em 2015, pelo menos em alguns casos consegue apresentar algo que se não é igual, é pelo menos similar, e acima de tudo, mantém-se impressionante.
Nota final
Como sabem não somos defensores de iniciar artigos de possíveis downgrade em jogos exclusivos de consolas uma vez que tal nem sempre se confirma e acaba por ser um ponto de discussão na chamada guerra de consolas que não pretendemos alimentar.
Sendo assim, porque motivo escrevemos sobre crackdown 3?
O motivo do artigo acaba por se prender com várias razões:
– A primeira é que o downgrade não é, de forma alguma, confirmado! E a ter existido, tal não se deveria nunca a limitações técnicas da consola, mas sim a limitações na infraestrutura mundial de internet que afectam a globalidade dos jogadores e não apenas os possuidores da consola Xbox que terá este jogo em exclusivo. Nesse sentido, apesar que outras situações poderiam criar performances diferentes em diferentes sistemas, essas limitações específicas de rede afectariam da mesma forma qualquer consola, independentemente da potencia,especificações, marca, ou equipe de desenvolvimento.
– Para além disso, o post surge no seguimento de outros artigos que vem sendo escritos desde 2013, e que alertavam para a grande dificuldade na implementação do anunciado pela Microsoft. Tecnicamente o desejado é e sempre foi teoricamente possível, mas a grande dificuldade sempre passou pela integração dos dados processados remotamente em tempo útil e perante situações de mundo real, nos nossos sistemas. Daí que ver a forma como este jogo, que implementa tecnologia pioneira, se desenvolve e que resultados consegue apresentar é algo do interesse de todos e não apenas de alguns. Esta é uma tecnologia que interessa aos videojogos em geral e não apenas a um jogo ou a uma consola, daí que o seu sucesso será algo que certamente todos desejarão.
– Aqui, da nossa parte, não pretendemos criticar o jogo, mas apenas dar a conhecer a realidade do mesmo. Este é pioneiro e louvável no uso da sua tecnologia. As criticas essas foram já feitas em 2013 quando se apresentou um projecto que, para essa data, era utópico. Mesmo o mostrado nesse aspecto em 2015 levantou várias dúvidas sobre a sua capacidade de implementação numa rede real e fora do ambiente controlado da rede interna apresentada, tendo sido levantadas questões sobre a sua viabilidade. Mas entretanto passaram-se 4 anos e a tecnologia evoluiu, daí que há que se ver o que realmente foi conseguido.
– Pelos pontos de cima, esta artigo acaba por se revelar um artigo de acompanhamento a uma questão que paira no ar desde 2013, e que se prende com a real capacidade de ser implementada computação cloud em grande escala num videojogo, motivo pelo qual é do interesse de todos ver o que este jogo consegue apresentar. Resultados reais e finais só saberemos perante o lançamento do jogo, mas neste momento vários websites estão a abordar este assunto pelo facto de o mesmo se mostrar relevante não só para este jogo e esta consola, mas para os videojogos em geral.