Fim da neutralidade da Internet pode afectar-nos a todos de forma inimagináveis

Em certos casos, o fim da neutralidade na internet pode fazer-nos recuar anos e anos.

Antes do mais, o que é a neutralidade da Internet?

Trata-se de um acordo assinado por Barrack Obama e aderido em todo o mundo que obriga a que todas as informações que circulam na rede sejam tratadas da mesma forma, e com a mesma velocidade.

É basicamente o princípio que garante o livre acesso a qualquer tipo de informação na rede, um conceito que esteve na base dos princípios da criação da internet

Infelizmente, por motivos diversos que a serem explicados requeriam um artigo completo, as larguras de banda e tráfego dos ISPs estão a ser abusadas pelos utilizadores com alguns tipos de ligações e práticas usadas que tem vindo a criar junto destes práticas de defesa dos seus interesses, como os limites de tráfego ou o “traffic shaping”.



A realidade é que é a neutralidade da internet que permite muito do que temos e tomamos como garantido hoje em dia, mas isso pode vir a acabar pois a Federal Communications Commission planeia votar alterações a esta lei e que caso venham a ser aprovadas medidas que protejam os ISPs prejudicando o cliente, rapidamente serão assumidas mundialmente por questões economicistas.

Querem exemplos?

Usas o Twitter ou o Facebook? Terás de pagar para o pacote de redes sociais.

Vês filmes no Netflix ou Youtube?  Só terás de acrescentar o pacote de streaming.

Jogas jogos? Boas notícias… poderás pagar pelo pacote que te permite ligações com melhor qualidade para te garantir boa experiência de jogo.

O problema de tudo isto é que não só tal irá causar mossa nas nossas carteiras, como poderá mesmo afastar muita gente de serviços online. E a maior parte dos Gamers, aqueles que acham que 70 euros por um jogo já é um preço pesado, certamente não irão achar grande piada a ter de pagar mais para poderem igualar a qualidade de jogo dos outros. Note-se que a qualidade de ligações nos videojogos é apenas um exemplo. Há mil e uma formas de se monetizar o uso da internet nos videojogos, como por exemplo obrigar a pagar dados extra para se poder fazer o tráfego de largos Gigas mensais que as consolas requerem para manter os jogos atualizados. E com jogos a ocuparem 50 a 70 GB e os 4K no horizonte, isto seria ouro sobre azul para as receitas dos ISPs.



Algo que sofreria igualmente com o pagamento de pacotes extra para grandes quantidades de dados seriam as vendas online. Se 2m 2009 apenas 20% dos jogos comprados eram digitais, atualmente 74% deles são digitais (notem que isto não representa a percentagem de vendas de um jogo no digital face ao físico, mas sim as percentagens vendas digitais globais de jogos face às físicas, isto incluindo jogos apenas digitais e jogos vendidos em aparelhos móveis, ou seja, muito, mas mesmo muita coisa mesmo que não é vendida fisicamente)

Mas dentro do pacote de qualidade de ligações para videojogos estarão ali indissociavelmente ligados os jogos maioritariamente online como os MMORPG, FPS e jogos de desporto. Certamente por aqui os ISPs poderiam também inventar formas de cobrar mais para garantir a qualidade da ligação.
Basicamente isto quer dizer que a discussão que vai haver é do interesse de todos e que todos deveremos estar atentos a isto. O que dali pode sair é imprevisível, e caso os ISPs possam vir a ter a liberdade de cobrar como e quando querem, de impor regras de velocidade, limites de tráfego, etc, cobrando mais para obtermos o que temos agora, poderemos vir a regredir no tempo para os tempos dos primórdios da internet.


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