INTRODUÇÃO
Para quem nos acompanha já à alguns anos, sabe que sempre gostei de modelação 3D. E apesar de nunca me ter metido em projectos, brinco muito com programas 3D.
O Autocad é, devido à minha profissão (Engenharia), o programa que mais uso, e onde, apesar de maior parte do trabalho ser 2D, normalmente mais modelo a 3D. No entanto é reconheço que o Autocad é extremamente limitado no tocante às capacidades de criação 3D, daí que apesar de lhe reconhecer capacidades não o uso para trabalhos mais complexos.
Dessa forma, o Autocad fica reservado para pequenas brincadeiras, apesar de ter sido a minha ferramenta de eleição para a concepção e desenho do mobiliário aqui de casa, como a mesa de apoio que se segue.
Com esse gosto por esta ferramenta, em 2005 decidi desafiar-me a mim mesmo, e ver até que ponto conseguiria modelar um carro a 3D usando o Autocad. O modelo seria um Rover 75 (o meu carro),
Infelizmente, cedo me apercebi que estava a usar a ferramenta errada. O Mesh 3D do autocad é extremamente limitado, e após ter concebido as rodas, jantes e o para choques traseiro, imediatamente resolvi desistir e passar para um outro programa mais dedicado a este tipo de tarefas, o 3D Studio.
Infelizmente para mim, os meus conhecimentos de 3D Studio eram muito poucos, e o programa foi uma completa novidade para mim. No entanto, após alguma insistência, o resultado final da modelação foi este:
Uma boa dezena de texturas foi utilizada, baseadas em fotos tiradas aos pormenores reais do carro, sendo que o carro foi modelado quer no seu interior, quer no exterior, e os renders finais mostram o resultado obtido:
Apesar de a modelação estar bastante longe da qualidade obtida por profissionais, a verdade é que eu não faço desenho 3D profissionalmente, sendo este trabalho apenas o resultado de um desafio colocado a mim mesmo e desenvolvido num programa sobre o qual não tinha qualquer experiência.
A imagem de cima é o poster criado por mim, e que ainda se encontra na parede no meu escritório, com a foto do carro real e alguns ângulos de câmara do modelo realizado.
BLENDER
Recentemente, mostrei a modelação do Rover a um colega arquitecto, que possui igualmente o gostinho pelo 3D. Foi nessa altura que ele me falou do Blender, um software de modelação 3D gratuito, e com capacidades comprovadas na execução de vários filmes de animação.
Daí que, dada a curiosidade sobre o que conseguiria fazer com esse programa ele me tenha colocado o desafio: Consegues modelar com este?
Pois bem… O Blender não é fácil para quem nunca trabalhou com ele, mas a verdade é que tive direito a uma horinha de tutorial por parte desse colega que me explicou as funções básicas do programa e o seu método de funcionamento.
A partir daí estava por minha conta. O projecto iniciou-se a 1 de Abril deste ano, tendo sido escolhido um Mini Cooper como o carro a ser modelado.
No Dia 2 de Abril o resultado era o seguinte:
Basicamente apenas tinha sido modelada uma roda muito básica e uma jante igualmente básica. O guarda lamas estava feito, bem como a primeira versão do capot, que se viria a revelar problemático.
Dia 3 de Abril
– Iniciei-me a brincar com os reflexos para criar a primeira versão dos plásticos para os faróis e farolins.
Dia 5 de Abril
– Novos pneus e novas jantes mais realistas
– Capot revisto (mais uma vez)
– Finalização do pára-choques frontal
– Placa de matricula com simbolo da Mini.
Dia 13 de Abril
– Acerto da curvatura dos guarda-lamas
– Acertos gerais, mas em particular no topo do capot
– Modelação da estrutura de suporte do vidro frontal e da parte lateral inferior
– Colocação da borracha do vidro
– Colocação dos limpa vidros.
– Ajuste da transparência dos faróis com a colocação de uma lâmpada no interior.
– Colocação do símbolo do Mini no capot e dos retrovisores (que entretanto modelei à parte)
– Ajustes gerais na iluminação ambiente.
Dia 14 de Abril
– Colocação do vidro frontal
– Acerto dos limpa vidros face à curvatura dos vidros
– Colocação dos cromados na zona das borrachas
Dia 17 de Abril (começa a ser notório que me sinto mais à vontade com o programa pois modelo mais depressa)
– Acertos na zona das borrachas e do vidro central
– Fecho do fundo do carro
– Alteração da carroceria para reflectir o eixo central
– Colocação dos estofos em couro (que foram sendo modelados à parte)
– Colocação da caixa de velocidades
– Colocação dos “mija-mija”
– Alteração do nível de reflectividade dos piscas frontais
Dia 20 de Abril
– Fecho da zona frontal e do tablier
– Execução da plataforma do tablier
– Execução do volante
– Colocação dos pedais
– Colocação do travavão de mão
– Colocação do retrovisor
– Acertos na curvatura do vidro frontal
– Pequeno acerto nos retrovisores laterais que estavam no ar
– Remoção da alteração do nível de reflectividade dos piscas frontais (o efeito não era para melhor)
Dia 21 de Abril
– Modelação e colocação do “conta voltinhas” e outros manometros
– Fecho da chapa frontal sobre o vidro e modelação das barras superiores
– Modelação do painel da porta lateral
– Modelação das borrachas da porta
– Modelação das dobradiças da porta
Dia 22 de Abril
– Modelação da janela lateral frontal
– Modelação do tejadilho do carro.
Dia 23 de Abril
– Correcções diversas ao tejadinho que mostra agora a calha lateral
– Modelação do fecho da porta
– Modelação do painel lateral traseiro.
Dia 25 de Abril
– O painel lateral traseiro foi todo refeito pois não estava a acompanhar as curvaturas do carro e não criava o efeito guarda-lamas existente sobre a roda traseira.
Infelizmente, questões profissionais ocuparam o meu tempo em demasia a partir do dia 26 de Abril, pelo que o projecto foi temporariamente interrompido. A questão é que, apesar de ser retomado, deixei de anotar as alterações que foram sendo feitas em cada uma das intervenções, bem como a fazer os habituais captures de ecrã com o progresso diário.
Desta forma, deixo aqui o único capture existente entretanto, com a traseira do carro já toda ela modelada.
Infelizmente nunca mais tive nem pachorra nem disponibilidade para dar os retoques finais que o modelo merecia, pelo que este ficou tal como se encontrava.
Independentemente de tal, a verdade é que o Blender me ficou como um dos grandes programas de modelação com que trabalhei, tendo gostado mais da experiência com ele do que a do 3D Studio.
Aliás, explorei entretanto algumas capacidades a nível de nurbs e splines do Blender, pelo que, caso um dia decida fazer um novo modelo, ele será realizado dessa forma, podendo assim obter resultados muito mais realistas do que pela simples modelação de poligonos.
Mas e que tal? Gostava de uma opinião, pois apesar de ter consciência que os modelos estão longe da perfeição, a realidade é que, como disse, eles foram apenas realizados por brincadeira.
Aguardam-se comentários.