É cada vez mais difícil acreditar nas informações dadas pelos programadores. Porque na realidade o que se tem verificado é uma grande tendência para o engano.
Assassins Creed Unity foi o primeiro grande caso. As afirmações da Ubisoft ao longo dos tempos eram claras em indicar que a empresa apontava para os 1080p 60 fps em ambas as consolas de nova geração.
No entanto, o que saiu foi um jogo a 900p, e sub 30 fps. Uma decepção e que certamente deixou mal vistos os programadores da equipa.
Agora o novo caso dá-se com Battlefield Hardline um jogo que está a ser trabalhado pela Visceral Games.
Em Junho de 2014 a Videogamer anunciava uma citação vinda da conferência de imprensa da EA na E3, e em que afirmava que o jogo correria a 1080p 60 fps na Playstation 4.
A citação partiu de Adam Boyes, Vice Presidente de publicações e relações com criadores da Sony quando da sua participação da conferência de imprensa da Electronic Arts na E3 e onde referiu que os possuidores da Playstation 4 poderiam jogar o jogo a 1080p 60 fps. Note-se que esta não era uma conferência da Sony, mas sim da EA, onde Adam Boyes estava apenas como convidado, e a fornecer a informação que lhe tinha sido passada pela EA.
A prova de que o engano partiu da EA está no artigo da GamingBolt realizado pouco depois onde Iam Milham, Director Criativo do jogo, foi confrontando com a afirmação do jogo correr a 1080p 60 fps na PS4, não a desmentindo. E quando questionado sobre se tal aconteceria igualmente com a versão Xbox, este referiu apenas o seguinte: “Se olharem para os jogos que a Visceral Games fez até hoje, sempre procuramos a paridade entre as plataformas“
Ou seja Ian Milham não só não desmente, como ainda dá a ideia de que a equipa aponta para igual resolução na Xbox One.
Curiosamente o Gaming Bolt, num outro artigo sobre a mesma entrevista revela que insistiu claramente sobre o assunto.
Na sua questão, a Gaming Bolt referia que os 32 MB da ESRAM se tem revelado reduzidos para os 1080p, na Xbox One, questionando se a equipa teve algum problema com esta memória.
Ian Milham pode ter fugido à questão, respondendo só à parte dos problemas, mas a sua resposta foi “Não, absolutamente não. Todo o nosso desenvolvimento na Xbox One tem vindo a correr muito bem e o jogo está visualmente muito bom na plataforma“
Naturalmente que esta resposta, associada às afirmações anteriores, à intenção de pariedade, à falta de desmentidos, e à totalidade da questão, levou a que alguns websites anunciassem que o jogo estaria igualmente a 1080p na Xbox One.
Ora dado que a questão era clara, não é de censurar que a interpretação tenha sido essa. E se Milham nas várias vezes que foi interpelado fugiu à questão, então fê-lo de forma consciente e para esconder a realidade.
Mas eis que a Beta para a PS4 é lançada. E o jogo não só está visualmente abaixo do conseguido por Battlefield 4 como, tal como nesse jogo, continua a correr a 900p 60 fps.
Mais recentemente a versão Beta da Xbox One é lançada… e surpresa… Está a 720p 60 fps.
Para piorar a situação a Visceral vem confirmar que os gráficos não sofrerão grandes alterações para a versão final:
Mas o pior ainda estava para vir. As últimas notícias apontam que as resoluções da Beta serão as finais, e que a PS4 se manterá nos 900p e a Xbox One nos 720p.
A notícia surge pela Games.on.net que afirma que um relações públicas da EA lhes terá afirmado que a Visceral aponta para as mesmas resoluções usadas em Battlefield 4, ou seja as usadas na Beta.
A situação não deixa de ser intrigante. Entre o lançamento de BF4 e a data de lançamento de Hardline medeia mais de um ano. O que foi feito nesse período pela Visceral? Mapas?
Mais curioso ainda é a situação da Xbox One. Se na PS4 durante este ano não soubemos de novidades introduzidas nos SDK, na Xbox One soubemos. E desde o seu lançamento a consola revelou novas tecnologias, e mesmo hardware até então não acessíveis aos programadores. Entre essas novidades temos a Mono driver, com o seu API com extensões DirectX 12 e a optimização confirmada pela Microsoft de até 45% no uso da Esram. Outras novidades desde o lançamento incluem a libertação de 10% de reserva de potência do Kinect e a libertação de um sétimo núcleo de CPU. Mas para este jogo tudo isso parece revelar-se irrelevante
O certo é que a informação na internet é grande. Mas a maior parte é deturpada Por vezes de forma intencional, outras por sem qualquer intenção. Mas mesmo assim, deturpada!
As novas consolas tem sido uma decepção em muitos sentidos. E a potência bruta das mesmas é uma delas! Não deixam de ser bons sistemas, que valem pelos seus exclusivos e dedicação, mas mesmo assim, ao contrário da geração anterior, partem com graves lacunas de performance face à realidade do hardware actual. E isso é pena, especialmente numa altura onde o mercado revela uma aceitação para as consolas que já não se via desde os tempos da Playstation 2.
Acima de tudo torna-se necessário abandonar a anterior geração, e criar modelos de programação que tirem partido daquilo que é o ponto forte da actual geração, o GPGPU. Sem ele, teremos sempre problemas do género!